quarta-feira, 25 de maio de 2016

Alfeizerão “ilustrada” – quatro passagens extraídas da obra do cronista frei Manuel dos Santos (1672-1740)

Frei Manuel DOS SANTOS, Alcobaça illustradaNoticias e Historia dos Mosteyros et monges insignes Cistercienses da Congregaçam de santa Maria de Alcobaça da Ordem de S. Bernardo nestes Reynos de Portugal et Algarves, Primeira Parte, impresso na Oficina de Bento Seco Ferreira, Coimbra, 1710.

     (As passagens transcritas da obra foram modernizadas, e destacamos pontualmente alguma frase em negrito).


     (…) quando é necessário algum conserto de caminhos para serviço a pessoas reais ou para se conduzir a fazenda D'El Rei para os nossos portos, costumam vir os avisos pela secretaria de Estado ao D. Abade e não às Câmaras ou Concelhos das vilas, para que o mesmo D. Abade mande aos seus povos e que lhe ordene que consertem os caminhos onde for necessário. Há no Cartório muitas cartas da secretaria de Estado a este intento; ponho a seguinte do secretário Mendo de Foios Pereira, diz assim:
     Para se conduzirem as madeiras para o navio que Sua Majestade que Deus guarde manda fazer em S. Martinho, é necessário que Vossa Reverendíssima [V. Rma.] ordene às Câmaras de Açfeizerão e Pederneira que mandem consertar logo os caminhos de sorte que se tire toda a dificuldade que há em se carrear a dita madeira; é Sua Majestade servido que Vossa Reverendíssima mande fazer esta diligência com toda a brevidade. Deus guarde a pessoa de V. Rma., Lisboa, 21 de dezembro de 1699. Mendo de Foios Pereira.
     Por este mesmo teor quando passou pelo Real Mosteiro de Alcobaça a Senhora Infanta D. Catarina, rainha de Inglaterra, e El Rei católico Carlos III, também vieram os avisos ao D. Abade, e foi ele quem distribuiu as ordens pelos seus Concelhos.
(Alcobaça Illustrada...pp. 262-263)


     É conforme boa razão que este zelo dos monges de Alcobaça seria bem recebido D'El Rei e louvado de todos no Reino, porque dado que não nos ficou lembrança individual do que se passou no caso, pelas grandes mercês que El Rei Dom Afonso terceiro fez ao Mosteiro, se entende que foram muito do seu agrado todas as nossas acções. Quando já pela retirada para Castela do Rei D. Sancho segundo, se desvaneceram em Portugal algumas esperanças que houve dele prevalecer contra a parcialidade do seu irmão, ultimamente abraçaram os monges de Alcobaça as partes do mesmo D. Afonso III: a guerra era civil e ainda foi porfiada depois de ausente El Rei D. Sancho, razão porque ainda houve algumas ocasiões em que os monges assistiram a El Rei com mantimentos, com dinheiro e com a soldadesca paga que puderam tirar das suas terras; faz menção a Monarquia a este intento de um importante socorro que foi de Alcobaça para o exército real estando de cerco sobre a vila de Óbidos, e no Cartório do Mosteiro ainda se conservam algumas cartas Del rei D. Afonso III, pelas quais ele com primor real mandou satisfazer aos monges todos estes gastos. Contra os dois castelos, de Alcobaça e de Alfeizerão (que são da Casa, e os alcaides deles postos pelos abades) não lhe foi necessário a El Rei D. Afonso III levantar lança, mas assegurando-se [através] dos Abades de que a todo o tempo que ele se visse na posse pacífica da Coroa, ou por morte ou por desistência do seu irmão D. Sancho, teria à sua obediência os mesmos castelos, e deixou-os estar como em depósito nas mãos dos monges, fazendo da sua fidelidade religiosa uma confiança própria de peito real.
(Alcobaça Illustrada, pp. 102-103)


     Em uma carta de certa doação que fez ao Real mosteiro diz assim o Sereníssimo Príncipe Dom Pedro pela graça de Deus Rei de Portugal & do Algarve. A quantos esta carta de doação virem faço saber que eu, querendo fazer graça de mercê ao Abade e Convento do Mosteiro de Alcobaça, em que tenho [hey] grande devoção e singular afeição pelo muito serviço que aí se faz a Deus, e em que eu escolhi a minha sepultura, faço doação pura & comprida e Etc. E por este mesmo teor em outras muitas cartas. A esta veneração e amor que mostrava ter El Rei Dom Pedro ao Real Mosteiro de Alcobaça, acompanhava a não vulgar afabilidade que ainda quando mais severo nunca pôde disfarçar nem encobrir este grandioso Príncipe & e como achasse a casa despojada de quase toda a fazenda & despida de jurisdição real desde o tempo do Rei D. Afonso IV, seu pai, o Abade e o monge serviram-se discretamente da ocasião e representaram ao Sereníssimo Príncipe tudo o processado e procedido na vida do Rei passado, autorizando o inocentado mosteiro com a resolução que dissemos acima da Rainha Santa sua avó, a saber, quando a Rainha Santa Isabel mandou ao seu Procurador que não seguisse a demanda contra os monges. Era El Rei Dom Pedro ornado de liberalidade inextinguível, que não cessam de celebrar nossas histórias e juntamente não sofria ser atropelada a justiça nem o direito de cada um, & assim ao primeiro aceno dos monges, logo sem outra consulta de ministros, mais que só da sua mera liberalidade & graça, restituiu e reintegrou ao Mosteiro tudo o que fora usurpado por El Rei D. Afonso seu pai. Diz assim a carta de restituição.
     Dom Pedro pela graça de Deus Rei de Portugal e do Algarve. A quantos esta nossa carta virem fazemos saber que Fr. Vicente Geraldes, Abade, & o Convento do Mosteiro de Alcobaça da Ordem de Cister, a nós disseram que El Rei D. Afonso o primeiro que foi de Portugal fizera doação do Couto que é d’arredor do dito Mosteiro por certas divisões contidas na carta da dita doação; na qual doação é contido que dava ao dito mosteiro o dito couto per as ditas divisões com montes e entradas e saídas e com águas e pascigos e com todas as pertenças e terras lavradas e por lavrar, e com vinhas e com casas, e com hortas e com árvores e pomares, e com todas as outras coisas que aí eram, que fossem para prestamento de todos e de mais qualquer coisa que dentro nos ditos termos fosse incluída [encluza] pelas ditas divisões que pertencesse ao direito e senhorio Real, que o dito Senhor Rei o tolhia de si, e que fosse raúdo [tirado?] do seu senhorio e que o dava e trespassava ao dito Mosteiro para sempre segundo mais compridamente era contido na dita carta da dita doação; e que por virtude da dita doação houvera desde aquele tempo o dito Mosteiro sempre no dito Couto jurisdição Real, também cível como criminal e misto império em estes lugares que se seguem adiante: Aljubarrota com seu julgado, Cós e Maiorga e Charnais [Farnaes] e o Valado e a Pederneira com o seu julgado, e a Alvorninha [Ialverninha], couto velho com seu julgado, e Évora e Turquel, e a Ramalhosa, e S. Catarina com o seu julgado, Salir, Barrantes, com seu julgado, e Alfeizerão [Alfeizaraõ], a aldeia de S. Martinho, a Cela, e nos outros lugares que são do dito couto também povoados d’antigo como de novo até ao tempo em que El Rei D. Afonso IV nosso pai, a que Deus perdoe, mandara fazer um édito geral em o qual édito era contido que todos aqueles que houvessem coutos com honras ou alguma jurisdição, que viessem mostrar perante ele como o haviam. Ao qual termo apareceu o procurador do dito seu Mosteiro e como homem inissibe [outra forma de «insabide», ignorante, com pouco saber ou engenho] disse que o dito Mosteiro havia o Alfeizerão e a Cela e a Ramalhosa e Turquel e Évora e a póvoa de S. Catarina, e de Barrantes e de Salir, e que em todos estes lugares e nos outros que estão no dito Couto havia o Mosteiro todo o senhorio e jurisdição real, e que estava em posse das ditas jurisdições por tanto tempo que a memória dos homens não era em contrário, e a isto deu seus artigos. E o procurador do dito nosso pai veio no dito feito com contrariedade, dizendo que a memória dos homens era em contrário, e provou que alguns lugares que agora são povoados não o eram no tempo em que a dita doação fora feita e que não havia sessenta nem quarenta anos que eram povoados. E que porém julgaram as jurisdições daqueles lugares a El Rei nosso pai, e que assim se perderam as ditas jurisdições à míngua do procurador que não soube colocar [poer] o Direito pelo dito Mosteiro. E porque Deus, e os Reis que o seu lugar têm devem julgar os feitos por verdade e não por erro nem por insabidade, e se as ditas jurisdições não perderam por verdade, mas por erro e insabidade do dito procurador, pediram-nos por mercê que tornássemos as ditas jurisdições ao dito mosteiro, e que ao louvor de Deus e pela alma de nosso pai lhe quiséssemos agora novamente confirmar e dar, e com outorgamento do Infante D. Fernando nosso filho e primeiro herdeiro, o dito Couto pelas ditas divisões e as ditas jurisdições, também nos lugares que agora são povoados no dito Couto, como nos que se povoassem adiante, assim como eram outorgados pelos Reis que antes de nós foram, e melhor, se nós melhor pudéssemos. E nós, vendo o que nos pediam, concitando quanto favor e afeição e defesa os Reis, que o lugar de Deus têm, devem haver dos lugares e das pessoas religiosas, e mormente a este, que os reis de Portugal fundaram e dotaram, e onde se deitaram e como é lugar de grande hospitalidade e devoção, e outrossim como nós em ele hajamos singular afeição e especial devoção e como seja nosso propósito e entendiam de nós aí mandar deitar [sepultar], e a D. Inês de Castro nossa mulher e a nossos filhos no tempo de nosso saimento deste mundo quando for a mercê de Deus. Ao louvor de Deus e de Santa Maria sua Mãe, e de toda a corte celestial e em remissão [remimento] e satisfação de nossos pecados e pela nossa alma e de nosso pai e de nossa mãe e de nossos avós, querendo fazer graça e mercê a eles e ao seu Mosteiro, temos por bem de lhes tornarmos as ditas jurisdições assim como antes as haviam, que lhe foram tomadas em tempo El Rei nosso pai; e mandamos que as hajam livremente e sem embargo nenhum daqui em diante para sempre. Outrossim lhe confirmamos e damos agora novamente de nossa livre vontade, certa ciência, e com outorgamento do dito Infante D. Fernando nosso filho, o dito couto novo e velho pelas ditas divisões contidas nas cartas das ditas doações e com todas as jurisdições, assim cíveis como criminais, mero misto império e com todo outro direito real que nós e os outros reis que até nós foram aí havíamos e de direito ou de costume, ou por outra qualquer razão podíamos haver, salvo as apelações que devem vir a nós do D. Abade, e outrossim que o nosso Corregedor entre no dito Couto a correger, e posto que tais direitos sejam que requeiram de ser especificados para ser valiosa esta doação, e por especificados também nos lugares que ora são povoados no dito couto, ou forem [daqui] ao diante, outrossim se em esta confirmação e doação falece alguma cláusula de feito ou de costume ou de direito, que faça míngua por não ser aqui posta, nós de nosso poder absoluto e de nossa certa ciência mandamos e outorgamos que esta doação seja firme e estável para sempre como se as ditas cláusulas aqui fossem expressamente contidas. A qual doação lhe fazemos com outorga do dito nosso filho Infante D. Fernando, ao qual nós mandamos por a nossa bênção e de sua mãe e de seus avós e de todos os outros que de nós descenderem, que lha queiram guardar e manter como em ela é contida, e lhe não venham contra ela em parte, nem em todo, em nenhum tempo. E em testemunho disto lhes demos esta nossa carta assinada por nossa mão e do Infante D. Fernando nosso filho, e selada do nosso verdadeiro selo de chumbo. Dada [dante] em Leiria a 4 dias de Setembro, el rei o mandou, Vasco Anes a fez na era de 1396 [1358].
(Alcobaça Illustrada..., pp. 177-180)

     Adendo: esta passagem da obra surge no seguimento da descrição feita por Frei Manuel dos Santos da trasladação do corpo de Inês de Castro para o Mosteiro, onde repousará no seu esquife de pedra lavrada até à devassa dos franceses no ano de 1811. 

     Um elemento curioso deste texto é a menção ao couto velho de Alvorninha (outro topónimo árabe), que sugere uma especificidade dentro do povoamento dos Coutos de Alcobaça.

     No que toca a Alfeizerão, há indícios documentais de que tanto o rei D. Pedro I como o seu herdeiro e primogénito D. Fernando, pousaram no seu castelo. D. Pedro I a 5 de Setembro de 1357 e 31 de Agosto do ano seguinte (MACHADO, J. T. Montalvão, Itinerários de El-Rei D. Pedro I, 1357-1367, Lisboa, Academia Portuguesa da História, 1978), e D. Fernando em três ocasiões distintas: 14 de Outubro de 1375, 20 de Outubro de 1382 e 25 de Outubro do mesmo ano (RODRIGUES, Maria Teresa Campos, Itinerário de Dom Fernando 1367-1383, Sep. Bracara Augusta, 32, Braga, 1978).

      Outro diploma subscrito pelo rei D. Fernando em Alfeizerão, tem a data de 11 de Outubro de 1375 e consta do Arquivo Municipal de Lisboa (cota AMLSB /AL / CMLSB /ADMG - E /12-10) e é resumido assim no catálogo dos documentos medievais do Arquivo Municipal de Lisboa (Inês Morais VIEGAS, Miguel Gomes MARTINS, Documentos medievais (1179-1383) - Arquivo Municipal de Lisboa: catálogo. Câmara Municipal de Lisboa, Lisboa, 2003):

1375 Outubro 11, Alfeizerão - D. Fernando atesta a idoneidade de Estêvão Martins, morador em Lisboa, para poder exercer a actividade de procurador na cidade e termo e delimita as suas competências.

     Na página 204 da Alcobaça Illustrada, menciona-se outra ordenação de D. Fernando feita em benefício do Mosteiro, e que foi lavrada ou assinada quando o rei se encontrava em Alfeizerão (estando nos em Alfeizaraõ).


     Chegou o ano de 1385, ano sempre memorável para os Portugueses porque no mês de Abril deste ano o Mestre de Avis, Dom João, como Governador, Defensor e Regente do Reino, chamou as Cortes para a cidade de Coimbra, aonde foram presentes os Procuradores dos povos que o seguiam, e entre os Prelados e Senhores também o D. Abade de Alcobaça: consta de Fernão Lopes na Crónica d'el Rei D. João I, parte 2, fólio 6. O maior negócio que se tratou nas Cortes foi a sucessão da Coroa, e quando já se chegou a disputar a matéria da sucessão, o Abade de Alcobaça se acostou ao parecer de D. Nuno Álvares Pereira, e de todos os bons portugueses ali juntos, os quais por inspiração divina, comprovada com palpáveis milagres, elegeram Rei de Portugal ao mesmo Sereníssimo Príncipe Mestre d’Avis, D. João, e feito isto, que não foi pouco, despediu as Cortes o novo Rei, e partiram, ele para a cidade do Porto, e os senhores, que o não acompanharam, cada um para as suas terras para se prevenirem, porque já soavam nos ouvidos de todos, as caixas e grandes apercebimentos militares que faziam os Castelhanos para entrarem a conquistar este Reino; partiu também o Abade D. Frei João de Ornelas para as suas terras a se preparar, e sendo já no Mosteiro, primeiro que tudo reformou os seus Castelos, que estavam danificados do ócio da paz, e para fazer mais defensável o de Alcobaça lhe acrescentou a barbacã, que ainda não tinha; juntamente levantou um bom troço de soldadesca que entregou a Martim de Ornelas, seu irmão, com outras muitas prevenções que fez de armas, mantimentos e dinheiro; tudo necessário para o mantimento da guerra que se esperava, e ele para si e para guarda da sua pessoa deixou duas companhias, de que usou sempre enquanto viveu com aprovação d’El Rei, e lhe serviam, não só para segurança da sua pessoa, mas juntamente para maior esplendor de dignidade. No fim do mês de Julho entrou segunda vez armado em Portugal o rei de Castela, e de Ciudad Rodrigo veio por suas jornadas direito a Coimbra, daí à vila Leiria, que estava por ele, e na dita vila fez alto; temia o nosso Rei D. João que os Castelhanos iam (e assim era) pôr-se de cerco outra vez sobre a Cidade de Lisboa, e como era já o segundo sítio, resolveu-se a cortar-lhe o passo e apresentar-lhe batalha no caminho antes de lá chegar. Para este fim abalou da vila de Tomar para Leiria, armado, vieram a Porto de Mós e aí descansaram um dia, que foi Domingo, 13, do mês de Agosto. A Porto de Mós mandou o D. Abade de Alcobaça o seu irmão Martim de Ornelas com um terço de mil soldados para se incorporar no exército d’El Rei, e desse dia e lugar até que El Rei saiu das terras do Mosteiro, já depois da batalha, deu o Abade mantimentos a todo o exército real à custa da fazenda da Casa, porque se achava El Rei desapercebido, e pobre, como aquele que tinha contra si, não só a Castela, mas também a maior parte de Portugal. Não foi o Abade em pessoa porque era mais importante e necessária a sua presença no Mosteiro para ir mandando os mantimentos ao exército real, e juntamente para lhe guardar as escoltas por esta parte de Óbidos, porque Óbidos, como Leiria, também estava pelos castelhanos. No outro dia, Segunda-Feira, 14 de Agosto e véspera da triunfante Assunção da Rainha dos Anjos, saíram os nossos de Porto de Mós muito de madrugada, e se vieram pôr daí a meia légua na estrada que vem de Leiria para Aljubarrota e Lisboa, e se formaram naquele mesmo lugar e sítio onde vemos hoje a Ermida de S. Jorge que depois levantou D. Nuno Álvares Pereira em memória de que ali mesmo estivera arvorada a bandeira real e assim formados, e virada a face para Leiria, estiveram esperando o inimigo, o qual vinha caminhando pela estrada para Lisboa (…) Deu-se finalmente naquele mesmo dia 14 de Agosto a batalha Real de Aljubarrota, sempre memorável nas histórias de Espanha por ser o tribunal em que se decidiu o pleito e pretensão da Coroa deste Reino entre os dois litigantes Príncipes, ambos do mesmo nome, El Rei D. João I de Portugal e El rei Dom João I de Castela. Fugiu vencido do valor português o rei de Castela, e quando foi já ao declinar da batalha, a peonagem dos Coutos de Alcobaça, que é a mais vizinha daquele sítio, e [que] até ali andara ao largo à sombra do Castelo do Mosteiro, em soando as primeiras vozes da vitória, foram-se chegando, e já desassombrados do susto, deram em roubar e matar os vencidos castelhanos com uma tal coragem que até as mulheres, ainda que tímidas por natureza, matavam neles aos pares.
(Alcobaça Illustrada,.., pp. 212-214)


quinta-feira, 12 de maio de 2016

Frei José da Conceição, dos Raposos, reformador do Convento franciscano da Arrábida


Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Frades Franciscanos Capuchos de Alferrara, em Palmela, onde foi inumado Frei José da Conceição
(créditos das imagens: Urban Exploration in the World)
Frei José

     Frei José da Conceição, denominado Raposo por ter nascido nos Raposos, Coutos de Alcobaça, é biografado por frei José de Jesus Maria num registo piedoso e quase hagiográfico no tomo segundo da sua Crónica da Província de Santa Maria da Arrábida (Fr. José de Jesus Maria, Chronica da Provincia de Santa Maria da Arrabida, da regular e mais estreita Observancia da Ordem do Serafico Patriarcha S. Francisco, Tomo 2, impresso na Oficina de José Antóno da Silva, Lisboa, 1737. A biografia de Frei José da Conceição preenche o capítulo quarto da obra (páginas 783 a 789), e transcrevemo-lo aqui, servindo-nos da sua versão eletrónica no portal do GoogleBooks. Atualizamos a grafia, mas as páginas originais do capítulo IV podem ser lidas neste ficheiro PDF.
     Os Raposos ou Casal dos Raposos, hoje na freguesia de Famalicão da Nazaré, esteve inserido até à extinção das Ordens Religiosas (embora algumas fontes o omitam) no couto de Alfeizerão, que a norte da vila compreendia também a Macarca, o Rebolo, Famalicão de Baixo e Mata da Torre.


O Capítulo IV


CAPITULO IV
Operações de vida, e feliz morte de Frei José da Conceição Raposo.

                Venturosa discrição, que sabe tirar das infelicidades do Mundo documentos para evitar desgraças eternas, desenganando-se, que servir aos homens é trabalhar debalde, e só servir a Deus é segurar o prémio em que se cifra a coroa de todas as felicidades! A má correspondência que achou nos homens Frei José da Conceição, vulgarmente chamado o Raposo por nascer nos Coutos de Alcobaça em um Casal conhecido por esta denominação, foi motivo, segundo conceito geral da Província, de passar de religioso ordinário a ser perfeito na vida. Vivia entre os Frades sem mais opinião que a de bem procedido: esperava em um Capítulo que atendendo ai serviço e trabalho que teve em reedificar o Convento de Óbidos sendo dele Guardião, lhe dessem o prémio do seu merecimento; e como visse preferidos para as prelazias a outros que no seu conceito eram de inferior merecimento, renunciou como em despique o ofício de Pregador e se pôs a seguir os atos de Comunidade, retirando-se a todo o trato das criaturas. Algumas mortificações experimentou nos Prelados pela renúncia do ofício, atribuindo-o à demasiada paixão: não nos toca a disputar se o foi, e só narrando o facto dizer que as tolerou com alegria e admirável paciência. Foi-se entregando a vários exercícios penais além dos ordinários da nossa vida comum [«commua» no original, usado como feminino de comum], multiplicando as horas de oração com grande edificação dos que notavam a sua já admirável vida, louvando a Divina Sabedoria, pois com regras tortas sabe formar linhas direitas.
                No ano de mil e seiscentos e noventa e um, mandou o Provincial Frei Paulo da Ressurreição circular uma patente pelos Conventos da Província, em que dava a notícia de que o Senhor Rei D. Pedro II nos oferecia uma Missão em Pernambuco, como deixamos em seu lugar escrito, e nela convidava os frades para que se animassem a tão gloriosa empresa, como era a redução e catecismo daqueles pobres e cegos gentios que viviam e morriam na escravidão do Demónio por falta de quem os doutrinasse nas verdades da Fé Católica, ordenando que os que se alentassem a fazer este bom serviço a Deus e à sua Igreja assinassem ao pé da patente, e foi Frei José um dos primeiros que se ofereceram para a jornada, mais ambicioso já da salvação das almas do que das honras do Mundo. Desvaneceu-se esta santa Missão pelas razões que já dissemos, e o mandou a obediência da família para o Convento da Arrábida; aí se portou com tanto retiro ao trato das criaturas, ainda dos mesmos religiosos seus Irmãos, que se não via mais do que nos atos da Comunidade, ou no Coro de noite, onde passava muitas horas em oração. Das suas penitências particulares só podemos dizer pela voz comum que eram muitas, mas não individualizá-las porque a sua humilde cautela as sabia esconder, ainda que não podia ocultar os seus efeitos no pálido e macilento do rosto com que a todos se fazia objeto de veneração.
                Nove anos com pouca diferença se conservou nesta asperíssima vida, mas como ela fosse flagelo para alguns, que estudavam menos conseguir o caminho da perfeição satisfazendo-se com a vida ordinária e comum a todos os Conventos, solicitaram cautelosamente que o mudassem para outro Convento, e com efeito o puseram no de Alferrara [Convento de Nossa Senhora da Conceição dos frades franciscanos capuchos de Alferrara, em Palmela]. Mudou de Convento mas não de vida, pois neste observava os mesmos exercícios que no outro praticava, servindo de tanta edificação aos noviços que mais os incitava para a virtude o seu exemplo do que as devotas exortações dos seus mestres. Nunca o viam pelos dormitórios sem o capelo na cabeça, as mãos metidas nas mangas, os olhos caídos sobre o peito; era o mesmo velo que admirar um verdadeiro Typus Religionis. Nunca admitiu que alguém o servisse porque o hábito, panos menores, e lenço, que era a única coisa que tinha de seu uso, ele mesmo os lavava. Causava-lhe uma grande aflição ver que se faltasse a qualquer ápice das nossas leis e criação Regular, e com caridade o advertia aos transgressores, e especialmente aos frades moços, mas com tanta doçura de palavras, que ao mesmo tempo que os arguia, os deixava obrigados; e não lucravam pouco os noviços com as suas admoestações.
                Havia tempos em que os frades mais velhos e zelosos da nossa reforma se lamentavam de ver que o Convento da Arrábida, que tinha sido o jardim, onde sempre com mais singularidade floresceram as virtudes que tanto ilustraram esta Província, e que de entre os seus duros penhascos tinham saído os ecos daquelas assombrosas penitências de um S. Pedro de Alcântara e outros servos de Deus que tanto atroaram o mundo pela miséria dos tempos e pela tibieza dos Prelados se tivesse reduzido a um estado que já não se diferenciava dos outros Conventos mais, que na abstinência da carne que ali se observa por lei, porque o silêncio que nele tinha sido inviolável, totalmente se desterrara com a especiosa capa de que seria desatenção faltar à política religiosa não assistir aos hóspedes e benfeitores que buscavam o Convento, e remediavam a nossa pobreza com as suas contínuas esmolas, que sem dúvida negariam se por esta falta de assistência fossem escandalizados, devendo só entender que quem busca os Conventos, é mais por se edificar dos exercícios religiosos do que por recreação profana; e que o sustento dos Frades Menores, quando satisfazem à obrigação de tais, corre por conta da liberal mão da Divina Providência, abonando Deus o infalível desta sua promessa com continuados prodígios.
                No ano de mil setecentos e quatro, em que saiu eleito Provincial Frei António dos Santos, se reforçaram os clamores, e pelas zelosas instâncias dos que mais sentiam esta ruína, se resolveram os Padres da Definição a elegerem em Guardião para o Convento da Arrábida ao devoto Frei José pela grande opinião que dele tinha formado a Província. Aceitou ele obrigado dos pareceres de pessoas doutas e virtuosas a quem para esse fim consultou, porém, com as condições que já deixamos notado, de lhe darem por companheiros e súbditos os frades que ele nomeasse, e voluntariamente quisessem entrar nesta espiritual conquista; pois só assim poderia venturosamente, e com mais suavidade desterrar os abusos introduzidos contra o instituto particular daquele devotíssimo santuário, reduzindo-o ao seu antigo esplendor. Tudo se conseguiu, favorecendo-o a Divina graça, com tanta facilidade que o Convento logo se viu um Paraíso de virtudes, e terror espantoso ao Inferno pela guerra que lhe faziam os seus novos habitadores com rigorosíssimas penitências, vendo-se ali reproduzidos os espíritos dos seus primitivos fundadores.
                Já tornaram a ter uso as cortiças, que estavam na maior parte postas em esquecimento, servindo de cama a muitos, e de cabeceiras, duros madeiros. O sangue, de que as paredes das Ermidas da Cerca se achavam rubricadas, dava fiel testemunho da crueldade com que alguns castigavam a rebeldia da carne para sujeitá-la às leis do espírito, e as muitas horas que, de dia e de noite, se viam gastar de joelhos no Coro e na Capela, manifestavam as poucas, que outros tomavam para o descanso do corpo, e sono; e também o Céu concorreu com o seu testemunho nos muitos e grandes prodígios que Deus tem obrado nestes tempos em crédito da virtude de alguns, que estão já na glória, gozando o prémio dos seus merecimentos, de que brevemente daremos notícia; e para confusão daqueles que capeavam a relaxação do silêncio com o pretexto de um política assistência aos hóspedes e negociação do sustento necessário, foram tantas as esmolas com que a devoção dos fiéis socorria ao Convento, que foi necessário à espiritual prudência do Guardião algumas vezes rejeitá-las, temendo que fossem indústria do Demónio para relaxação de tanta pobreza, de que fui testemunha ocular, como quem teve a fortuna de que ele neste tempo me admitisse por seu súbdito para me confirmar as lições que principiou a dar-me sendo meu Mestre no Noviciado. A mesma abundância experimentei, precisando-me a coartar a liberalidade de alguns devotos poucos anos passados, sucedendo-lhe no lugar, porque é Deus muito fiel em pagar aos jornaleiros que trabalham na sua vinha.
                Continuou este venerável padre a prelazia os três anos, guardando tanto à risca os ápices das leis especiais do Convento que para os súbditos se suavizava o seu rigor vendo que ele em tudo era o primeiro para o exemplo, e com tanta caridade para todos, como se fosse pai de cada um. A Matinas, que não só neste Convento mas em todos são indispensáveis à meia-noite, sendo ele dos primeiros que entravam no Coro, nos dias que chovia muito tinha a compaixão de esperar que a chuva aplacasse para que os frades pudessem vir com mais comodidade isentos de se molharem, por razão de que as celas estão divididas pela Serra, que depois de se acabarem, se a chuva continua, escolhem por mais conveniência ficar no Coro até Prima [primeira hora canónica diurna], tomando o descanso necessário encostados às cadeiras. Acabada a hora da Prima, e a oração mental que se lhe segue, ia dizer a sua missa, que servia a todos de compunção a devoção com que nela se portava, e voltava para o Coro a dar graças, ouvindo também outras missas até à hora da Terça, se as obrigações de Prelado algumas vezes o não precisavam a sair do Coro. Jejuava todas as Quaresmas de nosso Padre S. Francisco, que compreendem onze meses do ano, e no comer era tão parco que muitos dias da semana se contentava só com alguns legumes; tendo porém a advertência de mandar por obediência a alguns dos seus súbditos comessem a porção do peixe, se via que excediam os limites da prudente mortificação, ou eram improporcionadas as suas mortificações ao débil da natureza que neles se notava.
                Para todas as festividades de Nossa Senhora e outras festas de Sabaoth, se preparava com uma novena de mortificações especiais e rigoroso silêncio quanto permitia o seu ofício, virtude que introduziu na maior parte da comunidade. Depois de jantar, ainda que tivesse algum hóspede de especial respeito a que assistir, primeiro ia buscar a sua quarta de água à fonte para o serviço da cozinha, por não deixar de acompanhar aos súbditos neste ato de trabalho que se faz todos os dias em ato de comunidade. Nos dias santos e mais solenes, em que depois do jantar se costuma dispensar no silêncio para que em alguma conversação honesta tomem os frades algum alívio, tanto que saía de Vésperas se deixava ficar no antecoro incitando os súbditos a esta recreação, mas brevemente se despedia por dar lugar aos que ali ficavam violentos [impetuosos], a retirarem-se para as suas celas, onde faziam mais gosto divertirem-se com a lição dos seus livros. Acabados à noite os atos da comunidade, se não recolhia sem primeiro ir ao Coro gastar com Deus largo tempo em oração. Estra era a ordinária forma da sua vida nos três anos em que foi ali Prelado. No Capítulo imediato o elegeram Custódio e ficou continuando a sua habitação neste mesmo santuário, de onde não saía sem um negócio [empresa, tarefa] muito preciso. Sendo chamado a Lisboa para assistir à Congregação por razão do seu ofício, e no mesmo dia em que ela se celebrou veio dormir ao Convento, ficando este em distância de seis léguas, três de mar e três de terra, que a todo este excesso o obrigava o amor da solidão e a displicência que tinha ao trato de seculares.

                Como se viu sem as obrigações de Prelado, acrescentou as horas que aquelas lhe ocupavam aos seus santos exercícios e lição de livros espirituais, dispondo-se para a morte de que entendeu tivera revelação, pois disse muito tempo antecedente que, depois de fazer certa jornada logo se lhe seguia fazer a da eternidade. O efeito o mostrou porque voltando do Alentejo, onde a obediência o mandou, se sentiu agravado com uma febre maligna que o precisou a buscar-lhe remédio na Enfermaria de Setúbal; porém, respeitando mais as necessidades do espírito do que as do corpo, feita uma confissão geral, pediu que lhe dessem o Santíssimo Viático, e para o receber, não obstante a muita debilidade em que estava, se prostrou de joelhos sobre a cama fazendo uma devota protestação da Fé e proferindo jaculatórias com palavras tão doces e enternecidas, que bem mostravam o fogo do amor Divino que ardia no seu peito. A seu tempo pediu a Santa Unção, e continuou todos os dias que viveu com tantos atos de verdadeiro católico e perfeito religioso até exalar o espírito, que a todos fez entender foi a sua morte preciosa aos olhos de Deus. Pela grande fama que havia da sua virtude, concorreu muita gente a venerá-lo, e o acompanhou até ao Convento de Alferrara onde foi a sepultar. Testemunharam muitas pessoas fidedignas que em toda a distância do caminho que vai da vila ao Convento, que será de meia légua, viram sobre o féretro uma pomba, e como só foi vista por particulares e devotos, deu motivo a formarem juízo que ela seria Maria Santíssima naquela cândida figura, de quem foi devotíssimo, que lhe veio assistir em gratificação do bem com que a tinha servido, especialmente em lhe restaurar a reforma do Convento da Arrábida que esta Soberana Senhora tem debaixo do seu patrocínio. Foi a sua ditosa morte em oito de Novembro de mil, setecentos e onze.

Convento franciscano da Nossa Senhora da Arrábida

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Côngrua feita ao vigário de Alfeizerão e S.Martinho do Porto (traslado de um documento de 1425)

Legenda ao documento

     No ano de Cristo de 1425, o mosteiro de Alcobaça apresenta o padre Gonçalo Vicente como vigário vitalício de Alfeizerão e S. Martinho do Porto, esmiuçando os seus direitos e obrigações. Sabemos pelo Livro de Privilégios... (Livro de Privilégios, Jurisdições, Sentenças, Igrejas deste Real Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, Direção Geral de Arquivos/TT, Ordem de Cister, Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, liv. 92) que no ano de 1434 houve necessidade de esclarecer algumas dúvidas levantadas por este documento e se julgou por sentença que ao dito Gonçalo Vicente se houvesse os dízimos dos moradores de São Martinho, ainda dos que lavrassem em Alfeizerão, e os moradores de Alfeizerão que lavrassem em São Martinho pagariam o dízimo ao Mosteiro.

     O documento que transcrevemos aqui é um traslado especular do documento original de 1425 e foi lavrado com todos os preceitos no ano de 1638 pelo tabelião Manuel Caetano de Sousa (Direção Geral de Arquivos/TT, Ordem de Cister, Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, 2.ª incorporação, mç. 16, n.º 363).

Assinatura e sinal público do tabelião Manuel Caetano de Sousa,
e assinaturas das testemunhas

O documento:


Manoel Caetano de Souza, Tabalião publico de Notas nesta vila de Alcobaça e seu termo e geral em todas as mais dos Coutos desta Comarca, escrivão privativo das escrituras de contratos e emprazamentos pertencentes ao Real Mosteiro de São Bernardo desta dita vila, Certifico e dou fe aos senhores que apresentados serão que ao passar em huma vinda ao Cartorio do dito Real Mosteiro e ali pelo muito Reverendo Padre Frey Francisco de Albuquerque, Definidor e Cartorario Mor e Procurador no Geral dele me foi aprezentado hum livro encadernado em pasta que se intitula Livro Quinto das Sentenças = Requerendome que delle lhe passasse por certidão em publica forma e theor do Instrumento da Congrua feita ao Parocho das villas de Alfeizarão e São Martinho, que se acha no dito Livro a folhas duzentos e sincoenta e sete e o seu theor de verbo ad verbum he o seguinte:

Congrua feita ao vigario de Alfeizarão e São Martinho

Saybao quantos este Instromento virem que na era do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil e quatro sentos e vinte e sinco annos, a treze dias do Mes de Julho, no Mosteiro dAlcobaça á porta da Igreja que chamão de Santiago, sendo hy o honrado Sr. Dom Fernando Abbade do dito Most., e Fr. Clemente prior, e Fr. Lourenço bacharel, e Fr. Vasco de Santarem, e Fr. Martinho de Beja, e Fr. João Novaes, e Fr. Estevão de Sta. Catalina [sic], e outros Monges do dt.º Mosteiro, Chamados e juntos por [por som ou ao som de] campa tangida segundo costume de sua Ordem os sobreditos Dom Abbe. E Prior, e Convento derão a Gonçalo Vicente, clerigo de Missa que hy presente estava perpetuamente em sua vida as suas Igrejas D’alfeizarão e de S. Martinho, e que o d.º Gonçalo Vicente per seu officio Sacerdotal servisse e sirva daqui em diante as ditas Igrejas em vida del dito Gonçalo Vicente per sy e per outrem quando necessario for assy e pela guisa, como he de custume de as ditas Igrejas serem servidas, e para dar os Ecclesiasticos Sacramentos aos fregueses das ditas Igrejas segundo he de custume e se devem dar, e que o dito Gonçalo Vicente haja e possa haver por a servidão que assy ha de servir as ditas Igrejas em cada hum anno estas cousas do dito Mosteeiro que se seguem. Convem a saber o que entrar per as portas das ditas Igrejas afora a dizima que entrar per a porta da Igreja de Alfeizarão que pertence ao Mosteiro e que houve mais as palhas e mais dous moyos de trigo em cada hum anno pagado em Alfeizarão ou em Famalicão e q. ouvesse mais todallas dizimas dos moradores de S. Martinho e de seu terminho [termo] q. pertencem á dita Igr.ª de S. Martinho, de onde mora João Vicente e Lopes Annes p.ª o dito terminho, e mais todalas meunças e dizimos dos gados e mais todo o direito do vinho que eles havião em o dito logo de S. Martinho, assy e pela guisa q. elles havião daver afora o direito do quinto da Sanchristia q. hy ha daver. Outrosim derão mais ao dito Gonçalo Vicente em sua vida a sua adega que elles havião no dito logo de São Martinho com q. ouvesse seu vinho sem louça nenhuma, e q. á morte do dito Gonçalo Vicente a dita adega ficasse livre e dezembargada ao dito Mosteiro sem outra contenda, e bem adubada, e que o dito Gonçalo Vicente gançasse [obtivesse] Carta de Cura em cada hum anno á custa del ditto Gonçalo Vicente, e que o ditto Gonçalo Vicente nom podesse leixar as ditas Igrejas nem elles lhes nom podessem tolher, comprindo as dittas cousas e q. outrosim o dito Gonçalo Vicente nom podesse nem possa guançar nem haver do Bispo, nem Arcebispo, nem doutro nenhuma pessoa, contra o q. dito he nenhuma confirmação em razão das ditas Igrejas. E elle dito Gonçalo Vicente disse que el recebia em sy as ditas Igrejas pela guiza q. dito he, e se havia dellas por entregue, e em posse, e disse q. el se obriga per si e por todos seus bens a servir as ditas Igrejas per si e per outrem, assy e pela guiza q. dito he. E os ditos Abbade e Convento se obrigarão a darem e pagarem e fazerem pagar todas as sobreditas cousas ao dito Gonçalo Vicente, das quais cousas o dito Abbade e Convento ao dito Gonçalo Vicente pedirom senhos estromentos e este he o de S. Martinho factus ut supra. Testemunhas, Fernando Afonso camareyro, e Gil Eanes dos Cabreiros e Ruy Gonçalves, e Lourenço Martinz porteiro criado do dito Senhor, e João Lourenço clerigo, e Pedro Afonso alfaiate morador em Santa Catalina, e outros. E eu Affonso Martins Tabalião del Rey no dito Mosteiro e Couto del q. a esto presente fui, e este estromento e outros tal escrevi em q. fiz meu sinal que tal he // lugar do sinal publico//.



E não diria mais o dito Instrumento que estava assinado do sinal publico do tabalião nel contheudo segundodele se via com o theor do qual eu João de Morais presbitero, o notario Andre Dario da dita Camera apostolica cujo treslado fis escrever sobre escrevi collacione[colação, conferência]: Com o notario infra escripto corroborei de meu publico Sinal do proprio, Tornei a entregar a quem mo aprezentou, que assignou aqui comigo e o tornou a levar em o dia nove de Agosto de mil e seis sentos e trinta e outo. Rogatur et requisitus // Lugar do sinal publico// Concertado comigo o Notario Apostolico Bertlolameo [sic] Antunes // Recebi o proprio, Frey Guilherme da Payxão // Pagou cem reis // E nao se Continha mais em o dito estromento de congrua do que dito he que eu sobredito tabaliao no principio desta declarado e aqui fiz copear bem e fielmente, e na verdade do proprio Livro e que com todo me reporto no dito Cartorio que he como o tornou a receber o dito Muito Reverendo Padre Carturario mo assignou aqui e no fim e não leva cousa que duvida faça, salvo algum digo que nao va resalvado em fe do que fis passar a presente que com o proprio conferi [e] concertei // ___ e asignei com o cura [??] da vila de Alcobaça aos vinte e sete dias do Mês de Outubro do Anno do Nascimento de nosso Senhor Jesus Christo de mil sete sentos outenta e seis annos em que [pu]blico e Raso de meos sinais de que uso e se offerecem. Eu Manoel Caetano de Souza… [assinaturas e sinal publico]

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Breve notícia sobre Frei Pedro Amado de Alfeizerão, monge, calígrafo e iluminador no mosteiro de Alcobaça

A informação de Sousa Viterbo

     Escreve o historiador e jornalista Francisco Marques de SOUSA VITERBO no seu ensaio Calígrafos e Iluminadores Portugueses - Ensaio histórico-bibliográfico (in O Instituto : jornal scientifico e litterario. - Volume LXIII (1916), p. 403-411, p. 451-458, p. 549-556, p. 563-574):

     De todos os conventos de Portugal aquele todavia que mais se dedicou à feitura e coleção de códices foi indubitavelmente o mosteiro de Alcobaça, da ordem de S. Bernardo, fundação de D. Afonso Henriques. A sua livraria manuscrita era afamada e continha verdadeiras preciosidades. Apesar de defraudada, escapou ao vandalismo que atacou todos os conventos na época da guerra civil e acha-se hoje incorporada na Biblioteca Nacional de Lisboa. Em 1775 publicou-se o Index Codicum Bibliothecae Alcobatie (...) Quase todos os manuscritos de Alcobaça, com exceção de poucos, são cópias, traduções. ou originais escritos pelos próprios monges. Apenas existe um Códice, em gótico, que, pelos seus caracteres, se reconhece anterior à fundação do convento. Os restantes são escritos em letra francesa e provam o estado de perfeição a que chegou a arte caligráfica naquela casa.

     Na página 453 do ensaio, Sousa Viterbo menciona o autor do Códice LI, Fr. Pedro Amado de Alfeizerão, paleograficamente atribuído ao século XII (!?):



O Índice dos Códices da Biblioteca de Alcobaça

     O Índice referido por Sousa Viterbo (Index Codicum Bibliothecae Alcobatie...) foi publicado em Lisboa no ano de 1775 (ed. da Tipografia Régia); não ostenta o nome do autor ou autores, mas é consensual que foi elaborado por instrução do Abade D. Manuel de Mendonça.

     Na página 42 encontramos a descrição em latim do Códice LI de Frei Pedro Amado (saeculi XII):


quarta-feira, 6 de abril de 2016

A I Grande Guerra - os mobilizados da freguesia de Famalicão da Nazaré

Bilhete postal (Fotografia de Arnaldo Garcês)

NOME: Armínio GOMES
TEATRO DE GUERRA:  França
POSTO: Soldado
COMPANHIA: Regimento de Sapadores Mineiros
PLACA DE IDENTIDADE: 55212
NATURAL DE: Famalicão da Nazaré
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 59
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/59/55212

(Desenho do Capitão Menezes Ferreira)

NOME: Joaquim CORREIA Júnior
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: Soldado
PLACA DE IDENTIDADE: 72105
NATURAL DE: Vale da Rica
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 76
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/76/72105


NOME: Joaquim MARQUES
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: Soldado no Grupo de Companhias da Administração Militar
PLACA DE IDENTIDADE: 32029
NATURAL DE: Famalicão da Nazaré
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 36
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/36/32029


NOME: José Maria PANASCO
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: Soldado
COMPANHIA: C.A.L.P. (Corps d'Artillerie Lourde Portugaise), designação francesa do Corpo de Artilharia Pesada Independente (C.A.P.I.)
PLACA DE IDENTIDADE: 35055
NATURAL DE: Famalicão da Nazaré
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 39
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/39/35055


NOME: Maximino FILIPE
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: Soldado
COMPANHIA: C.A.L.P. (Corps d'Artillerie Lourde Portugaise)
PLACA DE IDENTIDADE: 35058
NATURAL DE: Famalicão («Famalicão da Pederneira»)
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 39
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/39/35058


NOME: José Maria GRILO
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: Soldado
COMPANHIA: C.A.L.P. (Corps d'Artillerie Lourde Portugaise)
PLACA DE IDENTIDADE: 35057
NATURAL DE: Serra da Pescaria
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 39
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/39/35057


NOME: Lourenço da SILVA
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: Soldado
PLACA DE IDENTIDADE: 72458
NATURAL DE: Raposos (Ragousos), Famalicão da Nazaré
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 76
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/76/72458


NOME: Eduardo PEREIRA
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: Soldado
COMPANHIA: C.A.L.P. (Corps d'Artillerie Lourde Portugaise)
PLACA DE IDENTIDADE: 35162
NATURAL DE: Casal Mota
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 39
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/39/35162
NOTA: Não tendo consultado o respetivo Boletim, incluímos com reservas este militar entre os expedicionários da freguesia de Famalicão, dada a possibilidade (ainda que remota) de haver um outro topónimo igual. Por razões idênticas, só listamos os militares cuja terra de origem era identificada expressamente como Famalicão da Nazaré ou Famalicão da Pederneira, deixando de fora os militares (cinco) que foram incluídos entre os expedicionários oriundos do distrito de Leiria num ficheiro que publicamos aqui, mas cuja terra era citada apenas como Famalicão, o que, de outra forma, poderia dar origem a equívocos. Os nomes desses cinco militares são: Manuel de Azevedo, Manuel da Silva Torres, Manuel Bento da Cunha, Joaquim Faustino e Constantino Ribeiro (vide o citado ficheiro).


NOME: Francisco Lopes RIQUESO
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: Soldado nº 332
COMPANHIA E UNIDADE: 1º Regimento de Infantaria, 1º Batalhão (Infantaria 7)
PLACA DE IDENTIDADE: 1045
NATURAL DE: Famalicão da Nazaré
ESTADO CIVIL: solteiro
PAIS: Joaquim Lopes Riqueso e Agostinha Gertrudes Riqueso, residentes na Serra da Pescaria
EMBARQUE: 20 de Janeiro de 1917
PARTIDA DE FRANÇA: 15 de Abril de 1919
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
                Baixa ao hospital em 10 de Agosto de 1917, alta a 14 do mesmo mês. Colocado na 3ª Companhia do Batalhão de Infantaria 28 em 7 de Abril de 1918, onde ficou com o nº 520. Baixa à Ambulância 6 em 6 de Outubro. Evacuado para o Hospital de Sangue 8 no dia 8. Evacuado para o Hospital de Base 2 no dia 11, alta para o V. C. B. (?) em 18 de Novembro.
                A 10 de Dezembro de 1918, aumentado ao efetivo do Batalhão de Infantaria 11/17 e da 4ª Companhia.
                Baixa ao Hospital de Sangue 8 em 22 de Janeiro de 1919. Alta a 29.
                Seguiu para Portugal com o 6º Batalhão em 15-4-1919, a bordo do “Miller” [Northwestern Miller]
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM: Arquivo Histórico Militar, BOLETINS INDIVIDUAIS DE MILITARES DO CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 2
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/02/01045


NOME: António Bernardo dos REIS
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: Soldado nº 466
COMPANHIA E UNIDADE: 1ª Divisão, 2ª Brigada, 4º Batalhão da Infantaria 7
PLACA DE IDENTIDADE: 5902 A
NATURAL DE: Quinta Nova, Famalicão da Nazaré
ESTADO CIVIL: solteiro
PAIS: Bernardo Reis e Ana da Moita, residentes na Quinta Nova
EMBARQUE: 20 de Janeiro de 1917
PARTIDA DE FRANÇA: 5 DE Junho de 1919
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
                Presente no Depósito Disciplinar 1 em diligência. Recolheu da diligência ao D. D. 1 em 21-2-1918.
                Colocado na 1ª Companhia do Batalhão de Infantaria 22 em 12 de Abril de 1918, onde ficou com o nº 1090. Baixa ao Hospital em 23 de Maio, alta em 27 do mesmo mês, com 8 dias para convalescer.
                Baixa ao Hospital em 14 de Junho de 1918. Licença da Junta por 30 dias em sessão de 5 de Agosto.
                Colocado no Quartel-general do Corpo em 1 de Novembro por ordem do Quartel General da 1ª Brigada de Infantaria.
                Em diligência ao Porto de Desembarque em 2-2-1919.
                Condecorado com a medalha comemorativa da expedição à França em 24-2-1919.
                Repatriado com o Quartel-general do Corpo em 5-6-1919.
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM: Arquivo Histórico Militar, BOLETINS INDIVIDUAIS DE MILITARES DO CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 8
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/08/06902


NOME: Alexandre da SILVA
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: Soldado condutor nº 402
COMPANHIA E UNIDADE: 3º Grupo de Baterias de Artilharia, 3ª Bateria
PLACA DE IDENTIDADE: 5546 A
NATURAL DE: Famalicão da Nazaré
ESTADO CIVIL: solteiro
PAIS: Joaquim da Silva (falecido) e Maria Rodrigues, residente na Serra da Pescaria
EMBARQUE: 10 de Julho de 1917
DESEMBARQUE: em Lisboa, a 31 de Março de 1919
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
                Baixa à Ambulância 4 em 14 de Junho de 1918, evacuado para o Hospital 39 a 16 de Junho. Alta no dia 20.
                Baixa ao H. B. [Hospital Britânico?] em 9 de Julho. Alta a 4 de Agosto de 1918. Seguiu para a sua unidade em 6 de Agosto, deixando de adir ao D. Mix. ([Depósito Misto?].
                Embarcou para Portugal com a 3ª Bateria do 3º Grupo de Baterias de Artilharia em 28 de Março de 1919 no “Helenus”.
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM: Arquivo Histórico Militar, BOLETINS INDIVIDUAIS DE MILITARES DO CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 7
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/07/05546


NOME: António BENTO Júnior
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: Soldado nº 331
COMPANHIA E UNIDADE: 1º Regimento de Infantaria, 1º Batalhão (Infantaria 7)
PLACA DE IDENTIDADE: 1044
NATURAL DE: Famalicão da Nazaré
ESTADO CIVIL: solteiro
PAIS: António Bento e Joaquina Maria, residentes nos Raposos.
EMBARQUE: 19 de Janeiro de 1917
PARTIDA DE FRANÇA: 25 de Maio de 1919
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
                Baixa ao Hospital em 1 de Agosto de 1917, alta no dia 20.
                Colocado na 3ª Companhia da Bateria de Infantaria nº 34 em 7 de Abril de 1918, onde ficou com o nº 568.
                Punido em 9 de Outubro de 1918 pelo Comandante da Companhia com 10 dias de detenção por não ter cumprido prontamente uma ordem que lhe foi dada por um sargento [descrimina-se os artigos infringidos].
                Punido em 15 de Fevereiro de 1918 pelo Exmo. Comandante da 2ª Bateria de Infantaria com 25 dias de prisão disciplinar por ter faltado em 10 do corrente aos trabalhos de trincheira.
                Repatriado com o 1º Batalhão em 25-5-1919
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM: Arquivo Histórico Militar, BOLETINS INDIVIDUAIS DE MILITARES DO CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 2
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/02/01044


     NOTA RETROSPETIVA: os militares da I Guerra Mundial que indicamos não representam a totalidade dos militares da freguesia mobilizados para o conflito. São apenas aqueles cujo nome e posto são do domínio público, o que, regra geral, equivale aos que combateram na Europa. Dos nossos expedicionários em África conhecemos apenas e ainda, os que tombaram no cumprimento do dever, persistindo por ora a grande lacuna de conhecer e reconhecer os (muitos) outros que lá combateram e regressaram depois a Portugal. A exceção a este cenário é formada pelos militares que combateram nos dois teatros de operações – África e Europa.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Os nossos soldados na I Grande Guerra - a freguesia de Alfeizerão

Ilustração do Capitão Menezes Ferreira
(in João Ninguém, soldado da Grande Guerra - Impressões do C. E. P., composto e impresso nas Oficinas dos Serviços Gráficos do Exército em 1921)


NOME: António dos SANTOS
TEATRO DE GUERRA: França
PLACA DE IDENTIDADE: 26238
NATURAL DE: Vale de Maceira, Alfeizerão
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins     Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa 30
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/30

(desenho do Capitão Menezes Ferreira)

NOME: Francisco Joaquim CAETANO
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: Soldado
COMPANHIA: Corpo de Artilharia Pesada (C. A. P.)
PLACA DE IDENTIDADE: 44857
NATURAL DE: Alfeizerão
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 48
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/48/44857


NOME: Joaquim dos Santos BERNARDES
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: soldado
PLACA DE IDENTIDADE: 37287
NATURAL DE: Alfeizerão
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, nº 40
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/40/37287

NOME: Joaquim PEREIRA JÚNIOR
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: soldado
COMPANHIA: Companhia de Artilharia Pesada (C. A. P.)
PLACA DE IDENTIDADE: 38171
NATURAL DE: Alfeizerão
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 41
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/41/38171


NOME: José António
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: soldado
PLACA DE IDENTIDADE: 66129
NATURAL DE: Alfeizerão
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 70
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/70/66129


NOME: Alberto Gomes CABAÇO
TEATRO DE GUERRA: França
COMPANHIA: CALP. - designação francesa do CAPI ou Corpo de Artilharia Pesada Independente, e que era a sigla para Corps d'Artillerie Lourde Portugaise
POSTO: 1.º Cabo
PLACA DE IDENTIDADE: 35146
NATURAL DE: Casal da Ponte, Alfeizerão
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 39
CÓDIGO DE REFERÊNCIA:PT/AHM/DIV/1/35A/2/39/35146




NOME: José da SILVA
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: soldado
COMPANHIA: Corpo de Artilharia Pesada (C. A. P.)
PLACA DE IDENTIDADE: 37699
NATURAL DE: Vale de Maceira, Alfeizerão
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 41
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/70/66129

NOME: Manuel BERNARDO
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: soldado (no Grupo de Companhias da Administração Militar)
PLACA DE IDENTIDADE: 29641
NATURAL DE: Alfeizerão
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 33
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/33/29641

NOME: António PAULINO
TEATRO DE GUERRA: Moçambique
POSTO: soldado
UNIDADE: Regimento de Artilharia de Montanha
PLACA DE IDENTIDADE: 396
NATURAL DE: Alfeizerão
DATA DA MORTE: 14 de Março de 1917
CAUSA DA MORTE: paludismo
LOCAL DE SEPULTURA: desconhecido
FONTE NA WEB: projeto Memorial aos Mortos na Grande Guerra (Ministério da Defesa/Arquivo Histórico Militar)


NOME: Adelino ESTÂNCIO DOS SANTOS
TEATRO DE GUERRA: Moçambique
POSTO: 1.º Cabo
UNIDADE: Regimento de Artilharia de Montanha
PLACA DE IDENTIDADE: 33
NATURAL DE: Alfeizerão
DATA DA MORTE: 14 de Outubro de 1917
CAUSA DA MORTE: disenteria
LOCAL DE SEPULTURA: Chomba
FONTE NA WEB: projeto Memorial aos Mortos na Grande Guerra (Ministério da Defesa/Arquivo Histórico Militar)


NOME: António DUARTE
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: soldado
COMPANHIA: 1ª Companhia
UNIDADE: Infantaria 7
PLACA DE IDENTIDADE: 07128
NATURAL DE: Mosqueiros, Alfeizerão
ESTADO CIVIL: solteiro
PAIS: ____ e Donália (?) dos Santos
EMBARQUE: 19 de Janeiro de 1917
DESEMBARQUE: em Lisboa, a 15 de Outubro de 1919
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
Presente no D. D. 1 em 6 de Abril de 1918, seguiu para Portugal a fim de ser repatriado em 23 de Julho de 1918. Noventa dias de licença para convalescer, em sessão do dia 1, confirmada em 3/7/1918. Abatido ao efetivo do D. D. 1 com passagem ao batalhão de Infantaria 12, em 24 de Fevereiro de 1919
NOTA: O D. D. 1 é a sigla de Depósito Disciplinar.
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUALArquivo Histórico Militar, Boletins Individuais dos Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 8
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/08/07128


NOME: António MACHADO
TEATRO DE GUERRA: França
Posto: soldado servente nº 577
COMPANHIA OU UNIDADE: 3º G.B.A. [Grupo de Baterias de Artilharia]
PLACA DE IDENTIDADE: 05144
NATURAL DE: Alfeizerão
ESTADO CIVIL: casado
ESPOSA: Loduvina das Dores Machado, residente(s) em Alfeizerão
PAIS: José Machado e Maria Gertrudes
EMBARQUE: 21 de Março de 1917
DESEMBARQUE: em Lisboa, a 22 de Dezembro de 1917
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL
Baixa a Ambulância em 17 de Junho de 1917, Alta em 5 de Julho. Presente na unidade em 12, Baixa ao Hospital em 23 de Janeiro de 1918. Alta em 6 de Fevereiro com 10 dias para convalescer. Licença de campanha por 53 dias com princípio em 19 de Julho 1917. Abatido ao efetivo do Dep. Artª. em 31-1-1919 - encontra-se ausente.
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 6
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/06/05144


NOME: António MARQUES
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: soldado nº 335
COMPANHIA E UNIDADE: 1ª Companhia, Batalhão de Infantaria nº 7
PLACA DE IDENTIDADE: 7054
NATURAL DE: Vale de Maceira
ESTADO CIVIL: solteiro
PAIS: Joaquim Marques e Úrsula Maria, residentes em Alfeizerão
EMBARQUE: em 20 de Janeiro de 1917
PARTIDA DE FRANÇA: 1 de Março de 1919
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
Ferido em combate em 12 de Junho de 1917. Colocado na 1ª Bateria do 6º G. M. [Grupo de Metralhadoras] em 4 de Janeiro de 1918. Colocado no na Bateria de Metralhadoras Pesadas [B. M. P.), e na 1ª Companhia com o nº 142 em 31 de Outubro de 1918. Embarcou para Portugal com o B. M. P. em 1 de Março de 1919 no "Goendocio" (?).
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 8
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/08/07054



NOME: António MOTA
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: soldado nº 715
COMPANHIA: 1ª Companhia
UNIDADE OU FORMAÇÃO: Batalhão de Infantaria nº 7
PLACA DE IDENTIDADE: 7125
NATURAL DE: Alfeizerão
ESTADO CIVIL: solteiro
PAIS: Feliciano Mota (“sobrinho”) e Maria Gageira, residentes em Alfeizerão
EMBARQUE: 19 de Janeiro de 1917
DESEMBARQUE: em Lisboa, a 8 de Julho de 1919
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
Ferido em combate a 28 de Julho de 1917 por estilhaços de morteiro (não baixou ao hospital).
Foi dado pronto na instrução em Baionetas em granadeiros em 7 de Outubro de 1917. Embarcou para Portugal em 4 de Setembro de 1918.
Aumentado ao efetivo do D. D. 1, onde ficou no Quadro Permanente em 8-2-1919. Passou ao Quadro Permanente do D. D. 1 em 5 de Julho. Embarcou para Portugal a bordo do transporte "North Western" [Northwestern Miller ?] em 5.
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 8
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/08/07125


NOME: João Faustino JUSTINIANO
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: Corneteiro nº. 201
COMPANHIA: 2.ª Companhia
UNIDADE OU FORMAÇÃO: 4.º Batalhão (Infantaria 7)
PLACA DE IDENTIDADE: 6994
NATURAL DE: Valado de Sta. Quitéria
ESTADO CIVIL: solteiro
PAIS: Faustino Justiniano e Maria Augustinha, residentes no Valado de Sta. Quitéria
EMBARQUE: 20 de Janeiro de 1917
PARTIDA DE FRANÇA: 25 de Fevereiro de 1919
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
Nada consta até 28 de Fevereiro de 1918. 
Seguiu da Infantaria 7 para a zona avançada a fim de recolher à sua unidade em 22-9-918.
Embarcou para Portugal com a Infantaria 21 em 25-2-919
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM: Arquivo Histórico Militar, BOLETINS INDIVIDUAIS DE MILITARES DO CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 08
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/08/06994

NOME: António ROCHA JÚNIOR
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: soldado nº 712
COMPANHIA: 1º Esquadrão
UNIDADE OU FORMAÇÃO: Regimento de Cavalaria nº 2
PLACA DE IDENTIDADE: 6391
NATURAL DE: Vale da Cela
ESTADO CIVIL: solteiro
PAIS: António Rocha e Joaquina Grilo, residentes em Vale da Cela
EMBARQUE: 20 de Janeiro de 1917
DESEMBARQUE: em Lisboa, a 22 de Março de 1919
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
Colocado no Depósito de Cavalaria em 1 de Novembro de 1917. Transferido para o Regimento de cavalaria nº 1 em 20 de Janeiro de 1918,  onde ficou com o nº 473 do 2.º Esquadrão.
3 de Abril de 1918 - seguiu para o P. D. (Porto de Desembarque) a fim de gozar de 45 dias de licença de campanha.
Ausente por excesso de licença desde 3-9-1918. Colocado no Depósito de Artilharia C em 14-9-1918
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, caixa nº 7
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/07/06391

NOME: Abel BERNARDINO
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: Corneteiro nº 474 da 4ª Companhia
UNIDADE OU FORMAÇÃO: 4º Batalhão, Infantaria 7
PLACA DE IDENTIDADE: 1190
NATURAL DE: Valado de Santa Quitéria, Alfeizerão
ESTADO CIVIL: solteiro
PAIS: António Bernardino e Maria Inácia, residentes no Valado de Santa Quitéria
EMBARQUE: 20 de Janeiro de 1917
DESEMBARQUE: em Lisboa, a 22 de Outubro de 1918
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
Baixa ao C. S. P. [Hospital Britânico?] em 15 de Julho de 1917, alta em 7 de Setembro, Baixa à Ambulância 1 em 16 Setembro; evacuado para o Hospital de Sangue nº 1 a 17. Alta em 24. Julgado apto para os serviços auxiliares em 13 de Outubro. Colocado nos serviços administrativos do Q. G. C. (Quartel General do Corpo) a 19.
Baixa ao Hospital de Sangue n.º 2 em 20 de Janeiro de 1918. Alta em 22.
Licença de campanha por 53 dias com princípio em 30-10-1918. Colocado nos Serviços Administrativos em 29 de Outubro.
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM: Arquivo Histórico Militar, BOLETINS INDIVIDUAIS DE MILITARES DO CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 2A
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/02A/01190



NOME: Adelino SEGISMUNDO
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: soldado nº 181 da 2.ª Brigada
UNIDADE: Regimento de Infantaria nº 7
PLACA DE IDENTIDADE: 1112
NATURAL DE: Alfeizerão
ESTADO CIVIL: solteiro
PAIS: António Segismundo e Maria Francisca, moradores em Vale de Maceira.
EMBARQUE: 19 de Janeiro de 1917
MORTE: 2 de Abril de 1919
CAUSA DA MORTE: Broncopneumonia dupla gripal.
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
Nada consta até 31 de Dezembro de 1917. Entrou no gozo de 10 dias de licença em 14-3-919. Presente da licença em 23-3-919.
Baixa ao H. S. nº 5 [Hospital de Sangue nº 5] em 26 de Março de 1919. Faleceu no mesmo Hospital pelas 6h.30 m do dia 2 de Abril, victimado por “Broncopneumonia dupla gripal”, sendo sepultado no cemitério civil de Linghem [comuna modesta do Departamento de Pas-de-Calais].
NOTA: trasladado para o Cemitério Militar Português de Richebourg l`Avoué (Departamento de Pas-de-Calais, França), onde se pode encontrar a sua sepultura (Talhão C, Fila 11, Coval 16)
IMAGEM DA LÁPIDE: cortesia do projeto Memorial aos Mortos na Grande Guerra
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 02 A
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/02A/01112

A lápide de Adelino Segismundo no Cemitério Militar Português de Richebourg l`Avoué

NOME: Ramiro CASTELHANO
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: soldado nº 547
COMPANHIA: 3.ª Companhia, 1.ª Brigada de Infantaria
UNIDADE OU FORMAÇÃO: Batalhão de Infantaria nº 7
PLACA DE IDENTIDADE: 1002
NATURAL DE: Alfeizerão
ESTADO CIVIL: casado
ESPOSA: Amália da Silva Santos, residente(s) em Alfeizerão
PAIS: Francisco Castelhano e Gertrudes Picta
EMBARQUE: 20 de Janeiro de 1917
DESEMBARQUE: em Lisboa a 31 de Março de 1919
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
Nada consta até 31 de Dezembro de 1917. Colocado no B. S. C. F [Batalhão de Sapadores dos Caminhos de Ferro]. em 30 de Setembro de 1918, aumentado ao efetivo da 4ª Companhia de Infantaria 14 em 5-3-1919. Abatido ao efetivo do D. D. 1 e aumentado ao efetivo B. S. C. F. em 1 de Outubro de 1918. Abatido ao efetivo do B. S. C. F. e à 1ª Companhia em 3 de Março de 1919, marchando nesta mesma data a apresentar-se no Q. G. 1 [Quartel General da 1ª Divisão] a fim de ali lhe ser dado destino. Embarcou para Portugal com a Infantaria 14, a 28 de Março de 1919 no Helenus.
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 02
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/02/01002


NOME: José PEDRO
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: soldado servente nº 457
COMPANHIA: 3º Grupo de Bateria de Artilharia, 3ª Bateria
UNIDADE OU FORMAÇÃO: Artilharia 8
PLACA DE IDENTIDADE: 5498
NATURAL DE: Casal Pardo, Alfeizerão
ESTADO CIVIL: solteiro
PAIS: José Pedro e Maria do Rosário, residentes no Casal Pardo
EMBARQUE: 21 de Março de 1917
DESEMBARQUE: em Lisboa, em 28 de Outubro de 1918
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
Em 29 de Maio de 1918 seguiu para a ambulância inglesa. Seguiu em 31 do mesmo mês para o Hospital Inglês. Presente em 4/6/1918 oriundo da ambulância 4. 30 dias de licença para gozar em ares pátrios em sessão de 25, confirmada em 26/7/1918.
Abatido ao efetivo do 3º G. B. A. tendo passagem ao Depósito Artilharia C. por se encontrar ausente por excesso de licença de campanha em 3 de Setembro de 1918. Embarcou para Portugal em 23-10-1918.
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 6
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/06/05498

NOME: José CATARINO
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: soldado-ferrador nº 423
COMPANHIA: Regimento de Artilharia nº 2, 4.ª Bateria
UNIDADE OU FORMAÇÃO: 1º Grupo de Baterias de Morteiros, 2ª Bateria
PLACA DE IDENTIDADE: 4196 A
NATURAL DE: Vale de Maceira
ESTADO CIVIL: casado
ESPOSA: Maria Rosa Madeira, residente(s) em Vale de Maceira
PAIS: António Catarino e Maria Guilhermina
EMBARQUE: 20 de Janeiro de 1917
PARTIDA OU DESEMBARQUE: ? (excesso de licença de campanha)
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
Licença de campanha por 45 dias com princípio em 18 de Fevereiro de 1918. Destacado no Depósito de Artilharia C em 16 de Setembro nos termos do artº 2º da O. C.  nº 200 de 24-7-1918, onde ficou com o nº 244 da 3ª. Abatido ao efetivo do Depósito de Artilharia C em 31-1-1919. 
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 5
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/05/04196

NOME: José CASEMIRO
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: soldado nº 209
COMPANHIA: 1.º Regimento de Infantaria
UNIDADE OU FORMAÇÃO: Batalhão de Infantaria nº 7
PLACA DE IDENTIDADE: 1118
NATURAL DE: Alfeizerão
ESTADO CIVIL: casado
ESPOSA: Maria da Conceição, residente(s) no Casal Pardo
PAIS: José Casemiro e Joaquina Leopoldina
EMBARQUE: 20 de Janeiro de 1917
DESEMBARQUE: em Lisboa, a 5 de Março de 1919
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
Nada consta até 31 de Dezembro de 1917. Colocado na 1ª Companhia, no Batalhão de Infantaria 24 em 7 de Abril de 1918, onde ficou com o nº 692.
Diligência ao Depósito Disciplinar 1, a fim de escoltar presos em 26-1-1919.
Embarcou para Portugal com o Infantaria 24 em 1 de Março de 1919, no “Goentocio”.
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 2A
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/02A/01118


NOME: Joaquim LOPES
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: 1º Cabo, nº 579
COMPANHIA: 1ª Divisão, 2º Batalhão de Infantaria
UNIDADE OU FORMAÇÃO: Batalhão de Infantaria nº 7
PLACA DE IDENTIDADE: 6937
NATURAL DE: Alfeizerão
ESTADO CIVIL: solteiro
PAIS: Francisco Lopes e Elisa Maria, residentes em Vale de Maceira.
EMBARQUE: 19 de Janeiro de 1917
PARTIDA DE FRANÇA: 5 DE Julho de 1919
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
Baixa ao Hospital em 3 de Maio de 1917, alta em 25 de Junho.
Baixou à Ambulância 3 em 25 de Maio de 1919, Alta em 24.
Condecorado com a medalha comemorativa da expedição à França em 24-2-1919.
Repatriado com o D. D. 1 em 5-7-1919.
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 8
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/08/06937

NOME: Joaquim CARREIRA
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: soldado nº 180
COMPANHIA: 3.ª Companhia, 1.º Regimento de Infantaria
UNIDADE OU FORMAÇÃO: Batalhão de Infantaria nº 7
PLACA DE IDENTIDADE: 1111
NATURAL DE: Alfeizerão
ESTADO CIVIL: casado
ESPOSA: Ricardina Paulino, residente(s) em Fonte Figueira [Casal Fonte Figueira]
PAIS: António Joaquim Carreira e Francisca da Assunção [Assumpção]
EMBARQUE: 19 de Janeiro de 1917
DESEMBARQUE: em Lisboa, a 16 de Fevereiro de 1919
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
Ferido em combate em 12 de Junho de 1917. Baixa ao Hospital de Base 1 em 16 de Agosto de 1918, Alta em 22 de Setembro. Colocado no Batalhão de Infantaria 33 em 1 de Novembro. Desmobilizado e repatriado com o Batalhão de Infantaria 15 em 13 de Fevereiro de 1919, a bordo do “Orita”.
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL : Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 02/A
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/02A/01111


 NOME: José LUÍS
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: soldado, nº 239
COMPANHIA: 2ª Brigada de Infantaria
UNIDADE OU FORMAÇÃO: Regimento de Infantaria nº 7
PLACA DE IDENTIDADE: 1237-A
NATURAL DE: Casal do Amaro, Alfeizerão
ESTADO CIVIL: casado
ESPOSA: Maria da Encarnação
PAIS: Joaquim Luís (falecido) e Maria do Rosário
EMBARQUE: 20 de Janeiro de 1917
MORTE: 21 de Junho de 1917
CAUSA DA MORTE: morto em combate
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
Do seu registo disciplinar nada consta. Em Junho de 1917 faleceu na 1.ª linha por virtude de ferimentos produzidos por um estilhaço de morteiro, ferimentos em combate em 21, ficando sepultado no cemitério de Pont du Hem.
NOTA: trasladado para o Cemitério Militar Português de Richebourg l`Avoué (Departamento de Pas-de-Calais. França), onde se pode encontrar a sua sepultura (Talhão B, Fila 12, Coval 16)
IMAGEM DA LÁPIDE: cortesia do projeto Memorial aos Mortos na Grande Guerra
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 2A
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/02A/01237

A lápide de José Luís no Cemitério Militar Português de Richebourg l`Avoué
NOME: Joaquim CALDIANO DA SILVA
TEATRO DE GUERRA: França
POSTO: soldado condutor nº 403
COMPANHIA: Grupo de Baterias de Artilharia, 1ª Bateria
UNIDADE OU FORMAÇÃO: Regimento de Artilharia nº 2
PLACA DE IDENTIDADE: A 4155
NATURAL DE: Alfeizerão
ESTADO CIVIL: solteiro
PAIS: António da Silva e Maria Gertrudes, residentes em Alfeizerão
EMBARQUE: 19 de Janeiro de 1917
DESEMBARQUE: em Lisboa, a 19 de Julho de 1918
ALGUMAS (DAS) ANOTAÇÕES DO BOLETIM INDIVIDUAL:
Em 1 de Setembro de 1917 passou à Formação do Grupo, ficando com o nº 48. Em Janeiro de 1918, diligência para o 5º Grupo de Baterias de Artilharia; em 10 de Maio, diligência para o 1º. Seguiu para o P. E. [Pelotão de Estafetas] a fim de ser repatriado nos termos da Circular nº 475/11. Embarcou para Portugal no transporte “Pedro Nunes” a 8 de Julho.
LOCALIZAÇÃO FÍSICA DO BOLETIM INDIVIDUAL: Arquivo Histórico Militar, Boletins Individuais de Militares do CEP 1914/1918, Sargentos e Praças, Caixa nº 5
CÓDIGO DE REFERÊNCIA: PT/AHM/DIV/1/35A/2/05/04155