terça-feira, 16 de setembro de 2014

Alfeizerão, nos estudos de Carlos Teixeira

Carlos Teixeira (1910-1982) foi um dos maiores naturalistas e geólogos portugueses, e um dos fundadores da Sociedade Geológica Portuguesa, com Carrington da Costa e João Manuel Cotelo Neiva. Publicou mais de quinhentos trabalhos científicos.

Em dois deles, estudou a flora fóssil encontrada em Alfeizerão.

No primeiro (que só conheço de referências bibliográficas), com o título "Sur une Davallia du Mesozoique du Portugal", publicado em 1945 no Boletim da Sociedade Geológica de Portugal, volume IV (III) (Porto), Carlos Teixeira fala de um exemplar fóssil de feto que encontrara em Alfeizerão, e que batizara com o nome da terra: DAVALLIA ALFEIZERANENSIS, sendo Davallia o nome científico das diversas espécies de fetos (Ordem Polypodiales, família Davalliaceae),

O segundo trabalho, "Flora Mesozóica Portuguesa", volume II - uma edição da Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos (Lisboa, 1948), pode ser lido na Web (hiperligação no título), digitalizado pelo Google. Neste trabalho debruça-se sobre diversas jazidas de flora fóssil do Jurássico e Cretácico, com descrição e ilustrações (estampas). 


Na página 16, opina que um dos exemplares de planta fóssil recolhidos em Portugal pelo paleobotânico francês Gaston de Saporta "é a mesma espécie descrita recentemente por mim sob o nome de Davallia Alfeizeranensis".

Na página 113, escreve: "O leito fossilífero de Alfeizerão é constituído por uma camada de argila com vegetais, que assenta sobre calcário cinzento com restos de crinóides e ouriços e é coberta por uma assentada de carvão em que se encontram ossos de répteis. A espécie dominante é Davallia Delgadoi (Sap,) Teix., aparecendo também restos de uma gimnospérmica, talvez Cyparissidium. Da primeira destas plantas encontram-se nas argilas de Alfeizerão não só impressões de frondes estéreis mas ao mesmo tempo bons exemplares de frondes férteis".

No final da obra, reproduz os fósseis de Alfeizerão em duas Estampas. a Estampa XII com os exemplares de Davallia Delgadoi, em tamanho natural, e ampliados (acrescidos da alínea a), e parte da Estampa XIII, no qual as figuras 1, 2 e 3 representam fragmentos de ramos de árvores da jazida de Alfeizerão.






Num trabalho (mais) recente de J.Pais, da Universidade Nova de Lisboa sobre "Os Vegetais do Oxfordiano (Lusitaniano) de Leiria" (1977), o autor considera que, entre os exemplares de flora fóssil dos arredores de Leiria, aparece uma espécie de feto, o Coniopteris, a que poderia corresponder a "Duvallia Alfeizeranensis" que Carlos Teixeira encontrou nas argilas de Alfeizerão.




José Eduardo Lopes

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