MARIA
DOMINGAS nasceu em Alfeizerão a 11 de Setembro de 1921, e foi batizada com o
nome de Maria Domingas da Cunha Meneses. Era filha de Francisco da Cunha
Meneses e de Adelaide Baiana da Silva, residentes na vila. O seu pai, nascido
na freguesia de S. José em Lisboa, era filho do 6.º Conde de Lumiares, enquanto
a mãe, nascida em Alfeizerão, possui ascendentes na vila que se podem seguir
nos assentos paroquiais de Alfeizerão até ao século XVIII.
O
seu primeiro trabalho no cinema foi como figurante no filme Maria Papoila de 1936, quando contava
apenas quinze anos. Quatro anos depois, Jorge Brum do Canto convida-a para ser
a protagonista feminina do filme João
Ratão (1940). O filme segue a história de um jovem, João Ratão (Óscar de
Lemos) que é convocado para a guerra na Flandres e que ao regressar à terra
natal, se vê envolvido num triângulo amoroso com a sua noiva, Vitória (Maria
Domingas) e uma mulher de posses, Manuela (Teresa Casal). O filme conhecerá um
enorme sucesso, em grande parte devido à sua componente musical, onde se
destaca o Fado das Trincheiras, mais tarde imortalizado na voz de Fernando
Farinha, e canções que nos dão a conhecer a musicalidade da sua voz, como a Cantiga da Primavera.
Dois
anos depois, Maria Domingas entra em Os
Lobos da Serra, também sob a direção de Jorge Brum do Canto, um filme
dramático ambientado em paragens raianas, onde António (o ator António de
Sousa), noivo de Margarida (Maria Domingas), se deixa enredar nas teias do
contrabando para fazer face às dificuldades que atravessam.
Em
24 de Setembro de 1947 é estreado o filme seguinte da carreira de Maria
Domingas, Bola ao Centro, com
argumento e realização de João Moreira, com Jorge Brum do Canto a supervisionar
as filmagens; e que contaria com Alves Redol na escrita dos diálogos. O filme
conta a história de um jovem apaixonado pelo futebol, Zé António (José Amaro)
que para se tornar jogador abandona a família e a noiva, Maria Leonor (Maria Domingas),
e ingressa num clube de futebol da capital. Aí, depois de um começo promissor
embelezado por falsas promessas de carreira e pela trepidante vida noturna
citadina, Zé António vê o seu sonho frustrado, o que o leva a regressar desencantado à sua
terra, onde se reconcilia com Maria Leonor e consegue um emprego modesto,
caindo de imediato no esquecimento daqueles que antes o aplaudiam.
O
título seguinte da filmografia de Maria Domingas acontece apenas doze anos
depois. O Primo Basílio, adaptação
cinematográfica de António Lopes Ribeiro da obra homónima de Eça de Queirós
sobre a relação adúltera entre Luísa e Basílio. Neste filme, Maria Domingas
desempenhará um papel secundário numa produção que contará com atores como
Ribeirinho, João Villaret ou Manuel Santos Carvalho.
O último filme em que Maria Domingas participou, no papel de uma viúva, foi A Cruz de Ferro (1968), filme realizado pelo cineasta que a descobriu, Jorge Brum do Canto e que também participa no filme como ator. Como em outros filmes deste realizador, a ação desenrola-se no campo, e a tensão dramática do enredo gira em volta de duas aldeias que disputam entre si a posse da água.
Em
paralelo com a sua carreira cinematográfica, Maria Domingas, desenvolve a sua
participação no teatro. Foi no Teatro de Revista que Maria Domingas mais se
destacou, chegando a ser uma atriz de primeira grandeza, e tendo contracenado
com os maiores nomes da época, chegando a trabalhar em todos os teatros do
género. Também trabalhou como atriz teatral no Brasil e em Moçambique, país
onde viveu durante alguns anos.
O
final dos anos sessenta do século vinte assinala a retirada de Maria Domingas
da vida artística, movida por razões de foro pessoal.
De
salientar que Maria Domingas sempre manteve uma forte ligação à sua terra, onde
manteve uma casa e onde passava grande parte dos seus tempos livres. Também era
aí que estanciava durante as tournées pelo país, recebendo outros atores em
animados serões que as pessoas ainda recordam com agrado. Refira-se ainda que
Maria Domingas se propôs para ser juíza da Festa de Santo Amaro em 1967, facto
que não concretizou devido ao seu casamento em 1966, tendo delegado esse cargo
numa pessoa de sua confiança.
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