segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

As ferras de Alfeizerão, numa Farpa de Ramalho Ortigão



            «A mim, valentes entrudadas com ovos de gema, bisnagas e limões de cheiro. A mim, ó Terça-Feira gorda, com todos os teus adminículos e atributos, vasos de noite, abanos, chavelhos, rabos-leva, esguichos, pós de sapatos, filhós e coscorões recheados de estopa, trambolhos para atar os artelhos e tachadas de breu para pegar fundilhos às cadeiras! A mim, palavrões, gibadas, pés de nariz e cambalhotas! A mim, toda a pilhéria e toda a laracha do tempo em que Lisboa ria! A mim, as noites à viola do Baldansa, do Colete Encarnado e do Perna de Pau! A mim, as olímpicas piadas do Sol, em tardes de touros no Campo Grande e nas apartações e nas ferras de Castelo Melhor ou dos Campos de Alfeizerão!».


(Ramalho ORTIGÃO, Últimas Farpas, página 216, Editora Bertrand, 1916)

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