domingo, 22 de fevereiro de 2015

A estadia do rei D. Dinis no castelo de Alfeizerão

Gravura de 1791 (Lusitanorum Regum Icones Ordinis Temporum Expositae),
Biblioteca Nacional, Lisboa.
«(...) No principio poz el rey D. Dinis a Universidade primeyro em Lisboa; pouco depois mudou-a pera Coimbra, donde outra vez el Rey Dom Fernando a tornou a por em Lisboa, & ahi esteve atè que ultimamente elRey D. João III lhe deu casa certa outra vez em Coimbra, & assento proprio no seu mesmo Palacio Real, ampliando-a, &reformandoa na mesma forma que a vemos hoje. 
«Porem, não foi Deos servido que visse o Abbade d. Fr. Martinho o dezejado fim nas suas ãciozas diligencias; porque quando o Pontifice em Roma despachou a Bulla, & elRey em Portugal ordenou a Universidade já elle era no Ceo, porque morreo no fim do mes de Julho de 1290; mas Deos Senhor nosso satisfeslhe com outra grande felicidade o excessivo contentamento, que ouvera de ter, se vira em seus dias a nova Universidade que dezejava; porque agazalhou; & teve por sua hospeda no Real Mosteyro de Alcobaça a gloriosa nossa Raynha Santa Izabel. 
«No mes de Mayo de 1287, succedeo que fez jornada elRey D. Dinis de Lisboa pera Coimbra & na sua companhia a mesma Raynha Santa, & tomaraõ ambos a via de Alenquer; de Alenquer vieraõ a Obidos, & da hi teve avizo o Abbade Dom Fr. Martinho da vezinhança das Pessoas Reaes, pelo que os foy esperar à sua Villa de Alfeizaraõ, que he entre Obidos & Alcobaça. Chegaraõ a Alfeizaraõ os dous Reys em 9. do mes de Junho, & no Castello da mesma Villa os agazalhou o Abbade com o devido esplendor a tãta Alteza; do Castello abalaraõ pera Alcobaça e, 12. de Junho, & quando foy na tarde do mesmo dia se foraõ apear junto do Mosteyro, aonde os estava esperando à porta da Igreja a devota Comunidade dos mõges; & todos (ao que se deve entender) com hum grande alvoroço por averem de tratar tam de perto a huma Princeza, de quem cantava a fama de tantas maravilhas de santidade. A mesma Senhora tambem trazia mayor dezejo de ver a casa, tanto pela boa opiniam de seus moradores, quanto por ser o Real Mosteyro em toda idade o primeyro empenho, & desvelo dos nossos Reys (...)».

( Frei Manuel dos SantosAlcobaça Illustrada - Noticias, e Historia dos Mosteiros, e Monges insignes Cistercienses da Congregação de S. Maria de Alcobaça da Ordem de S. Bernardo nestes Reinos de Portugal, e Algarves. Parte. 1. Contém a Fundação, progressos gloriosos, Privilegios, Regalias, e Jurisdiçoens do Real Mosteiro de Alcobaça, Cabeça da Congregação no tempo de seus Abbades perpetuos, e Administradores Cõmendatarios até a morte do Cardeal D. Henrique, com muitas noticias antigas, e modernas do Reino, e Serenissimos Reys de Portugal, Parte I, página 122, impr. de Bento Secco Ferreira, Coimbra, 1710).

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