domingo, 18 de janeiro de 2015

A LENDA DO CASTELO DE ALFEIZERÃO - Um aditamento


     O Marquês de Rio Maior redigiu uma versão desenvolvida desta lenda - já transcrita nesta página - e julgamos oportuno completar agora esse texto com outras alusões, mais modestas, à mesma lenda.

     Pinho Leal, em quem se baseia o Marquês de Rio Maior, escreve sobre a fortaleza de Alfeizerão:
        D. Afonso I a tomou aos mouros por surpresa em 1147. O último possuidor árabe do castelo foi o emir Aben-Hassan. É tradição que o emir, vendo o castelo perdido, abraçou a sua filha Zaira, e com ela se precipitou das muralhas, morrendo ambos despedaçados.
     (PINHO LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de, Portugal Antigo e Moderno, volume primeiro, páginas 116-117, Livraria Editora de Matos Moreira & Companhia, Lisboa, 1873).

     Tito Larcher repete à letra Pinho Leal, mas acrescenta:
     Isto em 1147, quando D. Afonso Henriques tomou o castelo. Ora, a verdade é que D. Afonso Henriques não teve esse trabalho, pois que, como referimos quando tratamos de Alcobaça, a esse tempo, toda essa região estava desabitada, e quanto a Zaira, [ela] é figurante das lendas de toda esta região, Leiria, Porto de Mós, Minde, etc.
     (LARCHER, Tito Benevenuto, Dicionário Biográfico, Corográfico e Histórico do Distrito de Leiria, Leiria, 1907).

     Luís Bonifácio, divergindo um pouco na lenda, conta por sua vez:
    Mil cento e quarenta e sete, Afonso Henriques lança-se sobre Alfeizerão. Conquista o castelo não sem heroicidade, e a sua bandeira branca, com a cruz azul, passou a flutuar nas ameias do forte. (...) Contam as crónicas locais que Zaira, a donzela moura, se apaixonara por um cavaleiro cristão, e por ele captada o recebera, alta noite, sem a mínima desconfiança. O indigne sedutor atraiçoara a moura, dando entrada aos correlegionários que se apossaram da fortaleza. Tomada de remorsos e pavor, Zaira contou ao emir a sua loucura. O pai, Aben-Hassan, que a adorava, abraçou-a e precipitou-se com ela das muralhas, preferindo a morte à desonra e à escravidão.
     (BONIFÁCIO, Luís, ALFEIZERÃO - Notas Históricas e Arqueológicas, Boletim da Junta da Província da Estremadura, 1949, série II, nº XXII).


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