[POESIAS de Francisco Manoel Gomes da Silveira Malhão - oferecidas a seus amigos de toda a ordem, publicadas por João Nunes Esteves, Lisboa, 1802]
domingo, 23 de abril de 2017
segunda-feira, 20 de março de 2017
Uma viagem atribulada da Vestiaria às Caldas
Francisco
Manuel Gomes da Silveira Malhão, nasceu em Óbidos a 22 de Setembro de 1757,
formou-se em Leis em Coimbra e abriu uma banca de advogado na sua vila natal,
onde viria a falecer no ano de 1816. Celebrado boémio e poeta prolífico,
tornou-se conhecido nos seus tempos de Coimbra pela sua paixão pela música,
quer como executante (viola e guitarra),quer como cantor. É muitas vezes
referido como Malhão Velho para o distinguir do seu filho, o padre Francisco
Rafael da Silveira Malhão, poeta e orador sacro. Entre 1792 e 1797, publicou as
suas memórias autobiográficas: Vida e Feitos de Francisco Manuel Gomes da
Silveira Malhão, escritas por ele mesmo, de cujo Tomo III retiramos o excerto
que aqui apresentamos.
O
filho homónimo de Francisco da Silveira Malhão granjeou a estima e admiração
dos seus contemporâneos pelas suas prédicas e pelos seus escritos. Júlio César
Machado, que não perdia a oportunidade de se entrevistar com ele, evoca-o em
sentidas palavras na sua prosa memorialista:
“Oh! Como nós conversamos nesse dia; ao deixá-lo, apartei-me saudoso de Óbidos, que tanto vale dizer que me apartei do poeta, porque Óbidos nesse tempo não era mais do que Malhão, e hoje Óbidos não é nada. Pagou-lhe mal a sua terra, e a gente que o cercava pouca saudade pareceu sentir quando a sua alma voou para Deus. O seu enterro, que deu lugar a tantas misérias, que nem se citam, foi um acto indiferente para os dali. Poucos o acompanharam em vida, e na morte não o acompanhou nenhum. Uma frieza glacial pareceu acolher a queda do poeta sagrado (...) O pobre Malhão morreu pobre e só ao canto da vila onde vivera, sem o entender ninguém. E os senhores ministros da nossa terra, que têm sempre dinheiro e pachorra para mandarem patetas passear em comissões, nunca encontraram maneira de estabelecer uma pensão a uma irmã do poeta, senhora idosa que ficou em desgraça, e que havia sido a companheira constante da modesta e sublime existência do primeiro orador sagrado do nosso país". (MACHADO, Júlio César, Scenas da Minha Terra, pp. 47-48, Lisboa, Editor José Maria Correia Seabra, 1862)
“Oh! Como nós conversamos nesse dia; ao deixá-lo, apartei-me saudoso de Óbidos, que tanto vale dizer que me apartei do poeta, porque Óbidos nesse tempo não era mais do que Malhão, e hoje Óbidos não é nada. Pagou-lhe mal a sua terra, e a gente que o cercava pouca saudade pareceu sentir quando a sua alma voou para Deus. O seu enterro, que deu lugar a tantas misérias, que nem se citam, foi um acto indiferente para os dali. Poucos o acompanharam em vida, e na morte não o acompanhou nenhum. Uma frieza glacial pareceu acolher a queda do poeta sagrado (...) O pobre Malhão morreu pobre e só ao canto da vila onde vivera, sem o entender ninguém. E os senhores ministros da nossa terra, que têm sempre dinheiro e pachorra para mandarem patetas passear em comissões, nunca encontraram maneira de estabelecer uma pensão a uma irmã do poeta, senhora idosa que ficou em desgraça, e que havia sido a companheira constante da modesta e sublime existência do primeiro orador sagrado do nosso país". (MACHADO, Júlio César, Scenas da Minha Terra, pp. 47-48, Lisboa, Editor José Maria Correia Seabra, 1862)
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VI
Continuava
esta minha vida no estudo lento da Geometria, remetendo-me sempre de dia em
dia, por mais que me gritavam os amigos, porque todo enfronhado em agradar a um
mestre que já me havia negado piedade, não me receava tanto de outro em quem
supunha não me guardaria tanto no fundo da canastra; e por isso,
chegando-se o Natal, em vez de ocupar nisso as férias, vim de escaramuça a
Óbidos porque também desejava ter notícias verdadeiras do estado em que se
achava o meu irmão, a quem já por duas vezes haviam dado como morto.
VII
Sendo
meu companheiro nesta jornada, António Joaquim Franca, de Torres Vedras, o
qual nesse tempo ainda não havia apostatado do Direito Civil, fomos no dia
primeiro a Pombal a casa do Marquês do Couto, e no segundo a Alcobaça a casa de
António Batista; mas minto, no segundo dia a Leiria, e no terceiro a jantar em
Alcobaça na casa do dito; porque eu não quero senão o que é verdade.
VIII
Como
ele (o dono da casa) também nessa tarde ia para Óbidos, mas não precisava de ir
tão cedo como nós, esperamos um pouco, e partimos muito contentes da bela
sociedade, picando as bestas em direção[direitura] à Vestiaria,
fazendo caminho para a vila da Cela, com efeito íamos pernoitar a Óbidos, o que
não sucedeu (coisa que muito estimei), e o porquê aí vai em poucas palavras.
IX
É
costume de tempo que excede a memória dos vivos, e de que nem os mortos dão notícias,
fazer-se logo, passada a Vestiaria, um grande lameirão, com as suas
semelhanças comum golfo ou sorvedouro; aqui vai ela, o meu companheiro, como
francamente fazia tudo, francamente e apesar de advertido, meteu-se a ele
por sempre gostar de caminhar pelo trilhado, e não reparou que o que se
figurava lama cortada, era falta de cortadura, e humidade do olheiro, que
ali dormia muito solapado.
X
Enfim,
apenas entrou foi a inversão dos dentes de Cadmo, e se não me lanço ao
lameiro por uma parte mais sólida, de onde o agarrei pelo que restava do
seu pequeno corpo, teria de ser procurado à fateixa! Trouxe-o de rojo, fazendo
uma grande esteira pelo lameiro, e como eu nunca atei botas, lá me ficou
uma, e primeiro que a achasse, descalçou-se a outra, e saí segunda vez com
uma bota em cada mão, e tão cheias de barro que, sem encarecimento, me custaram
mais do que ele; feita a primeira parte, entra a segunda.
XI
Postos
nós a olhar uns para os outros, e naquele desamparo, sem aparecer viva alma,
e com o cavalo atolado de modo que só se lhe via o pescoço, o arção da sela e a
mala, ficamos amarelos, mudos, quedos, e juntos de um penedo, dois penedos.
XII
Como
estávamos daquele feitio, e quais dois porcos que se levantam do chiqueiro,
fomos cá de largo soltando a mala, e conseguimos tirar-lhe a sela, e
postos de atalaia, descobrimos dois homens que andavam cavando, dos quais o
Batista foi em demanda e os trouxe consigo, pois a Providência não falta,
e quando dá o trabalho, também acode com o remédio.
XIII
Lançados
os dois atletas, por mais diligências que fizeram, apenas conseguiram pô-lo em melhor
carregadouro; e só com uma corda que se foi buscar à Vestiaria, e outro
camarada mais, é que lançando-a atada por baixo das mãos e puxando todos, veio
vindo como barco à sirga, e deu com os ilhais em terra dura, donde custou a
levantar-se.
XIV
Era
uma coisa galante ver seis figuras, e com o cavalo sete, barradas
como uns fogareiros, sacudindo as mãos e tirando de si lama às postas,
levando um a sela, outro as botas, outro a mala, e outro o freio. E eu mesmo,
que por isto passava, não pude deixar de rir.
XV
Vendo nós as horas em que
estávamos, consequência de toda esta lastimosa e enlameada tragédia,
resolvemo-nos a ir pernoitar a Alfeizerão [Alfazirão], que nos ficava
mais perto, e proporcionado com o resto do dia, para cuja continuação
de viagem tirei sapatos da mala, e fui com as botas em ar de coldre, atascadas
de lama até à boca.
XVI Chegados à Cela, bebemos
aguardente como uns desesperados, e dando às gâmbias, descemos já de noite
a ladeira de Alfeizerão, aonde aportamos, fazendo riso a quanta gente
estava na casa que escolhemos para pousada.
XVII
Era véspera de Natal e eu
levava uma fome horrendíssima, quisemos consoar mas não havia mais do que
pão e vinho, e carne de porco crua; torrei fatias, aboboreias no vinho, assim chamado
porque para vinagre faltava-lhe muito pouco, e dando providência à
frigideirada para depois da meia-noite, nos amerendamos à fogueira, esperando
pela Missa do Galo, a que fomos, e voltamos a dar com a prateirada nas
tripas, a beber quatro trângolas, e a descansar alguma coisa em cima de uma
cama, que sendo má, levamos nela um sono muito bom.
XVIII
No outro dia, calçadas as botas, na
limpeza das quais levou toda a noite um rapaz dacasa, me guindei ao meu rocim,
e patinhando, ora lamas, ora poças d’água, entramos pela vila das Caldas, dando
muito estalos de manopla e fazendo toda a paracuada de estudante de Coimbra;
mas quão diversas, quão mudáveis e instantâneas são as coisas do mundo
e, principalmente, as glórias.
(MALHÃO, Francisco Manuel Gomes da
Silveira,
Vida
e Feitos de Francisco Manuel Gomes da Silveira Malhão, escritas por ele mesmo
, Tomo III, Lisboa, 1823,
Tipografia de J. F. M. de Campos]
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
As ferras de Alfeizerão, numa Farpa de Ramalho Ortigão
«A
mim, valentes entrudadas com ovos de gema, bisnagas e limões de cheiro. A mim,
ó Terça-Feira gorda, com todos os teus adminículos e atributos, vasos de noite,
abanos, chavelhos, rabos-leva, esguichos, pós de sapatos, filhós e coscorões
recheados de estopa, trambolhos para atar os artelhos e tachadas de breu para
pegar fundilhos às cadeiras! A mim, palavrões, gibadas, pés de nariz e
cambalhotas! A mim, toda a pilhéria e toda a laracha do tempo em que Lisboa
ria! A mim, as noites à viola do Baldansa, do Colete Encarnado e do Perna de
Pau! A mim, as olímpicas piadas do Sol, em tardes de touros no Campo Grande e
nas apartações e nas ferras de Castelo Melhor ou dos Campos de Alfeizerão!».
(Ramalho ORTIGÃO, Últimas Farpas, página 216, Editora
Bertrand, 1916)
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017
O busto do Professor Joaquim André dos Santos
Transcrevo
o texto da acta da Junta de Freguesia de Alfeizerão que deliberou erguer o
busto em homenagem ao professor Joaquim André dos Santos no Largo de Santo
Amaro (que por então, ainda conservou este nome). Esta acta (fl. 45) consta do Livro de Actas existente na própria Junta, cujo Termo de Abertura tem a data de 2 de Janeiro de 1951.
Acta da sessão
extraordinária da Junta de Freguesia de Alfeizerão, concelho de Alcobaça, em 7
de Janeiro de 1956.
Aos sete dias do mês de
Janeiro de mil e novecentos e cinquenta e seis anos, nesta vila de Alfeizerão e
sala das sessões da Junta de Freguesia, pelas vinte horas, se reuniu em sessão
extraordinária a mesma Junta de Freguesia, composta pelos senhores Joaquim da
Silva Pereira, Joaquim Ladeira e José Simões, respectivamente, Presidente,
Tesoureiro e Secretário.
Aberta a sessão, cujo fim foi
delineado [?] sobre a colocação do busto do Sr. Professor Joaquim André dos Santos
no Largo de Santo Amaro, esta Junta resolveu o seguinte.
Tendo vindo até nós uma
comissão composta pelos senhores Francisco Almeida Caiado, José Augusto Machado
da Polónia e Francisco Madeira, naturais de Alfeizerão, manifestou essa
comissão o desejo de prestar homenagem ao falecido professor Joaquim André dos
Santos, pessoa que relevantes serviços prestou no exercício das suas funções, e
indo até mais além, ao ponto de chegar a dar de comer e artigos escolares aos
seus alunos mais necessitados, veio a mesma pedir a esta Junta o seu apoio a
que seja colocado o busto do referido Mestre no Largo de Santo Amaro.
Assim deliberou esta Junta
na sua sessão extraordinária de sete de Janeiro de mil, novecentos e cinquenta
e seis, dar pleno apoio a que o referido busto seja erigido no Largo de Santo
Amaro.
Mais deliberou dar
conhecimento ao Exmo. Senhor Presidente da Câmara do Concelho, da atitude que
tomou, e que para tal lhe seja enviada uma cópia desta acta.
Não havendo mais nada a
tratar, foi encerrada a sessão, do que para constar se lavrou a presente acta,
que eu, José Simões, secretário, a subscrevi, e também assino.
[assinaturas:
Joaquim da Silva Pereira, Joaquim Ladeira, José Simões]
terça-feira, 1 de novembro de 2016
O filme «Lobos da Serra» – um close-up na carreira de Maria Domingas
![]() |
| O realizador Jorge Brum do Canto, e o seu assistente, Fernando Garcia |
O filme
LOBOS DA SERRA, Realização,
argumento e diálogos de Jorge Brum do Canto, Estúdios da Tobis Portuguesa.
Estreia no Tivoli, em Lisboa, a 23 de Fevereiro de 1942.
Enredo:
António,
noivo de Margarida (Maria Domingas) fica a tomar conta das terras do tio (Tio
Luís, personagem interpretado por António Silva) quando este tem de partir para
a capital. Os contrabandistas descem ao povoado, e encontram-se com Joaquim
(Carlos Otero), o irmão de Margarida, que trabalha para eles. Numa operação de
contrabando em que Joaquim participa, as coisas correm mal, e dois deles são
mortos pela Guarda Fiscal e o próprio Joaquim fica ferido. Consegue fugir e
voltar a casa, onde a família o encobre, apesar das suspeitas do sargento da
Guarda (o sargento Batata – Manuel
Santos Carvalho), que fica de olho nele. Durante a festa da Senhora da Peneda,
o sargento volta à carga, querendo obter uma confissão de Joaquim, mas tudo se
aquieta com a chegada da procissão, como se trouxesse a paz e a oportunidade
para Joaquim abandonar a vida de contrabando e se regenerar. António e
Margarida trabalham afincadamente nas terras, mas essa prosperidade é destruída
durante a noite por uma tempestade medonha que destrói as culturas e tudo o que
haviam conseguido com o seu trabalho. Margarida vai trabalhar para ajudar o
marido, e este, em segredo, aceita trabalhar com os contrabandistas para tentar
obter dinheiro e recuperar a propriedade que o tio deixara ao seu cuidado.
Quando pela calada da noite, se dirige para Espanha para ir buscar a
mercadoria, adormece e tem um sonho em que antevê o que poderia acontecer se
continuasse naquele caminho. Tomando o sonho como um sinal, António arrepende-se
e volta para trás, decidido a vingar pelo trabalho e não pelo crime (mais uma
experiência exemplar dos filmes deste realizador); e, para sua surpresa, constata
que toda a aldeia se juntara para recuperar as suas terras e limpá-las dos
efeitos da tempestade. Neste cenário de reconstrução e recomeço, o filme acaba
de forma idílica com António e Margarida abraçados e unidos, enquanto o cão
Patinhas saltita em redor.
Intérpretes:
Américo Leite Rosa (Ralha); António
de Sousa (António); António Rosa (Pancho); António Silva (Tio Luís); Armando Chagas (1º Miúdo); Armando Machado (Cabo Maximino); Artur Rodrigues (Tio João); Augusto Costa - Costinha (Joãozinho); Carlinhos - António da Silva
Viana (2º Miúdo); Carlos Barros (1º Guarda Fiscal); Carlos Otero (Joaquim); Ema de Oliveira (Senhora Micas); Jaime Mendes; João
Guerra (Pintassilgo); João Marques (3º Miúdo); João Tavares (1º Contrabandista); José Alves (Chiola); José Malveira; Madalena Vilaça
(Lola); Manuel Santos Carvalho (Sargento Batata); Maria Domingas (Margarida); Maria Emília Villas -
Marimília (Senhora Conceição); Natália
Silva (Garota); Reginaldo Duarte (2º Guarda Fiscal); Silva Araújo (Padre Eduardo). Participação especial do
cão Vouga (o Patinhas).
Estúdios, cenários e filmagens
A
consulta da revista “Animatógrafo”, dirigida por António Lopes Ribeiro,
permitiu-nos encontrar elementos que documentam todo o processo de criação
deste filme, desde os primeiros preparativos, à sua demorada montagem e
subsequente estreia em Lisboa no cinema Tivoli. São esses elementos que
trazemos aqui de uma forma organizada e cronológica.
Logo
no ano de 1940, ano de estreia do filme João
Ratão de Jorge Brum do Canto, a produtora Tobis anuncia que já se iniciara nos
estúdios da Quinta das Conchas a construção dos cenários do próximo filme do
realizador, Lobos da Serra. Num artigo
não assinado, pode ler-se na revista Animatógrafo:
Maria Domingas que com a
interpretação de «Vitória» de «João Ratão» marcou definitivamente o seu lugar
dentro do cinema português, vai novamente encarregar-se dum papel cheio de
dificuldades que é o de «Margarida», protagonista de «Os Lobos da Serra».
Sabemos que a personagem se lhe ajusta muito especialmente por foi escrita de
propósito para ela. Jorge Brum do Canto ficou tão satisfeito com o trabalho de
Domingas no «João Ratão» que teve sempre presente as qualidades e grandes
possibilidades dela enquanto delineou a ação de «Lobos da Serra» a qual gira,
precisamente, à volta de «Margarida» curiosa figura de rapariga que luta pela
felicidade e pela reconquista dos dias alegres quando estes fogem. No «João Ratão»
Domingas tivera já ocasião para cantar, chorar e rir. Agora em todos estes
aspetos e noutros a simpática vedeta, que está entusiasmada com o seu novo
papel, vai alargar com certeza as provas prestadas e cativar ainda mais as
nossas plateias – o que, aliás, pela maneira enérgica como luta para triunfar e
pelo seu inegável talento e fotogenia, merece absolutamente (revista Animatógrafo, direção de António Lopes
Ribeiro, 2ª. série, n.º 7, Natal de 1940).
Dois
meses depois, à data do início das filmagens, a revista descreve os cenários
ultimados da Tobis portuguesa: O estúdio
da Quinta das Conchas está neste momento completamente cheio, atravancado de
lés-a-lés, oferecendo um aspeto que se pode considerar inédito. Com efeito,
levantaram-se ao mesmo tempo vários complexos de cenários, depois de estudada
uma arrumação especial e conseguiu-se juntar, lado a lado, um posto de
fronteira da Guarda-Fiscal, o interior de uma casa de lavradores minhotos
remediados, uma grande azenha, uma ampla cozinha, vários quartos e um pequeno
aspeto duma rua de vila nortenha (Animatógrafo,
2ª série, n.º 15, p. 7, Lisboa, 17 de Fevereiro de 1941).
No
mês de Março, decorre a rodagem das difíceis filmagens de exteriores na Serra
da Estrela. Durante dez dias, e sob difíceis condições climatéricas,
estabeleceram a sua base na Covilhã e filmaram planos e cenas que precisavam na
Serra; o camião da Tobis carregado com a aparelhagem ficou atascado na neve e
houve que abrir uma estrada para o tirar dali; noutra ocasião, foi o realizador
e o seu assistente, Fernando Garcia, quem foi surpreendido pela nevasca
enquanto filmavam sozinhos alguns planos do alto da serra, e só a muito custo os
dois conseguiram regressar para junto da restante equipa (Animatógrafo, 2ª
Série, nº. 20, 24 de Março de 1941).
![]() |
| Duas peripécias (O Animatógrafo, 2.ª Série, n.º 22, 7 de Abril de 1941) |
A
14 de Abril, o Animatógrafo anunciava
o fim das filmagens de interiores para o filme, realçando entre as gravações, a
de uma cena entre Maria Domingas e António de Sousa, um episódio romântico, ao velho gosto lusíada, num cenário florido,
como é do gosto de Jorge Brum do Canto (id. 2ª. Série, nº. 23, 14 de Abril
de 1941). Os exteriores prosseguem, em Arcos de Valdevez, na serra da Peneda e
em Lisboa (ibid., nº. 31, de 9 de Junho de 1941), filmam-se cenas noturnas, e novas
cenas de interior, e novamente se regressa à Serra da Peneda, à Estrela e a
Arcos-de-Valdevez (ibid, nº. 33, de 23 de Junho de 1941; nº. 35, 7 de Julho de
1941; nº. 43 de 1 de Setembro de 1941).
Depois
de meses de montagem, com a captura de mais cenas de permeio, o Animatógrafo de 17 de Fevereiro de 1942
(3ª. Série, nº. 67) proclama a estreia do filme no Tivoli a 23 desse mês. Nesse
mesmo artigo se resume com as seguintes palavras o enredo do filme e o seu
conteúdo moral e normalizador: Pelos
cenários grandiosos da Serra da Estrela e da Serra da Peneda, vão passar as
cavalgadas do bando do contrabandista Chiola, fugidas e escondidas da
vigilância da Guarda Fiscal. São eles os «lobos da Serra». São eles que,
descendo ao povoado, virão tentar a vida calma que se desenrola na paisagem
tranquila da terra do Minho (...) Jorge Brum do Canto baseou o seu novo
trabalho numa história original onde dois temas, um movimentado, que é a vida
dos contrabandistas, e outro sentimental, se ligam para erguer uma ideia moral
- que é o regresso à terra e o abandono do lucro fácil, mas ilícito, do
contrabando.
A
estreia verifica-se na data anunciada, numa récita de gala no Tivoli com a
presença dos ministros das Finanças e das Colónias e do General Amílcar Mota em
representação do presidente da república. O Animatógrafo
(3.ª Série, nº. 69, 3 de Março de 1942) descreve com cores vivas a festa e os
seus intervenientes. Na mesma revista, na crítica ao filme, escreve Fernando
Fragoso sobre o desempenho de Maria Domingas: Maria Domingas é, fora de dúvida, uma das raparigas com mais personalidade
e intuição que têm aparecido nos nossos filmes. Impôs a «Guida» de Lobos da
Serra com a mesma facilidade com que nos deu a «Vitória» de João Ratão. E esta
«Guida» é bem mais difícil de "defender" do que a terna namorada do
soldado combatente da Flandres. Todas as expressões e inflexões de Maria
Domingas estão certas - e, a dominar umas e outras, uma espantosa naturalidade
que as valoriza constantemente. A sua atuação, tão justa e tão brilhante, até
nos faz esquecer certos vestidos e certos penteados que lhe não vão bem - e de
que ela, aliás, não tem culpa.
![]() |
| Alguns dos técnicos e atores do filme, com Maria Domingas, Brum do Canto e António Silva no centro |
domingo, 30 de outubro de 2016
Maria Domingas - breve evocação da sua carreira artística
MARIA
DOMINGAS nasceu em Alfeizerão a 11 de Setembro de 1921, e foi batizada com o
nome de Maria Domingas da Cunha Meneses. Era filha de Francisco da Cunha
Meneses e de Adelaide Baiana da Silva, residentes na vila. O seu pai, nascido
na freguesia de S. José em Lisboa, era filho do 6.º Conde de Lumiares, enquanto
a mãe, nascida em Alfeizerão, possui ascendentes na vila que se podem seguir
nos assentos paroquiais de Alfeizerão até ao século XVIII.
O
seu primeiro trabalho no cinema foi como figurante no filme Maria Papoila de 1936, quando contava
apenas quinze anos. Quatro anos depois, Jorge Brum do Canto convida-a para ser
a protagonista feminina do filme João
Ratão (1940). O filme segue a história de um jovem, João Ratão (Óscar de
Lemos) que é convocado para a guerra na Flandres e que ao regressar à terra
natal, se vê envolvido num triângulo amoroso com a sua noiva, Vitória (Maria
Domingas) e uma mulher de posses, Manuela (Teresa Casal). O filme conhecerá um
enorme sucesso, em grande parte devido à sua componente musical, onde se
destaca o Fado das Trincheiras, mais tarde imortalizado na voz de Fernando
Farinha, e canções que nos dão a conhecer a musicalidade da sua voz, como a Cantiga da Primavera.
Dois
anos depois, Maria Domingas entra em Os
Lobos da Serra, também sob a direção de Jorge Brum do Canto, um filme
dramático ambientado em paragens raianas, onde António (o ator António de
Sousa), noivo de Margarida (Maria Domingas), se deixa enredar nas teias do
contrabando para fazer face às dificuldades que atravessam.
Em
24 de Setembro de 1947 é estreado o filme seguinte da carreira de Maria
Domingas, Bola ao Centro, com
argumento e realização de João Moreira, com Jorge Brum do Canto a supervisionar
as filmagens; e que contaria com Alves Redol na escrita dos diálogos. O filme
conta a história de um jovem apaixonado pelo futebol, Zé António (José Amaro)
que para se tornar jogador abandona a família e a noiva, Maria Leonor (Maria Domingas),
e ingressa num clube de futebol da capital. Aí, depois de um começo promissor
embelezado por falsas promessas de carreira e pela trepidante vida noturna
citadina, Zé António vê o seu sonho frustrado, o que o leva a regressar desencantado à sua
terra, onde se reconcilia com Maria Leonor e consegue um emprego modesto,
caindo de imediato no esquecimento daqueles que antes o aplaudiam.
O
título seguinte da filmografia de Maria Domingas acontece apenas doze anos
depois. O Primo Basílio, adaptação
cinematográfica de António Lopes Ribeiro da obra homónima de Eça de Queirós
sobre a relação adúltera entre Luísa e Basílio. Neste filme, Maria Domingas
desempenhará um papel secundário numa produção que contará com atores como
Ribeirinho, João Villaret ou Manuel Santos Carvalho.
O último filme em que Maria Domingas participou, no papel de uma viúva, foi A Cruz de Ferro (1968), filme realizado pelo cineasta que a descobriu, Jorge Brum do Canto e que também participa no filme como ator. Como em outros filmes deste realizador, a ação desenrola-se no campo, e a tensão dramática do enredo gira em volta de duas aldeias que disputam entre si a posse da água.
Em
paralelo com a sua carreira cinematográfica, Maria Domingas, desenvolve a sua
participação no teatro. Foi no Teatro de Revista que Maria Domingas mais se
destacou, chegando a ser uma atriz de primeira grandeza, e tendo contracenado
com os maiores nomes da época, chegando a trabalhar em todos os teatros do
género. Também trabalhou como atriz teatral no Brasil e em Moçambique, país
onde viveu durante alguns anos.
O
final dos anos sessenta do século vinte assinala a retirada de Maria Domingas
da vida artística, movida por razões de foro pessoal.
De
salientar que Maria Domingas sempre manteve uma forte ligação à sua terra, onde
manteve uma casa e onde passava grande parte dos seus tempos livres. Também era
aí que estanciava durante as tournées pelo país, recebendo outros atores em
animados serões que as pessoas ainda recordam com agrado. Refira-se ainda que
Maria Domingas se propôs para ser juíza da Festa de Santo Amaro em 1967, facto
que não concretizou devido ao seu casamento em 1966, tendo delegado esse cargo
numa pessoa de sua confiança.
terça-feira, 18 de outubro de 2016
MARIA DOMINGAS - a sua genealogia paterna
![]() |
| Maria Domingas, numa cena do filme João Ratão |
Depois de aqui termos trazido alguns dados sobre a genealogia da atriz Maria Domingas, tentaremos complementar esse apontamento com informações sobre a sua ascendência paterna, tema que havíamos descurado na nossa publicação anterior.
O pai de Maria Domingas, Francisco de Assis da Cunha e Meneses, nascido em 1874, era um dos filhos do 6º. Conde de Lumiares, D. José Manuel da Cunha Faro e Meneses Portugal da Silveira. Antes de falarmos deste fidalgo e das origens do título, começaremos por recordar aqui um dos seus avoengos mais ilustres, Martim Afonso de Sousa.
O César das Índias
| Martim Afonso de Sousa |
Martim Afonso de Sousa nasce em
Vila Viçosa numa data imprecisa próxima ao ano de 1490, e descendia de uma das
mais antigas famílias do reino, os Sousa ou Sousa Chichorro. Numa carta (de
Novembro de 1545) de um primo seu, Aleixo de Sousa, ao governador da Índia, D.
João de Castro, lembra-se ao destinatário da carta que «a minha geração (des
que há Reis em Portugal) foi sempre das mais honradas do Reyno, e ouve sempre
nella muitos honrados homens» (PELÚCIA, p. 33). Pelo seu estatuto de nobre,
Martim Afonso de Sousa passou os primeiros anos da sua juventude na corte,
sendo pajem do Duque de Bragança, e do infante D. João, futuro rei de Portugal.
Estudou matemática e cosmografia, e
com a subida de D. João III ao trono, Martim Afonso de Sousa é encarregue pelo
rei de acompanhar a Castela, Dona Leonor, viúva do Rei Venturoso. Em Castela,
combate os franceses sob o comando do rei D. Carlos V, e ainda no reino vizinho
contrai casamento com D. Ana Pimentel, uma mulher nobre. Regressa a Portugal,
integrando a comitiva que traz a Lisboa a irmã de Carlos V, Dona Catarina, para
se casar com o rei português. Em Portugal é nomeado conselheiro da Coroa e D.
João III escolhe-o para capitanear uma expedição ao Brasil. Esta expedição
compõem-se da nau capitânia sob o comando de Martim de Sousa e do seu irmão
Pêro Lopes de Sousa, o galeão São Vicente confiado a Pêro Lopes Pinheiro, a
caravela Rosa capitaneada por Diogo Leite, e a caravela Princesa, sob as ordens
de Baltasar Fernandes; parte do porto de Lisboa a 3 de Dezembro de 1530, e
percorre as costas do Brasil onde combate e apresa navios franceses que aí se encontram;
a expedição funda em seguida a primeira vila portuguesa no território, São
Vicente. Frustrado nas suas buscas por ouro e prata, a presença de Martim de
Sousa no novo continente acompanhará a aposta definitiva na agricultura e no
cultivo da cana-de-açúcar, e a divisão do território em capitanias, ficando-lhe
atribuída a capitania de S. Vicente que Martim Afonso governaria até ao seu
regresso ao reino em meados de 1533. Um ano depois, é nomeado capitão-mor do
mar das Índias, para onde se desloca para combater os corsários e mouros; consegue
a concessão aos portugueses do lugar de Diu para se erguer uma fortaleza depois
de auxiliar o sultão de Cambaia na luta contra os mongóis; e logra depois disso
a defesa de Cochim, uma admirável vitória militar contra o rajá de Calecute e
um novo triunfo sobre o mesmo potentado em 1538. Estando já em Lisboa, é
nomeado vice-rei das Índias por D. João III em 1542, sucedendo aí a D. Estevão
da Gama. O seu papel como vice-rei e administrador desfez a reputação que
granjeara durante anos como capitão de guerra, abrindo um período de corrupção,
debilidade estratégica e enriquecimento indevido. Em 1545, sucede-lhe D. João
de Castro e Martim Afonso regressa a Lisboa no princípio de 1546, onde
permanece como conselheiro da Coroa. Morre em Lisboa em 1571 e é sepultado no
convento de S. Francisco, em Lisboa.
Sousas e Meneses – os condes de Lumiares
A capitania de S. Vicente no Brasil
manteve-se na família de Martim Afonso de Sousa. A sua neta, D. Mariana de
Sousa Guerra foi a quarta donatária da capitania, transmitida às gerações
seguintes da família: Luís Carneiro de Sousa, Francisco Carneiro de Sousa,
António Carneiro de Sousa (agora Capitania de São Paulo e Minas de Ouro),
Francisco Carneiro de Sousa e Carlos Carneiro de Sousa e Faro (Capitania de São
Paulo), com o qual o título é extinto.
António Carneiro de Sousa morreu
sem descendentes, e é o seu irmão, Carlos Carneiro de Sousa e Faro quem se
torna o derradeiro detentor do título, da mesma forma que foi o quinto Conde da
Ilha do Príncipe, título nobiliárquico associado ao primeiro, e que tinha sido
criado por Filipe III de Portugal em benefício de Luís Carneiro de Sousa,
bisavô deste 5º. Conde.
Tendo ficado sem o título de Conde
da Ilha do Príncipe, Carlos Carneiro de Sousa e Faro (1710-1770) recebe em
compensação o título de Conde de Lumiares por mercê do rei D. José I de 29 de
Setembro de 1753. O brasão de armas do primeiro
Conde de Lumiares é o dos Carneiros: em campo vermelho, com banda de azul,
perfilada de ouro, carregada de três flores-de-lis do mesmo e acompanhada de
dois carneiros de prata, armados de ouro. Timbre: um dos carneiros do escudo.
Madalena Gertrudes Carneiro de
Sousa e Faro (1737-1793), filha de Carlos Carneiro de Sousa e Faro e Ana
Vicência de Noronha, será a segunda
Condessa de Lumiares. Após o seu casamento com José Francisco Portugal da
Gama e Vasconcelos, ostentará o nome de D. Madalena Gertrudes Portugal da Gama
e Vasconcelos.
Maria do Resgate Carneiro Portugal
da Gama Vasconcelos Sousa Faro (1771-1823), filha do casal anterior, casou-se
com Manuel Inácio da Cunha e Menezes (1742-1791), que deteve o título de Conde
de Lumiares; mas após a sua morte, Maria do Resgate subsistiu como a terceira Condessa de Lumiares, tendo-se
casado em segundas núpcias com Luís da Cunha Portugal e Meneses, seu cunhado.
José Manuel Inácio da Cunha e
Meneses da Gama e Vasconcelos Carneiro de Sousa Portugal e Faro (1788-1849), quarto conde de Lumiares, era filho de
Maria do Resgate e de Manuel Inácio da Cunha e Menezes. Militar e político, foi
brigadeiro, deputado, Par do Reino e Presidente do Conselho de Ministros.
Faleceu no palácio dos Condes de Lumiares (freguesia de S. José, em Lisboa) no
ano de 1849, e teve seis filhos, frutos do seu casamento com D. Luísa de
Meneses, dama da rainha
D. Maria I: D. José Félix da Cunha e Meneses; D. Francisco da Cunha e Meneses;
D. Manuel da Cunha e Meneses; D. Luís da Cunha e Meneses; D. Carlos da Cunha e
Meneses; D. Maria Nazareno da Cunha e Meneses.
D. José Félix da Cunha e Meneses (1808-1843),
era o filho mais velho dos precedentes e quinto
conde de Lumiares. Casou-se em 8 de Junho de 1835 com Constança de Saldanha
e Riba Fria e tiveram três filhos: José Manuel da Cunha Faro e Meneses Portugal
da Silveira; Leonor da Cunha e Meneses e D. José Manuel da Cunha e Faro Meneses
Portugal da Silveira.
O mais velho, D. José Manuel da
Cunha Faro e Meneses Portugal da Silveira (1836-1902), foi o sexto e último conde de Lumiares. Da
sua esposa, Ana Amélia Pinto de Sousa Coutinho Balsemão, teve dez filhos, entre
os quais se contava Francisco de Assis
da Cunha e Meneses. O título de conde foi-lhe renovado em vida por decreto
de 27 de Abril de 1858.
Francisco de Assis da Cunha e
Meneses (1874-1942), foi o pai de MARIA DOMINGAS da Cunha Meneses, nascida da
sua união com Adelaide Baiana da Silva.
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| Francisco de Assis da Cunha e Meneses |
Fontes:
CASTELO BRANCO, José Barbosa Canaes de Figueiredo, Costados das familias illustes [sic] de Portugal, Algarves, Ilhas, e Indias, Volume 1, Lisboa, na Impressão Régia, ano de 1829.
MESQUITA, Manuel de Castro Pereira de; e CASTELO BRANCO E TORRES, João Carlos Feo Cardoso de, Resenha das familias titulares do reino de Portugal: Acompanhada das noticias biographicas de alguns individuos das mesmas familias, Imprensa Nacional, Lisboa, 1838.
PELÚCIA, Alexandra Maria Pinheiro, Martim Afonso de Sousa e a sua Linhagem: A Elite Dirigente do Império Português nos Reinados de D. João III e D. Sebastião, Universidade Nova de Lisboa Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Lisboa, 2007.
MESQUITA, Manuel de Castro Pereira de; e CASTELO BRANCO E TORRES, João Carlos Feo Cardoso de, Resenha das familias titulares do reino de Portugal: Acompanhada das noticias biographicas de alguns individuos das mesmas familias, Imprensa Nacional, Lisboa, 1838.
PELÚCIA, Alexandra Maria Pinheiro, Martim Afonso de Sousa e a sua Linhagem: A Elite Dirigente do Império Português nos Reinados de D. João III e D. Sebastião, Universidade Nova de Lisboa Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Lisboa, 2007.
ANEXO 1
Árvore de costados dos Condes de Lumiares.
(CASTELO BRANCO, José Barbosa Canaes de Figueiredo, Costados das familias illustes [sic] de Portugal, Algarves, Ilhas, e Indias, Volume 1, p 44, Lisboa, na Impressão Régia, ano de 1829).
ANEXO II
Algumas aditamentos aos títulos da família e às suas uniões e parentesco
(MESQUITA, Manuel de Castro Pereira de; e CASTELO BRANCO E TORRES, João Carlos Feo Cardoso de, Resenha das familias titulares do reino de Portugal: Acompanhada das noticias biographicas de alguns individuos das mesmas familias, pp. 115-117, Imprensa Nacional, Lisboa, 1838).
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