Apontamentos sobre o Livro das Contas da
Livraria do Mosteiro – os critérios usados
O
Livro das contas da Livraria do Real
Mosteiro d' Alcobaça (cota BNP, cod-7353; com versão eletrónica no endereço
http://purl.pt/24965), distribui-se
entre os anos de 1812 e 1833. As contas (receitas e despesas) vão de 1 de Abril
de um dado ano até ao último dia de Março do ano seguinte; ciclo integrado num
ciclo institucional mais alargado de três anos, em que se mudava o Abade
titular da Ordem e este nomeava um novo Bibliotecário-Mor (o que nem sempre
aconteceu).
-
Procedemos à transposição modernizada do texto destes Balanços, não
indicando as somas apontadas a menos que estivessem inscritas dentro do texto.
-
Agrupamos, artificialmente, essas contas por triénios. Alguma anotação mais
breve, encontrar-se-á interpolada entre parêntesis retos; os títulos ou
topónimos que merecerem uma nota explicativa mais alargada estão assinalados
por um asterisco, e a dita anotação alojada no «Comentário» redigido por nós no
final do respetivo triénio, para aproximar a leitura de uma eventual
consulta.
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No fim dos apontamentos feitos, exibiremos um quadro sinóptico das receitas e
despesas da Livraria durante o período abrangido por este Livro das Contas.
Livro das
Contas da Livraria
do
Real
Mosteiro de Alcobaça
Aviso
introdutório do livro: Cometemos as
nossas vezes [encarregamos] ao
Reverendo Padre Fr. Francisco de Moraes para rubricar este Livro que terá a
mesma autoridade como que se por nós fosse rubricado. Alcobaça, 23 de Janeiro
de 1812.
Fr.
Fernando Pimentel [Abade de Alcobaça]
Triénio de 1810-1813 (fls. 1- 4v.)
Contas que dá Fr. José Ponce de Leão da renda da Livraria desde que lhe
foi entregue, que foi a 5 de Outubro de 1811, sendo D. Abade Geral e Esmoler-Mor
o Reverendíssimo Sr. P. Fr. Fernando Pimentel.
Recibo
de 1810
Neste ano foram perdoadas todas as
Ordinárias que pagão as Rendas a esta: foram perdoados alguns Foros como se
mostra pelo Recebimentos dos Direitos das Quintas e nada se recebeu mais do que
da de S. Gião* e da Aroeira, como se mostra.
Alfeizerão
(recebido de Foro do moinho de João Simões); Vimeiro (recebido da azenha da viúva
de António Duarte [«d’Antonio do Arte»]); Arieiro [Areeiro,Turquel ?] (recebido
do moinho de António Gomes Canastreiro); Mata da Torre (recebido deste moinho);
Ponte do Navias [Ponte do Neiva?](recebido do Foro desta Quinta); Santa Catarina
(recº. do moinho de Domingos d’Abreu; recº. do moinho de Jorge Henriques); Castanheira
(recº. do moinho, só que das terras nada se recebeu); S. Martinho do Porto (recº.
do Armazém do Inferno*) S. Gião (recº. desta Quinta); Aroeira* (recº. destes
Direitos de Torres Vedras).
Recibo
de 1811
Neste anno forão perduadas
ametade das Ordinarias: o Foro da Quinta de S. Martinho e mais dous annos que
se devião atrazados em razão dos serviços que o Proprietario desta Quinta fez
em utelidade da Ordem tanto no primeiro, como segundo embarque.
Alfeizerão
(recº. do moinho de João Simões); Vimeiro (recº. da azenha d’António Duarte); Arieiro
(recº. do moinho de António Gomes Canastreiro); Mata da Torre (recº. deste moinho);
Santa Catarina (recº. do moinho de Domingos d’Abreu; e recº. do moinho de Jorge
Henriques); Turquel (recº. do moinho dos Herdeiros do Capitão António Ribeiro; recº.
dos moinhos de Domingos Ribeiro).
QUINTAS:
recº. da Ponte de Navias; recº. do Outeiro [?] não entrando os Foros; recº. dos
Dízimos do Valbom; recº. do Casal dos Brincanos [Brancanes, Setúbal?]; recº. do
Quifel*; recº. de S. Gião; recº. da Aroeira em Torres Vedras; recº. da
Castanheira; recº. do Armazém do Inferno.
FEIRAS:
recº. dos direitos das ditas
PROPINAS:
recebidas as propinas da renda d’Alvorninha; da Maiorga; de Aljubarrota; da Cela;
de Évora; de Famalicão; do Julgado; da Pederneira; de Santarém; de Salir de Matos;
do Valado; d’Alcobaça; d’Alfeizerão; do Relego da Cela; de Santa Catarina.
Recibo
de 1812
Neste anno forão perduadas huma
quarta parte das Ordinarias.
FOROS:
Alfeizerão (recº. do moinho de João Simões); Arieiro (recº. deste moinho); Mata
da Torre (recº. desta azenha); Santa Catarina (recº. do moinho de Domingos
d’Abreu; e recº. do moinho de Jorge Henriques); Turquel (recº. do moinho dos
Herdeiros do Capitão António Ribeiro; recº. dos moinhos de Domingos Ribeiro).
QUINTAS:
rec.º da de S. Martinho ;recº. da Ponte de Navias; recº. do Outeiro; recº. dos
Dízimos do Valbom; recº.do Casal dos Brincanos; recº. do Quifel; recº. de S.
Gião; recº. da Aroeira em Torres Vedras; recº. da Castanheira das terras; recº.
do Armazém de S. Martinho.
FEIRAS:
recº. dos direitos das ditas
PROPINAS:
recebidas as propinas da renda d’Aljubarrota; de Santa Catarina; do Julgado; da
Cela; de Famalicão; de Salir de Matos; da Pederneira; d’Alcobaça; do Valado;
d’Alvorninha; d’Alfeizerão; d’Évora; da Maiorga; de Turquel, de Santarém; do
Relego da Cela.
Outros
recebimentos: de dívidas antigas; de uma restituição; do Pe. João Fradinho;
recebido do excesso que há na Bolsaria do Convento.
Despesa
que se fez em todos os três anos
Em
Gazetas (despendido as ditas até ao fim de Fevereiro de 1813); em Correios
(despendido nos ditos de Londres, e Brasilienses* até ao fim do mesmo ano);
Folhetos
(despendido em 12 ditos do Jornal de
Coimbra e no seu semestre; despº. na Confissão
de Bonaparte *; despº. na História do
Gabinete de S. Cloud*; despº. nas Ordens
do Dia; despº. em este Livreiro para o Reverendíssimo P. Sub-água [sic] não dar conta do artigo, na encadernação
destes Folhetos e Correios Brasilienses);
Chaves [claves](despº. em as ditas 4 novas e conserto de outra); Espanador, brocha
e vassouras; algodão (despº.no dito para toalhas e seu feitio); papel; gastos
(despº. na condução dos livros de S. Martinho; no rec.º desta renda); reparo
(despº. no dito do telhado do Moinho da Castanheira; despº. na cultura das
terras da Quinta da Castanheira); custas (despendido nas ditas da Penhora que
se fez à viúva de João Pereira, de S. Martinho, pelo Foro que devia de quatro
anos, cujo lhe foi perdoado; soldada (dº. na dita de João Alberto, de onze
meses até o fim de Abril de 1813.
COMENTÁRIO:
* QUINTA DE S. GIÃO: Esta quinta é certamente a que existiu
até tempos muito recentes no concelho da Nazaré, e no terreno da qual se ergue a
misteriosa e nunca por demais estudada Igreja de S. Gião. Informa-nos o Livro
em epígrafe, para o ano compreendido entre 1 de Maio de 1815 e 30 de Abril de
1816, que os direitos da Quinta de S. Gião estavam arrendados a Joaquim Alves,
da Vestiaria. No fólio 24, é-nos dito que a Livraria recebeu «dos direitos desta quinta segundo a reforma
dos forais, de Francisco Lemos Bettencourt, rendeiro do marquês de Olhão D. P.,
pelo Procurador do dito rendeiro Manuel Jacinto, vencidos em 1822». Três
quartos de século antes, em 1758, segundo a Memória
Paroquial de Famalicão da Pederneira (DGA/TT, Memórias
paroquiais, vol. 15, nº 15, p. 73 a 80), a Quinta andava em mãos do Marquês de
Abrantes, produzindo em abundância «trigo, milho, cevada, e outros legumes».
*ARMAZÉM DO INFERNO: Este armazém em S. Martinho do Porto era
propriedade do Mosteiro, que o arrendava aos interessados, e foi objeto de uma
ampla reconstrução nos anos de 1829-1830. Depois da saída dos monges e da
extinção das Ordens Religiosas, o Armazém ficou sob a alçada da Administração
dos Pinhais Nacionais de Leiria. Um relatório sobre a visita do Governador
Civil de Leiria ao concelho de Alcobaça no ano de 1864 permitiu-nos apurar que
esse Armazém se localizava próximo ou junto ao local onde se construiu a
estação terminal do caminho-de-ferro americano (hoje no n.º 2 da rua Conde de
Avelar), «por ordem do M. d’Obras Públicas, Duque de Loulé, 1862». Cito o
relatório: A conveniência de ser
concedida á respectiva junta de parochia, para a escola de instrucção primaria
e habitação do professor, a casa denominada «Armazem do Inferno», que tem
pertencido á administração geral das matas e que lhe é actualmente inutil ou
desnecessaria. A mesma casa fôra anteriormente destinada, segundo fui
informado, para arrecadação e depósito de madeiras e alcatrão, e julga-se
desnecessária depois que foi estabelecido o caminho de ferro americano que ali
termina. Examinando-a, conheci que tinha capacidade bastante para o fim que se
pretende, mediante algumas pequenas obras que a junta de parochia se propõe
mandar efectuar, caso lhe seja concedida (in Collecção dos Relatorios das visitas feitas aos districtos pelos
respetivos governadores civis, em virtude da portaria de 1 de Agosto de 1866,
p. 12, Imprensa Nacional, Lisboa, 1868).
O nome, muito invulgar, de Armazém do Inferno, dever-se-á
circunstância do armazém ter sido construído num ponto onde existia a
denominação toponímica de Inferno, que poderá ter uma explicação mais
prosaica e menos teológica. Não é inédita a ocorrência de “Inferno” na
toponímia, fixando um local onde existia um buraco, nascente ou cascata (Poço
do Inferno), boca de gruta (Gruta do Inferno) ou outras variantes de que
desconhecemos a tradição explicativa como Vale do inferno (Coimbra) Carreiro do
Inferno (Peniche), talvez com o sentido de caminho difícil; Praia do Inferno ou
Cólaga do Inferno. Uma outra explicação possível para o topónimo consiste na eventual
existência aí de uma azenha em tempos pretéritos, edifício que possuía o seu próprio
«inferno». Explica-nos o padre Rafael Bluteau sobre «Inferno»: Nos moinhos de agoa he hum buraco profundo,
em que se faz andar a roda, ou se tem mão nella § Inferno de lagar: he no
moinho uma talha enterrada, para a qual por huma abertura que tem a parede do
moinho, se tira a maça (BLUTEAU, Raphael,
Vocabulario Portuguez e latino, Volume 4, p. 124, Coimbra, Collegio das
Artes da Companhia de Jesus, 1713).
*AROEIRA: Grafia que se repete neste livro e que deverá corresponder à Azoeira, hoje Azueira, que era termo da vila de Torres Vedras e localiza-se agora no concelho de Mafra. Na sua Corografia, o padre Carvalho da Costa refere-se à Azoeira e à Caneira Velha (referido mais adiante no Livro das Contas…) como lugares da paróquia de S. Pedro dos Grilhões, de Torres Vedras.
(CARVALHO
DA COSTA, P. António, Corografia
Portugueza e Descripçam Topográfica do famoso Reyno de Portugal..., Tomo I, Tratado I, Capítulo I,
Tipografia de Domingos Gonçalves Gouveia, Braga, 1868).
*QUINTA DO QUIFEL: É difícil identificar com segurança esta
quinta. Bartolomeu Quifel Barberino (1631-1719), italiano de origem, foi
conselheiro dos reis D. Pedro II e D. João V. A Quinta do Molhapão em Sintra
serviu de base para a instituição do morgado Quifel, mas outras propriedades
entraram na posse dessa família por aquisição ou por vínculos matrimoniais,
como a Quinta do Bom Sucesso, em Alferrarede.
* CORREIO BRAZILIENSE
ou ARMAZÉM LITERÁRIO: mensário publicado em Londres por Hipólito José da
Costa Pereira Furtado de Mendonça, e impresso por W. Lewis. Lançado em Junho de
1808, circulou até Dezembro de 1822. Um periódico distinto é o CORREIO DE LONDRES, que era uma tradução
do jornal com o mesmo título editado em Londres. Publicou-se entre 15 de Julho
de 1809 e 19 de Dezembro de 1810 (45 números), e foi editado na Impressão Régia.
A talhe de foice, listamos alguns
dos OUTROS PERIÓDICOS OU PUBLICAÇÕES que são indicados neste Livro, realçando a
negrito a palavra ou palavras com que são referidos na obra:
- O Investigador Português
em Inglaterra, fundado pelo médico Bernardo José de Abrantes e Castro e impresso
em Londres de Junho de 1811 a Fevereiro de 1819.
- O Desaprovador,
de José Agostinho de Macedo, com 25 números e um Suplemento saídos nos anos de
1818-1819.
- Anais das Ciências, das Artes e das Letras, direção de José Diogo Mascarenhas Neto, impresso em
Paris por A. Bobée, anos de 1818-1822.
- O Punhal dos Corcundas: Periódico de Frei Fortunato de S.
Boaventura (Impressão Régia, Lisboa), que conheceu 33 números e terminou em
1824.
- A Estrella Lusitana, lançamento a 5
de Janeiro de 1828, impressão de Eugénio Augusto, Lisboa.
- A Trombeta Final: folha religiosa,
política e literária, ativo entre 4 de Setembro de 1827 e 8 de Maio de
1832; publicado em Lisboa na Imprensa de Viuva Neves & Filhos.
- A Besta Esfolada, do padre José Agostinho de Macedo, publicado
entre 1828 e 1829.
- O Mastigóforo - Prospecto
de hum Diccionario das Palavras, e Frazes Maçonicas, de Frei Fortunato de
S. Boaventura, publicado em Lisboa em 1824.
- A Contra Mina - Periodico Moral, e
Politico, por Fr. Fortunato de S. Boaventura, Monge de Alcobaça. Publicado
de 2 de Dezembro de 1830 a 29 de Abril de 1832. Lisboa, na Impressão Régia.
- O Defensor dos Jesuitas, por Fr.
Fortunato de S. Boaventura, Monge de Alcobaça, Lisboa, na Impressão Régia,
1829.
O Espectador
Portuguez. Jornal de Litteratura e de Crítica (Lisboa, Imprensa de Alcobia) foi um periódico fundado
e mantido durante dois anos (1816 a 1818) pelo padre José Agostinho de Macedo.
- Telegrapho portuguez, ou
gazeta anti-franceza, anos de 1808 e 1809, Imprensa Régia, Lisboa.
*CONFISSÃO DE BONAPARTE:
Confissão de Bonaparte, e a satisfação
que toma ao Diabo por não auxiliar os seus exercitos: Dialogo entre Lucifer,
Barraz, e Bonaparte,
Impressão regia, 1811.
*HISTÓRIA DO GABINETE DE S. CLOUD:
LOPES, Joaquim José Pedro, Historia secreta da Corte e Gabinete de S. Cloud ou de Buonaparte, em
huma serie de Cartas escritas durante os mezes de Agosto, Setembro e Outubro de
1805 por hum sujeito residente em Paris a hum Nobre de Londres, Traduzida do
Inglez em Portuguez por Joaquim José Pedro Lopes, 2 Tomos, impresso na
Oficina de Joaquim Rodrigues d'Andrade, Lisboa, 1810.
Triénio de 1813-1816 (Fls. 5-10 v.)
Recibo e Despeza
das Rendas da Livraria desde o primeiro dia de Maio de 1813 atté 30 de Abril de
1814, Sendo D. Abbade Geral e Esmoler Mor o N. Illmo. Rmo. Snr. Fr. Verissimo
Barreto, e Bibliothecario Fr. Francisco de Azevedo.
Recibo
DIREITOS
DAS QUINTAS: recebi dos direitos do Casal dos Brincanos; S. Gião; Quifel,
Quinta da Aroeira em Torres Vedras; Quinta do Valbom.
FOROS:
Alfeizerão (recebi do foro do moinho de João Simões); Vimeiro (do moinho da viúva
do capitão António Duarte e do moinho da viúva de António Duarte do ano de
1812); Mata da Torre (foro do moinho de João Francisco), Baixinhos* (dízimo de
Domingos de Abreu); Porto de Mouro* (dízimo de José Henriques); S. Martinho
(dízimo da viúva do Capitão João Tavares) Turquel (dº da viúva de Domingos
Ribeiro Salvado, e recebi mais que paga a dita viúva), Vale da Palha* (recº. da
dita).
FEIRAS:
Alfeizerão* (recebido da dita Feira, 1$100); Benedita (recebi do terrado da dita
feira); Aljubarrota (recebi da dita feira).
PROPINAS
DAS RENDAS ABATIDA A 1ª PARTE: Alcobaça (recº. do rendeiro da dita renda); Alfeizerão;
Aljubarrota, Alvorninha; Santa Catarina; Relego da Cela; Tulha da Cela (r. da
dita renda); Évora; Famalicão; Julgado; Dízimo (recebido do dito pela pipa de vinho);
Dízimo (Recebi do dito pela quinta de trigo); Maiorga; Pederneira; Santarém; Salir
de Matos (recebi do dízimo); Turquel e Valado.
Pelo que respeita aos Direitos
da Quinta de D. Elias*, aos da Quinta do Outeiro, Cerradas d’Aguaceiras, terras
da Castanheira, foros da Maiorga, e à Propina de duas Pipas de Vinho que o
rendeiro de Alcobaça pagou na administração da Maiorga, só tenho recebido do P.
Fr. José Mexia a quem esta cobrança está incumbida a quantia de 96$000.
Recebi a conta de 300$000 que
deve Fernando José Varela.
Não se recebeu a Renda dos moinhos
da Castanheira por estarem arruinados, nem do Armazém de S. Martinho por não
haver quem o arrendasse, não se cobrou o foro do Moinho do Arieiro, nem um foro
que se deve em Turquel por que até agora não se tem feito possível.
Despesa
Despendi
em vidros e caixões [caixilhos) para eles; em novo imposto; óleo, cré, tachas
[«taxas], pontas de cravo, jornas de oficiais e outras coisas precisas para o
conserto das vidraças da Livraria, o que tudo consta do rol do P. M: das obras.
Despendi em livros novos que se compraram; em os ditos [livros] velhos que se
consertaram e encadernaram; em madeira, greda e ferragem para as mesas
pequenas, e na jorna [«em o jornal»] dos oficiais que consertaram as ditas;
despendi no ordenado de João Alberto [contínuo da Livraria]; e em papel e no
conserto de uma chave.
Recibo e Despesa
da Renda da Livraria do Real Mosteiro de Alcobaça que teve seu princípio em
Maio do ano de 1814 e finda no último dia de Abril de 1815.
Recibo
DIREITOS
DAS QUINTAS: de S. Gião; Quifel; Brincanos; Quinta de D. Elias e foros da
mesma; do Outeiro, foros da mesma e Aguaceiras; da Castanheira; da Canoeira em
Torres Vedras; dos Armazéns de S. Martinho; do Padre Fr. Caetano de Melo.
FOROS:
Recebido de Alfeizerão; do Vimeiro; do Gaio; Mata da Torre; Baixinhos; Porto de
Mouro; S. Martinho; de Turquel pelos foros da viúva de Domingos Ribeiro, e pelo
foro de Francisco Mateus, e do dito pelo foro que ficou a dever em 1813, do
Arieiro.
FEIRAS:
recebido das Feiras
PROPINAS:
Recebido de Alcobaça, recº. da dita pelo vinho; de Alfeizerão; Aljubarrota;
Alvorninha; Santa Catarina; Relego da Cela; Tulha da Cela; Maiorga; Évora;
Famalicão; do Julgado, pelo vinho do dito; pelo trigo; da Pederneira; Santarém;
Salir de Matos; Turquel e Valado.
Despesa
Despendido
no Concerto dos Moinhos da Castanheira e cultivo das terras adjuntas; despendido
em apanhar, secar e conduzir para a Maiorga o milho e feijão que produziram as
ditas terras; no pranchão para o conserto das mesas grandes da Livraria, e no
seu transporte; nos jornais [jornas] dos carpinteiros que concertaram as mesas;
em pregos, parafusos, chapas, grude, e mais aviamentos para as ditas; nos
jornais dos homens que andarão raspando as estantes; em seis arrobas de cré, e
anil, e seu transporte; em Livros novos, e seu transporte; em consertos de
livros; em dois tinteiros de metal amarelo; na assinatura do Reportório das Leis; em vasos para a
tinta, vassouras, brochas e outras coisas precisas; em papel para escrever; e
no ordenado de João Alberto.
Resumo e despesa de 1 de
Maio de 1815 ao último de Abril de 1816
Recibo
QUINTAS:
de S. Gião, mais o arrendamento; Quifel; Brincanos; de D. Elias e foros a ela
anexos; Outeiro com os seus foros e cerrada das aguaceiras; Castanheira; da
Canoeira, em Torres Vedras; do Pe. Frei Caetano de Melo.
FOROS:
de Alfeizerão; Gaio; Baixinhos; Porto de Mouro; Turquel (viúva de Domingos
Ribeiro); de Francisco Mateus, do Arieiro.
PROPINAS:
de Alcobaça, da renda desta pelo vinho; de Alfeizerão; de Aljubarrota;
Alvorninha; Santa Catarina, Relego da Cela; Tulha da Cela; da Maiorga; Évora; Famalicão;
do Julgado, da dita pelo vinho, da dita pelo trigo; da Pederneira; de Santarém;
Salir de Matos, Turquel e Valado.
Neste
ano, assim como nos passados, não se arrendaram os moinhos da Castanheira, nem
o armazém de S. Martinho. Não se cobrou o foro do Vimeiro, de S. Martinho, de
Mata da Torre, do Arieiro, que se ficou devendo do ano de 1813. E Joaquim Alves, da Vestiaria, não pagou
ainda os cem mil reis que resta de seu arrendamento dos Direitos da Quinta de
S. Gião.
Despesa
Nos
livros novos que se compraram em Coimbra e em Lisboa; dº. em livros avulsos
para inteirar algumas das obras truncadas; no seguro do dinheiro para eles, seu
transporte e convites; na assinatura da Gazeta em todos os três anos; em pagar
os foros da Canoeira em Torres Vedras, que eu tinha recebido, e o nosso Ilustríssimo
mandou entregar ao Procurador dos ditos; no ordenado de João Alberto; num espanador
grande; em papel, tinta e conserto de uma chave; na assinatura dos Correios Brasilienses, dos de Londres,
em todo o triénio.
COMENTÁRIO:
Triénio de 1816-1819 (Fls. 11-16 v.)
Recibo e despeza
das rendas da livraria de 1 de Maio de 1816 ao último de Abril de 1817, sendo
Abade e esmoler-mor Fr. Joze de Mesquita e Bibliotecário Fr. Jozé do Amaral.
Recibo
DIREITOS
DAS QUINTAS: Quinta de S. Gião; Canoeira em Torres Vedras; de D. Elias e foros
anexos; do Outeiro com foros anexos e cerrada das aguaceiras; dos Brincanos;
Quifel; Valbom; terras da Castanheira.
FOROS:
Alfeizerão; Porto de Mouro; Gaio; Baixinhos; Turquel, da viúva de Domingos
Ribeiro; Turquel, de Francisco Mateus; Arieiro; Mata da Torre; de S. Martinho.
FEIRAS:
Recebido das ditas
PROPINAS:
Recebido da renda de Alcobaça; da renda de Alcobaça por duas pipas de vinho; de
Alfeizerão; de Aljubarrota; Alvorninha; Relego da Cela; Tulha da Cela; Évora;
Famalicão; do Julgado, da dita por 1 pipa de vinho, da dita por 60 alqueires de
trigo; da Maiorga; Pederneira; Santa Catarina; Santarém; Salir de Matos;
Turquel, e Valado.
Neste ano não
se arrendou o Armazém de S. Martinho nem o moinho da Castanheira que precisa de
conserto. João Francisco, da Mata da Torre, tem satisfeito o foro até ao
presente ano por recibos que apresentou, e do ano de 1815 foi passado pelo celeireiro-mor.
Manuel Delgado deve o foro de 1813 de um moinho que tem no Arieiro. A viúva do
capitão João Tavares de S. Martinho deve o foro de 1816. Os herdeiros de
António Duarte do Vimeiro devem apenas o foro dos anos de 1815 e 1816 de 6 al.
[alqueires] de trigo de cada ano.
Despesa
Despendi
em livros que comprei; no Jornal de
Coimbra desde o n.º 17 até 48, incluso; em livros que mandei encadernar; na
impressão da obra de Me. Robalo [Manuel?]; na subscrição às obras inéditas de Duarte Ribeiro de Macedo
*; em Gazetas de Lisboa e 2 semestres
do Espectador; num sinete para marcar
os livros; em 3 resmas de papel; numa garrafa, tinta, areia, penas e vassoura;
em 5 medalhas, 4 moedas de ouro d’El rei D. Manuel e várias outras de prata e
cobre que eram do N. Ilmo. Sr. Bernardo de Vasconcelos; no feitio de uma banca
e ferragens para ela; em 18 cadeiras de palhinha; em conduções; no ordenado de
João Alberto, em que dei mais ao João Alberto com licença do N.º Ilustríssimo.
Recibo e Despesa
das rendas da Livraria que principiou em 1 de Maio de 1817 e findou no último
dia de Abril de 1818.
Recibo
DIREITOS
DAS QUINTAS: quinta de S. Gião, e da dita mais um semestre que devia; da Caneira
Velha em Torres Vedras; de D. Elias e foros anexos; do Outeiro com foros anexos
e Cerrada das aguaceiras; do Casal dos Brincanos; Quinta do Quifel; Qª do
Valbom; terras da Castanheira.
FOROS:
Alfeizerão; Porto de Mouro; Gaio; Baixinhos; Turquel da viúva de Domingos
Ribeiro;Turquel de Francisco Mateus; Arieiro; Mata da Torre; da Quinta de S.
Martinho e da dita o foro do ano de 1816.
FEIRAS:
das ditas
PROPINAS:
da renda de Alcobaça, e da renda de Alcobaça por duas pipas de vinho; de Alfeizerão;
de Aljubarrota; Alvorninha; Relego da Cela; Tulha da Cela; Évora; Famalicão; do
Julgado, da dita por 1 pipa de vinho, mais da dita por 60 al. de trigo; da
Maiorga; Pederneira; Santa Catarina; Santarém; Salir de Matos; Turquel, e
Valado.
Neste ano não se arrendou o
armazém de S. Martinho, nem me foi possível cobrar o foro do Moinho do Arieiro,
deve Manuel Delgado, assim como os do Vimeiro; o moinho da Castanheira pelo
conserto que se lhe fez se arrendou por 30 alqueires de milho.
Despesa
Em
livros que mandei comprar; em livros que mandei encadernar; na subscrição de
várias obras; em Gazetas, Espectador
Portuguez e outros periódicos; em tintas para pintar as estantes e
carrinhos da livraria; no pintor; em raspar e limpar as estantes;no conserto da
porta de um gabinete [gavinete]; no conserto do moinho da Castanheira; numas
tesouras, canivete, penas, tinta; em seis esteirãos*; em conduções; no ordenado
de João Alberto, e mais ao dito João Alberto.
Recibo e Despesa das
rendas da Livraria que principiou no 1º de Maio de 1818 e acabou no último de
Abril de 1819
Recibo
PROPINAS:
da renda de Alcobaça; da renda de Alcobaça por duas pipas de vinho; de Alfeizerão;
de Aljubarrota; Alvorninha; Relego da Cela; Tulha da Cela; Évora; Famalicão; do
Julgado, da dita por 1 pipa de vinho, mais da dita por 60 al. de trigo; da
Maiorga; Pederneira; Santa Catarina; Santarém; Salir de Matos; Turquel e
Valado.
DÍVIDAS:
Joaquim Alves deve o último semestre do seu arrendamento da Quinta de S. Gião
(100$00); João Duarte do Vimeiro deve o foro de uma azenha de 6 alqueires de
trigo do ano de 1818. Joaquim Duarte, genro do dito deve o foro da mesma azenha
do ano de 1816. Joaquim Ramalho, que está agora de posse da dita azenha deve do
ano de 1815 2$200. Manuel Delgado deve o foro de um moinho do anos de 1813 e
1818. Francisco Mateus de Turquel deve o foro de 6 alqueires de milho e um
frango do ano de 1818. Fernando José Varela que a folhas 6 acho devedor de
252$00, confessa ter pago esta dívida, e não acho documento algum por que se
possa obrigar.
DIREITOS
DAS QUINTAS: Quinta de S. Gião; de D.
Elias; do Outeiro e aguaceiras; da Canoeira Velha em Torres Vedras; do Casal
dos Brincanos; Qª do Quifel; Qª do Valbom; terras da Castanheira; do Moinho da
Castanheira; do Armazém de S. Martinho.
FOROS:
recebido de Alfeizerão; Gaio; Baixinhos; de Turquel, os foros de Josefa Maria
(viúva); dos Lusianos [sic]; do
Vimeiro de João Duarte do ano de 1817; do Vimeiro de Joaquim Ramalho à conta do
ano de 1815; de S. Martinho da viúva do capitão João Tavares.
FEIRAS:
recebido das ditas
Despesa
Despendi
em livros que comprei; em Gazetas de alguns anos que faltavam e na encadernação
das que havia; em encadernar e consertar alguns livros; na assinatura da Gazeta
de todo o ano de 1819; na assinatura do Investigador
até Janeiro de 1819, incluso; na assinatura dos Correios de Londres dos
anos de 1816, 1817 e 1818; na assinatura do Espectador
e do Desaprovador; na subscrição dos
Anais de Ciências e Artes; na impressão das pautas para o Capítulo; numa resma
de papel; em conduções de livros, Gazetas e papel; no conserto do Armazém de S.
Martinho; no Amanuense do Índice Geral da Livraria; em tinta, penas e areia, em
panos de algodão para limpar livros e bancas; no ordenado de João Alberto, mais
com o dito João Alberto pelo trabalho que tem tido.
COMENTÁRIO
*BAIXINHOS, *PORTO DE MOURO, *VALE DA PALHA: Baixinhos é um
lugar da freguesia (antes, couto) de Alvorninha. Porto de Mouro (hoje o
topónimo é Mata de Porto de Mouro) na freguesia de Santa Catarina; e Vale da
Palha é um lugar da freguesia de Alfeizerão, a sudeste da Macalhona. Outros
topónimos são também, de certa forma, evidentes, caso de VALBOM na freguesia do
Bárrio («Quinta do Valbom» em CARDOSO, p. 174) ou CASTANHEIRA de Cós. Quando se escreve que se colheu o
milho e o feijão das terras da Castanheira (fl. 7 v.), ele é conduzido depois
de seco para a vila (próxima) de Maiorga.
Sobre a Quinta do OUTEIRO, o terreno é menos seguro porque é
um topónimo frequente, ainda que exista um Outeiro na Benedita, e o padre Luís
Cardoso nos indique um Casal do Outeiro como termo de Alcobaça.
(CARDOSO, Luís, Diccionario geografico, ou noticia historica
de todas as cidades, villas, lugares, e aldeas, rios, ribeiras, e serras dos Reynos de Portugal, e Algarve, com
todas as cousas raras, que nelles se encontraõ, assim antigas, como modernas, Tomo I, impresso na Regia
Officina Sylviana, e Academia Real, Lisboa, 1747-1751)
* QUINTA DE D. ELIAS: A Ponte de D. Elias serve de “marcador”
toponímico para os terrenos dessa Quinta, que nas palavras do Dicionário Geográfico do pe. Luís
Cardoso, é mesmo referida por Quinta da
Ponte de D. Elias (CARDOSO, op. cit.
p. 174).
*DUARTE RIBEIRO DE MACEDO:
CAMINHA, António Lourenço, OBRAS INEDITAS de Duarte Ribeiro de Macedo, Desembargador dos Aggravos
da Casa da Supplicação, Cavalleiro Professo da Ordem de Christo, e Concelheiro
da Fazenda do Senhor Rei D. Affonso Sexto, por António Lourenço Caminha,
Professor Regio de Rhetorica, e Poetica, e Cavalleiro da Real Ordem de
Sant-Iago, Lisboa, na Impressão Régia, anno de 1817.
*ESTEIRÃO: «esteirons» = esteira
muito grossa de tábuas ou juncos para vários usos (SILVA, António de
Morais, Dicionário da Língua Portuguesa,
tomo 1, tip. Lacerdina, Lisboa, 1813).
Triénio de 1819-1821 (Fls. 17 v.-23)
Resumo e Despesa
das Rendas da Livraria que principiou em o primeiro de Maio de 1819 e findou em
o último de abril de 1820, sendo Abade Geral e Esmoler mor o N. Ilustríssimo e
Reverendíssimo Sr. Fr. Manuel de Queirós e Bibliotecário Fr. João de Araújo.
Recibo
DIREITOS
DAS QUINTAS: Quinta de S. Gião, do segundo quartel da mesma quinta do ano de
1818; Canoeira em Torres Vedras; de D. Elias e foros anexos; do Outeiro com
foros anexos; dos Brincanos; Quifel; Valbom; terras da Castanheira; do Armazém
de S. Martinho
FOROS:
Recebido de Alfeizerão; Porto de Mouro; Gaio; Baixinhos; Turquel da viúva de
Domingos Ribeiro; Turquel de Francisco Mateus do ano de 1818; do Arieiro pelo
pagamento dos anos de 1813, 1818 e pelo de 1819, ficando ainda a dever o de
1800 (?); Mata da Torre; da Quinta de S. Martinho.
FEIRAS:
Recebido das ditas
PROPINAS:
da renda de Alcobaça; da renda de Alcobaça por duas pipas de vinho; de Alfeizerão;
de Aljubarrota; Alvorninha; Relego da Cela; Tulha da Cela; Évora; Famalicão; do
Julgado, da dita por 1 pipa de vinho, da dita por 60 al. de trigo; da Maiorga;
Pederneira; Santa Catarina; Santarém; Salir de Matos; Turquel, e Valado.
Despesa
Despendi
em livros que comprei; em periódicos; pelas pagas do Correio Brasiliense pelos
anos de 1816, 1817 e 1818; em encadernações; em escrever o Index; em conduções; em o aparo das Pautas para o Capítulo e sal
[saltério?]; no correio, papel e tinta; em esteirões; em obras, consertos e
gratificações; no ordenado de João Alberto, no que dei mais ao dito com licença
do N. Illustr.º
Recibo e despesa das
rendas da Livraria de 1 de Maio de 1820 ao último de Abril de 1821, abade Fr.
Manuel de Queirós e bibliotecário Fr. João de Araújo.
Recibo
DIREITOS
DAS QUINTAS: Quinta de S. Gião; Canoeira em Torres Vedras; de D. Elias dos
direitos e foros a ela anexos; do Outeiro com foros anexos e aguaceiras; da Quinta
dos Brincanos com uma dívida antiga; Quifel; Valbom; terras da Castanheira; do
Armazém de S. Martinho.
FOROS:
Recebido de Alfeizerão; Porto de Mouro; Gaio, de Turquel, da viúva de Domingos
Ribeiro; de Turquel, de Francisco Mateus dos anos de 1812 e 1820; do Arieiro
por dívida atrasada e por este ano, e fica a dever 3$800; Mata da Torre; de S.
Martinho.
FEIRAS:
Recebido das ditas
PROPINAS:
da renda de Alcobaça; da renda de Alcobaça por duas pipas de vinho mosto; de Alfeizerão;
de Aljubarrota; Alvorninha; Relego da Cela; Tulha da Cela; Évora; Famalicão; do
Julgado, da dita por 1 pipa de vinho, da dita por 60 alqueires de trigo; da
Maiorga; Santa Catarina; Santarém; Salir de Matos; de Turquel; do Valado.
Recibo e despesa de 1 de
Maio de 1821 ao último de Abril de 1822, sendo abade Fr. Manuel de Queirós e
Bibliotecário Fr. João de Araújo.
Recibo
DIREITOS
DAS QUINTAS: quinta de S. Gião; do Outeiro e aguaceiras; de D. Elias; do moinho
e terras da Castanheira; da Quinta de Valbom.
FOROS:
recebido da Mata da Torre
PROPINAS:
da renda de Alcobaça; da renda de Alcobaça por duas pipas de vinho; de Alfeizerão;
de Aljubarrota; Alvorninha; Relego da Cela; Tulha da Cela; Évora; Famalicão; do
Julgado, da dita por 1 pipa de vinho, da dita por 60 al. de trigo; da Maiorga;
Pederneira; Santa Catarina; Salir de Matos; Turquel.
Despesa
Despendi
na compra de livros; em periódicos; em encadernações; em conduções; em correio,
tinta e papel; num espanador [«espanejador]; no que paguei ao Procurador [?] do
Mosteiro pelo foro da Quinta da Canoeira em Torres Vedras; no ordenado de João
Alberto e do mais que dei ao dito com licença do N. Ilustrº.; no arranjo de
cinco mapas geográficos grandes; despendi em que escreveu o Index de vários
papéis que se achavam avulsos.
DÍVIDAS
QUE FICAM: o foro de Alfeizerão; do Vimeiro; do Gaio; do Arieiro; dos Baixinhos;
dos Lusianos; os direitos e foros da Quinta da Canoeira em Torres Vedras foram
arrendados por 60 mil cada ano e falta este ano; o foro da Quinta de S.
Martinho; os de Turquel; a propina das pipas de vinho do Julgado; os direitos
do Casal dos Brincanos; os direitos da Quinta do Quifel; a Pitança [receita ordinária
em dinheiro] da Renda de Santarém; a propina da renda do Valado.
Triénio de 1822-1824 (Fls. 23 v. – 28 v.)
Recibo e despesa da Livraria do Mosteiro de Alcobaça, sendo Abade Fr.
António da Silveira e Bibliotecário Fr. Vicente de Jesus Cogominho, que
principiou a 1 de Maio de 1822, até ao fim de Abril de 1823.
DÍVIDAS
QUE FICARAM DO TRÉNIO PASSADO:
Santarém:
recebi do P. Fr. Luís Pimenta da propina vencida pelo Natal de 1821.
Casal
dos Brincanos: recebi de Maximina Teresa Ferreira Fradinha, cunhada do
boticário Pinto, senhoria útil deste Prazo, por mão do Padre Tulheiro Fr.
Manuel da Conceição, que lhe adiantou este direito e outras vezes, ainda em
vida do P. João Fradinho. Vencido em 1821.
Quinta
do Quifel como da Cela Velha = Satadas –
Recebido por mão do sobredito Padre Tulheiro, de Antónia Ferreira, enfiteuta,
por morte e testamento de sua tia Rosa Satada, a qual vive com suas irmãs e
sobrinhos na mesma Quinta, de foro vencido em 1821 – são direitos pelo foral.
Julgado
– Recebido da pipa de vinho da propina vencida em 1821, que pagou Fr. Luís das
Dores pelo preço de 12$000.
Milheiradas
(a azenha é banal) – Recebido de Maria Josefa, viúva de Domingos Ribeiro, do
foro vencido em 1821. 6 alqueires de trigo = a 58 = e um frango = 80. Total
3$560. Esta azenha ficou banal.
Lagoa
de Turquel, moinho de vento chamado De Cima. item próprio do mosteiro – Recebi
de Arsénio, filho da sobredita viúva Maria Josefa, de foro vencido em 1821, 6
alqueires de milho a 480 e um frango a 80. Total: 2$960.
Quinta
de Dom Elias – recebido por convenção amigável com os enfiteutas José Joaquim
Alberto por cabeça de sua mulher D. Bibiana Domicília Chaves, moradores na Rua
Augusta em Lisboa, por virtude da Lei da Reforma dos Forais, e por mão do seu
feitor Francisco da Silva e Couto, morador nesta vila.
Quinta
da Castanheira, e Moinho – Recebi de João Francisco, de metade da renda vencida
no S. Miguel de 1822, 30 alqueires de milho, a 400. Total 12$000
Quinta
de S. Gião, Recebi dos direitos desta
quinta segundo a reforma dos forais, de Francisco Lemos Bettencourt, rendeiro
do marquês de Olhão D. P., pelo Procurador do dito rendeiro Manuel Jacinto,
vencidos em 1822.
Foros
e rendas
Lagoa
de Turquel, do moinho de vento de cima. Próprio do mosteiro – Recebi de
Arsénio, filho da viúva Maria Josefa, três alqueires de milho e um frango
vencido em 1822, e lhe quitei os outros três alqueires por ter levado por intrº
[intermédio?] a sua dita mãe os 6 alqueires de trigo de foro pela azenha das
Milheiradas, e pela Lei dos Banais terminava pelo S. João de 1822, época em que
a dita lei principiou a ser executada. Os três alqueires que cobrei foram a
780, e o frango a 80.
Arieiro
– Recebi de Manuel Delgado Miliciano por mão do Fr. Luís das Dores, à conta do
que está devendo dos anos atrasados - 3$000
Armazém
do Inferno, S. Martinho – recebi de renda, aos meses, por mão de José Trindade.
Brincanos
– Recebi de Maximino Teresa Ferreira Fradinha, cunhada do Pinto – só o dízimo
do trigo (e não pagou direitos), 3 alqueires de trigo a 600.
Propinas
das rendas, Natal de 1822
Alfeizerão
– Recebi de Fr. João Serra, administrador da renda vencida, pelo Natal de 1822
Alvorninha
– Recebi do mesmo Fr. João, a propina vencida de 1822
Santa
Catarina – Recebi da dízima da propina do mesmo Fr. João.
Évora
– Recebi de Fr. Luís das Dores a propina desta renda.
Julgado
– Recebi do dito Fr. Luís a propina desta renda. Deve o meio de trigo e pipa de
vinho.
Famalicão
– Recebi de Fr. Bento de Assunção a propina desta renda, ano de 1822.
Pederneira
– Recebi do mesmo Fr. Bento da propina.
Turquel
– Recebi de Fr. António da Conceição a propina.
FEIRAS:
Recebi da feira de Alfeizerão, paga pelo Serra [Fr. João Serra].
FICAM A DEVER: Alcobaça,
Aljubarrota, Relego da Cela, Tulha (da Cela), Maiorga, Santarém, Salir de
Matos, Valado, e desta deve o Carvalho a de 1821 em que foi rendeiro.
REBATE:
recebi de prémio do rebate de papel-moeda, que se abateu no pagamento de alguns
periódicos que se pagaram na forma da Lei ou se assinaram na dita forma.
Despesa
COMPRA
DE LIVROS: despendi nos espólios, nas lojas (loges) de Lisboa.
PERIÓDICOS
E OUTRAS ASSINATURAS: Diários das Cortes
(na 5ª assinatura em Junho de 1822, na 6ª assinatura de 1822); Cortes Ordinárias de 1823 (na 1ª
assinatura das Cortes Ordinárias de 1823, e na sua prolongação pelo mês de
Março); Diário do Governo e Gazeta Universal (despendi nos últimos
semestres destes dois periódicos que findam no ano de 1822; na assinatura do D.
G. do 2º semestre de 1823, no da Gazeta
Universal, interrompida pelo extermínio do redator Lopes, na assinatura da
nova G. L. até ao fim deste ano); Correio
de Londres (despendi na assinatura que fez o P. P. N. Geral de Junho de
1822 até Junho de 1823); Dicionário
Histórico-Geográfico (na assinatura desta obra na loge/loja de Leão
Marques); Jornal de Coimbra e Arquivos da Religião Cristã (assinatura deste
periódico por um ano, que principia em Julho de 1823); O Punhal dos Corcundas (despendi rol do Pe. Procurador Geral ao Pe.
Celeireiro).
ENCADERNAÇÕES:
Na encadernação dos 3 volumes de fólio O
Diário das Cortes Constituintes, Tomos 5, 6, 7, a 600 rs. cada um; em 2
volumes do Diário do Governo do ano
de 1822, folio; no volume de fólio da Gazeta
Universal de 1822; no volume de fólio do Correio de Londres, de 1822.
OBRAS
E ORDENADOS: despendi no Armazém do Inferno que me deu em despesa o José
Trindade do conserto de uma porta, e uma grade; em meia resma de papel almaço,
e 550 dm galha, goma, capas rosa para cintas; do ordenado de João Alberto de
Saldanha*, contínuo da Livraria, e propinas nas quatro Festas do Ano, a 2:900
por mês e a 1:600 pelas Festas.
PREPARO
PARA A OFICINA ONDE DEVE TRABALHAR O ENCADERNADOR: despendido na evacuação dos
utensílios pertencentes à oficina das obras que se guardaram no armazém das
ditas obras, e fatura do mapa dos mesmos utensílios que se achavam no dito
lugar que pedi ao Nº. Ilustríssimo para trabalhar o encadernador, o qual mapa
entreguei ao P. Prior por ___ Pe. Me. d’Obras; na fatura de uma imprensa nova e
conserto de outra velha; condução de duas pedras grandes para o Oficial bater
os cadernos que serão do claustro conduzidas para a Oficina; na fatura de um
banquinho, massa para vidros e corte deles, aluguer de diamante do Matias,
peças de fundição para a dita oficina; três classes de letras de impressão, 6
abecedários cada classe, para fólio, 4os. e 8os e seus competentes espaços; em
9 letras de algarismo, fundidas de latão, com seus cabos de pau; no composidor
(sic) de latão em que se juntam as letras; numa caixa de 3 divisões para conter
as 3 classes de alfabetos.
CABEDAL
E AVIAMENTOS: carneiras (despendi em 13 carneiras grandes, em 6 mais pequenas,
e em mais 6 destas); papel (em umas mãos de papel florete; em 5 folhas de papelão
a 70 reis e em 7 fino a 40; despendido em 24 folhas de papel pintado a 20 rs.
cada uma; despendi no carreto do almocreve.
MIUDEZAS
– despendi num alguidar, uma quarta, uma púcara, um fogareiro, 12 novelinhos de
algodão de cores, linhas, 12 posseiros de carvão.
MIMOS
E FRETES
MIMO
– despendi em duas canastras de maçã Larisa para o Correspondente; as canastras
a 100 cada uma e frete.
FRETES
E CARTAS DO CORRESPONDENTE – despendi em vários fretes de pacotes de livros ao
António dos Foros, uma do N.S. e as mais ao Florentino; e em 140 de porte das
cartas do correspondente pelo correio e na feitura [«factura»] de um caixote em
que vieram os livros.
ANO
QUE FINDOU EM ABRIL DE 1824
Recibo
Recebi
dos direitos da Quinta de S. Gião, da quinta de Navias (recebi desta quinta
décimos e direitos livres da terça); S. Martinho (recebi do aluguer das casas),
Castanheira (recebi da renda dos moinhos e terras), Valbom (recebi dos dízimos
de 1822 e 1823), Mata da Torre (recebi dos foros de dois anos, 1822 e 1823), S.
Martinho (recebi do foro de 1821 e 1822), S. Martinho (recebi da renda do
Armazém), Brincanos (recebi trigo que entrava nas contas do ano que vem), Alfeizerão
(recebi da propina de 1823), Alvorninha (r. propina de 1823), Relego da Cela (r.
da propina do relego de 1822), Évora (r. da propina de 1823), Julgado (recebi
da propina de trigo e vinho de 1822 e 1823), Pederneira (propina de 1823),
Salir de Matos (propina de 1822), Santarém (propinas de 1822 e 1823), Turquel
(propina de 1823) e Valado (propinas de 1821, 1822, e 1823).
DESPESA
DO ANO DE 1824 ATÉ ABRIL
Em
livros e folhetos, encadernações, em novos alfabetos de letras, folhas de papel
de várias cores, dois livros d’ouro, fitas e tintas; no ordenado do contínuo e
propina; papel, grude, portes (despendi nos ditos correio e tinta) e fretes,
selo (despendi em um novo e tintas e escova), linhas.
Recibo
do terceiro ano (1824, até 30 de Abril de 1825)
PROPINAS
(recebi de p. ditas das rendas).
FOROS:
recibo dos ditos da Ponte de Navias, da quinta de S. Gião; da quinta dos Pinas
da Maiorga de sessenta alqueires de milho à conta do que devem, e vendi por
33$000; direitos da quinta e moinhos da Castanheira, sessenta alqueires de
milho que vendi por 31$200; direitos da Cela Velha de vinho (3$540) e de
géneros que vendi por 19$300, e ainda deve o que sabe o Padre Tulheiro da Cela;
ditas rendas de 3 alqueires de trigo e 6 de vinho; direitos do prazo de Torres
Vedras; recebi da renda do Armazém de S. Martinho.
DESPESA
Nos
livros, folhetos e Gazetas; numa escada para as casas de S. Martinho; convites (despendi
em que ___ para o livreiro de Lisboa e carretos); em 36 carneiras; em miudezas;
no ordenado do contínuo; Bolsaria da Ordem (despendi em direitos que por
despacho da Fazenda se deu para a Bolsaria do Mosteiro para lhes ser
incorporado com os direitos do Mosteiro…5.600$000),
Obra
do Dormitório – despendi nas ditas em compor o dito dormitório junto à Livraria,
dois vãos e gabinete e seguinte: Madeira do pinhal; pregos, pedreiros e
serventes, lajes, carpinteiro e cerragem (sic).
Comentário
*JOÃO ALBERTO DE SALDANHA – contínuo da Livraria, é referido
várias vezes neste Livro. Inicialmente recebia um pagamento suplementar ao seu
ordenado com a anuência do Abade, para mais tarde esse pagamento se converter numa
propina ou gratificação pelas quatro festas principais do ano. Quando ele
falece, a 2 de Abril de 1829, as diligências do Mosteiro para encontrar um
substituto (um «criado» da Livraria) revela-nos que o contínuo e os seus
sucessores deviam dormir num dos gabinetes anexos à Livraria. A obra do
«dormitório junto à Livraria» é mencionada no ano de 1824.
Triénio de 1825-1828 (Fls. 29-36)
Resumo e despesa das rendas da Livraria neste ano que principiou com o
primeiro de maio de 1825 e findou no último de abril de 1826, sendo o D. Abade
D. Frei António Tudela, e Bibliotecário…. [ na falha de Bibliotecário-mor,
diz-se mais adiante, nas contas do primeiro ano, que fez as suas vezes Fr.
Fernando Pimentel, que fora Abade do Mosteiro no triénio 1810-1812].
RECIBOS
DIREITOS
DAS QUINTAS: Da quinta do Outeiro e foros a ela anexos e cerrada das
aguaceiras; da Canoeira em Torres Vedras, em papel (33$600) que rebatido a 12 ½
como então corria soma 29$773; da quinta de S. Gião; da Quinta do Outeiro de
alguns direitos e foros; dos Brincanos dos direitos do vinho; da quinta de D.
Elias; de duas pipas de vinho de renda de Alcobaça; do Armazém de S. Martinho;
do Valbom.
FOROS:
de Turquel de Arsénio Ribeiro; de Turquel de Francisco Mateus os foros de alguns
anos de um moinho; de S. Martinho.
FEIRAS
– recebido da feira da Benedita.
PROPINAS:
de Famalicão, Valado, Salir de Matos, Aljubarrota, Alcobaça, Évora, Julgado,
Relego da Cela, Tulha da Cela, Pederneira, Santarém, Maiorga, Alvorninha, Santa
Catarina, Alfeizerão.
DESPESA:
em livros; numa propina que o N. Ilustríssimo mandou dar ao contínuo da
Livraria no princípio do triénio; no ordenado do mesmo a 2$400 e na propina das
quatro festas do ano a 1$600 cada uma; na condução dos livros; na impressão das
Provisões; com o copiador da obra do Me. Caldeira [Mestre Caldeira?] no Tratado dos Afetos [CALDEIRA, Frei José,
Tratado dos Afetos e Costumes Oratorios,
por Frei Joze Caldeira, monge de Alcobaça e M. jubilado na Sagrada Theologia,
Typografia Maigrense, Lisboa, 1825]; na encadernação de livros, em reparos da
livraria; em papel, tinta, e numa vassoura de cabelo.
Recibo e despesa das
rendas da Livraria deste Real Mosteiro de Alcobaça deste segundo ano que
principiou a 1 de Maio de 1826 ao último dia de Abril de 1827, sendo Abade
Geral e Esmoler-mor o Nosso Ilustríssimo e Reverendíssimo D. Frei António
Tudela.
Recibo
DIREITOS
DAS QUINTAS: Quinta do outeiro; da Canoeira em Torres Vedras; de S. Gião; da
Quinta do Casal dos Brincanos; da Quinta de D. Elias; do Armazém de S.
Martinho; Quinta do Valbom, do Quifel; do moinho e Quinta da Castanheira.
FOROS
– recebi de Manuel Lopes do Acipreste, de um moinho no termo de Évora; de
Francisco Janeiro de um moinho na Mata da Torre de 8 alqueires de milho que
vendi por 10$800.
FEIRAS
– recebi da feira da Benedita.
PROPINAS:
recebi da renda de Salir de Matos, da Tulha da Cela, do Relego da Cela, de
Santa Catarina, Alvorninha, Turquel, Pederneira, Alfeizerão, Aljubarrota,
Alcobaça, Maiorga, Santarém, Évora, Famalicão, Valado, Julgado,
Despesa
S
S. P. P. [Santos Padres?] - (Despendi nas obras de S. João Crisóstomo e nas de Santo
Irineu), livros (em livros que se compraram em Coimbra e em Lisboa, e de alguns
espólios); conduções (na condução dos livros que vieram de Lisboa e de Coimbra
e também na condução e caixas para os M. SS. [manuscritos] que o P. M. D. Fr.
Fortunato tinha mandado ir para Coimbra e agora voltaram à Livraria), Gazetas
(na subscrição da Gazeta de Lisboa do ano de 1826 na folhinha, e Diário das
Cortes até 1827); amanuense (despendi com o dito e em papel e tinta para se
escrever e aprontar para ir para a Impressão o livro intitulado Historia Chronologica e Crítica do Real
Mosteiro de Alcobaça para servir de continuação à Alcobaça Ilustrada do
Cronista-mor Fr. Manuel dos Santos, segundo o rol que me deu o R. P. M.
Doutor Frei Fortunato, seu autor); Impressão (despendi na Impressão da dita
Obra segundo mandou dizer o P. M. Procurador Geral de Lisboa e consta do seu
recibo…213$000); cadeias (despendi em duas pequenas cadeias que faltavam no
tinteiro que deu para a Livraria e o dito R. M. o Exmo. Sr. Tomas António Vila
Nova Portugal); Medalha (em uma antiga e de prata); reparos (despendi nos ditos
reparos dos livros M. SS., encadernar um de novo e outros remendados, e
encadernar outros livros novos e antigos da livraria); parafusos (despendi em
dois parafusos novos para uma das imprensas da livraria) ordenados (no ordenado
do contínuo da Livraria, João Alberto de Magalhães a 2$00 (?) por mês e nas
propinas das quatro festas do ano a 1600 cada uma); demandas (nas demandas da
Livraria) papel (em duas resmas de papel que comprou o P. M. Fr. Fortunado para
a obra que está a escrever).
Recibo e despesas de 1 de maio de 1827 ao último dia
de abril de 1828
Recibo
DIREITOS
DAS QUINTAS: Quinta do Outeiro, da Canoeira em Torres Vedras, Quinta de s.
Gião, do casal dos Brincanos, da Quinta de D. Elias, do Valbom, da Quinta do
Quifel, da Quinta de S. Martinho, do moinho e Quinta da Castanheira, do armazém
de S. Martinho.
FOROS:
Recebi de Arsénio Ribeiro de dois moinhos no termo de Turquel; recebi de Ana
Maria de um moinho no termo de Santa Catarina; recebi de Francisco Janeiro de
um moinho na Mata da Torre; recebi de Francisco Mateus de um moinho no termo de
Turquel.
PROPINAS:
recebi da dízima de Alcobaça, da Maiorga, do Valado, Famalicão, Juncal, Évora,
Salir de Matos, Aljubarrota, Santarém, Pederneira, Turquel, Alfeizerão, tulha
da Cela, relego da Cela, Alvorninha, Santa Catarina.
FEIRAS:
recebi da feira da Benedita.
Recebi
do Pe. Mr. Procurador Geral de Lisboa dos portes do dinheiro que recebeu para a
impressão da obra do abade Frei Fortunato intitulada História Chronologica e Critica da Real Abadia de Alcobaça, e da
venda de 25 exemplares da mesma obra.
Despesa
AMORTIZAÇÃO
– amortizou-se com licença de N. Illustrissimo e Reverendíssimo Padre Geral, da
Mesa da Fazenda, uma parcela de 400$000 que no fim do triénio passado tirou
para gastos da Celeiraria o Padre Celeireiro-mor Fr. Luís Pimenta, do que
deixou um escrito feito pela sua própria mão e que eu entreguei na Bolsaria
deste Mosteiro. LIVROS (na compra de livros); CONDUÇÕES (na condução de livros
que vieram de Lisboa e Coimbra), SEGUROS (d. em segurar no Correio alguns
livros que foram para o M. D. Fr. Fortunato para Coimbra), AMANUENSES (despendi
em mandar copiar um papel intitulado Estoria
do Gabinete de S. D. João 6º*, para ficar na livraria, manuscritas),
ABECEDÁRIO (despendi em um dº de letras que contém seis letras ou signos com
dois pontos e vírgulas e letras de algarismo que servem para por letreiros nos
livros.), GAZETAS E PERIÓDICOS (d. na assinatura da Gazeta de Lisboa para o ano de 1827 e 1828, nas Cartas de F. A. de M. na Estrela, e em outros mais periódicos e
papéis que vieram para a Livraria), CARNEIRAS (d. em 5 dúzias de carneiras e
mais uma encarnada e outra verde), PAPELÃO (d. em 3 maços de papelão, um do n.
20, outro do n. 25 e outro do n. 30), LAVOR DE OURO (despendi em 3 d’ouro para
os letreiros e mais ornatos de livros), COMPOSTURA DE LIVROS (d. na
encadernação de 200 volumes de livros dos M. SS. e livros velhos e novos da
livraria e em remendar e compor outros), MIUDEZAS (d. em penas, tinta, areia,
guita, em dourar a peanha do tinteiro que deu de presente à livraria o Exmo.
Senhor António Vila Nova Portugal, e na toalha com que está coberto), MOINHO
(d. na compostura do moinho da Castanheira pertencente à Livraria), CAIXA DAS
LETRAS (d. em uma dita caixa para estarem as letras de abecedário com que se poem
os títulos dos livros e se conserva cada uma delas em separado), ESCADA (d. em
uma escada para limpar os óculos da livraria, e uma para a ___); IMPRESSÃO: d.
em 85 resmas de papel bom e na mão de obra da impressão do primeiro tomo da
Obra que fez o Pe. M. D. Fr. Fortunato de S. Boaventura fez em latim sobre os
M. SS. da Livraria de Alcobaça e mais despesas precisas para a dita obra.
ORDENADO (d. no dito do Contínuo da Livraria, João Alberto de Saldanha a 2$400
por mês e 1$600 de propina nas quatro festas principais do ano. PROPINAS (d.
com o dito Contínuo com licença de N. Ilustríssimo Padre Geral e pelo trabalho
que teve em dirigir o livreiro no título dos livros), ESTANTES (d. em mandar
fazer as ditas [estantes] pequenas para poderem estar os livros sobre as
mesas), ARMAZÉM DE S. MARTINHO (d. em pequenos reparos do dito), DEMANDAS
(despendi em as ditas da Livraria).
Triénio de 1818-1830 (Fls. 36 v. – 43 v.)
Recibo e despesa do
primeiro de Maio de 1828 ao último de Abril de 1829, sendo o Abade Geral e Esmoler-mor
o n. Ilustríssimo e Reverendíssimo P. M. Doutor Sr. Frei José Doutel.
Recibo
RENDAS:
Recebi da renda de Alcobaça, Alvorninha, do Relego da Cela, da Tulha da Cela,
de Évora, Famalicão, do Julgado, da Maiorga, da Pederneira, de Salir do Mato,
do Valado, Turquel, Santa Catarina, Aljubarrota, de Alfeizerão, e do Armazém do
Inferno.
QUINTAS:
Recebi da Quinta de D. Elias, da Quinta de S. Gião, da Quinta do Outeiro, da
Quinta do Quifel, do Casal dos Brincanos, da Castanheira.
FOROS:
recebi de um moinho de vento em Alfeizerão, de outro dito na Mata da Torre, de
uma azenha em Santa Catarina, de um moinho em Turquel: recebi de sete
exemplares da Historia Chronologica do
Real Mosteiro de Alcobaça, que se venderam para as Casas da Beira, a 2$000
réis cada um (14$000 réis).
Despesa
ARMAZÉM
DE S. MARTINHO: despendi em compor o dito que se achava danificado, no
seguinte:
Madeiras:
d. em vinte e uma vigas de carvalho a seis centos e cinquenta réis cada uma, em
três do pinhal do Rei para frixais (frisos?) e portas, e em vinte e seis dúzias
de tábuas de sobro a oitocentos reis a dúzia e em trinta e três dúzias das
ditas de forro a seiscentos reis a dúzia, e em doze dúzias de ripas a cento e
sessenta reis a dúzia.
Ferro:
despendi em vergalhões de ferro para se fazerem os ferrolhos para as traves
[«trabes»] que se encabeçaram, pregos para os frixais e barrotes, e no seu
feitio e de toda a mais ferragem precisa para o dito Armazém e em prego de
galiota e meia galiota, e tachas.
Cal
e telha: D. em dois milheiros de telha a quatro mil e quatrocentos réis e em
dezoito moios de cal a vinte a novecentos reis e em três barricas para a dita,
e em quatro cordas que foram precisas para a obra.
Pedreiros:
despendi em toda a obra de pedreiros, que vem a ser: arrancar pedra e em
dezoito degraus de pedra para a nova escada que se fez, na sua condução, e em
condução de areia e no mais que foi preciso conduzir para a dita obra e em toda
a mais obra de pedreiros e no que se deu de empreitada, e em cinquenta
tijoleiros.
Carpinteiros
– d. em cento e noventa e um que fizeram toda a obra de carpintaria e a
telharam a trezentos e cinquenta reis por dia, e vinho.
Trabalhadores
– d. em oitenta e um trabalhadores que amassaram a cal e juntaram a areia,
desentulharam um bocado do Armazém, e deram serventia aos carpinteiros, e
mulheres que lavaram e esfregaram o Armazém a duzentos reis por dia e vinho, e
as mulheres a cem réis por dia.
Vinho
– despendi em o dito para os oficiais e trabalhadores segundo o que se juntou
…. 8$330
Inspetor
da Obra – despendi com José Trindade que inspecionou a obra e a dirigiu em todo
o tempo que durou, que fora de sessenta dias a trezentos e vinte reis por dia.
IMPRESSÃO
(despendi no que tenho dado ao P. M. Fr. Fortunato de S. Boaventura para a dita
de doze Inéditos Portugueses da nossa Livraria, M.S.), Condução das obras dos
M. S. (despendido na condução de quatro cargas das obras que mandei buscar a
Coimbra e na condução de três cargas dos ditos que daqui foram para Lisboa, e
no feitio de seus caixões em que foram); Brochura (d. em mandar brochar
duzentos e vinte e sete exemplares das ditas obras a cem réis cada uma);
Contínuo (d. em pagar ao dito o seu ordenado a dois mil e quatro centos reis e
mil e seus centos reis de pitança em cada uma das quatro festas do ano); Mapas
(d. em comprar o mapa grande de Lopes*, assente em pano e com uma caixa*);
Compra de livros (d. na compra de alguns livros de estimação, e por isto mais
caros, como a nova Arte da Diplomacia
em seis volumes de quarto grande e com estampas a quatro mil e oitocentos cada
volume; no Dicionário dos Anónimos em
quatro volumes a três mil reis cada um; na História
Literária de França em doze volumes a mil e quinhentos cada um, em dois
volumes, continuação da dita História a quatro mil e oitocentos réis cada um;
na Colleção Ecleziastica Hespanhola
em catorze volumes - quinze mil e duzentos reis, mais em dezanove livros que se
compraram em Lisboa em segunda mão, nas Cartas
Inéditas do Pe. António Vieira, e outros livros que se compraram de
espólios); conduções (d. na condução dos ditos livros e outras coisas que
vieram para a Livraria); compostura de livros (d. em mandar encadernar alguns
livros de novo, e compor outros velhos); seguro (d. em mandar segurar para
Coimbra uns livros que mandou pedir o Pe. Fr. Fortunato de S. Boaventura);
amanuense (d. em mandar copiar por boa letra a carta do Canios [Carta de
Ascânio, bispo de Tarragona, dirigida ao Papa Hilário?], e outros papéis
interessantes que apareceram no espólio do P. M. Fr. Vicente, que estavam em muito
má letra e papéis separados); Carneiras (d. em uma carneira vermelha e outra
verde); Livro de Ouro (d. em um dito); Reparos (d. em mandar compor a chave do
gabinete dos livros proibidos, e pregos para a fechadura); vassoura e pá de
limpar (d. em uma vassoura e uma pá); papel e penas (d. no dito para uso da
Livraria); folhetos (d. nos ditos que têm saído este ano a provar a
legitimidade do rei [?] D. Miguel ao trono português; nos folhetos dos Mártires da Fé; na Besta Esfolada e nos mais que este ano têm saído a favor de
Portugal), periódicos (d. na Gazeta de
Lisboa deste ano de 1829, na Estrela,
e na Trombeta).
Recibo e despesa das
Rendas da Livraria deste Real Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça de 1 de Maio
de 1829 ao último dia de Abril de 1830.
Recibo
RENDAS:
renda de Alcobaça, Alfeizerão, Aljubarrota, Alvorninha, da Tulha da Cela e
Relego, de Évora, de Famalicão, do Julgado, da Maiorga, da Pederneira, de Santa
Catarina, de Salir de Matos, Turquel, Valado, Castanheira, S. Martinho; de
Santarém, três anos.
FOROS:
Recebido de um moinho de vento em Alfeizerão, da feira da Benedita, de uma
azenha na Mata da Torre, de uma dita do Porto de Mouros; do prazo da Canoeira
em Torres Vedras; de um moinho em Turquel; de uma azenha em Turquel.
QUINTAS;
Recebido da Quinta de D. Elias; da Quinta de S. Gião; da Quinta do Outeiro,
foros e direitos; da Quinta de Valbom, de trigo e milho do ano passado.
OUTRAS
RECEITAS: Recebi do P. M. Procurador-Geral de Lisboa, da venda de dois
exemplares do Comentario sobre os M. S. à razão de 1000 reis cada um, na forma
e reduzindo tudo a notas como mandou dizer o dito Procurador; r. de foros
atrasados…
Despesa
Compra
de livros (d. na compra de livros novos, uns que vieram de Lisboa, outros de
Coimbra, entrando [nestes] a Colleção dos
Theologos de Pavia, e alguns livros que se compraram nos espólios),
miudezas (d. em papel, tinta, areia, guita, e outras miudezas), conduções (d.
na condução do segundo e terceiro tomo dos Inéditos
que vieram de Coimbra, em duas cargas e uma carga em que veio a Colleção dos Theologos de Pavia, e na
remessa dos caixões de inéditos que foram para Lisboa e outras mais conduções),
João Alberto (d. em pagar a João Alberto [ou ao(s) seu(s) herdeiro(s)] o tempo
que tinha vencido, do seu ordenado, e quitanças, quando morreu que foi a 2 de
Abril de 1829) cama (despendido na dita para o novo criado, colchão, enxergão,
quatro lençóis, dois cobertores e coberta e um travesseiro); ordenado (d. no
ordenado do moço da Livraria que entrou a 12 de Março deste presente ano, até
ao último de Abril de 1830, que vem a ser, seis meses e dezanove dias à razão
de 2$400 cada mês e as duas pitanças de Natal e Páscoa a 1$600 cada uma), Gazetas e Correio do Porto (d. na subscrição da Gazeta de Lisboa para este presente ano - em metal, 10$260 – na
subscrição do Correio do Porto por
três meses – 5$200 – no seguro do dito dinheiro para o Porto, e folhinha de
algibeira – 210), encadernação de livros (d. na encadernação de 39 livros …
13$360), folhetos (d. em folhetos que vem a ser a continuação da Besta Esfolada, do Mastigóforo, da Voz da
Religião [do cónego Tavares da Gama], Carta
ao Papa, Mártires da Fé, Carta a Cícero, Poema de Nuno Caetano, e outros muitos), lavagem da Livraria,
Carneiras (d. em duas dúzias), Livro de Ouro, Brochura (d. na brochura de 332
exemplares do primeiro e segundo Tomo dos Inéditos,
de Fr. João Claro, por vários preços), Impressão (d. que recebeu o P. M. Doutor
Fr. Fortunato de S. Boaventura para acabar de pagar a impressão do segundo e
terceiro tomo dos Inéditos desta Livraria, e pagar as mais despesas anexas à
impressão).
Recibo e despesa das rendas de 1 de Maio de 1830 ao último de Abril de 1831,
sendo abade Fr. José Doutel.
Recibo
RENDAS:
renda de Alcobaça, de Alvorninha; da Cela, Tulha e Relego, de Évora, de
Famalicão, do Julgado, da Maiorga, da Pederneira, de Salir de Matos, do Valado,
de Turquel, de Santa Catarina, de Aljubarrota, de Alfeizerão.
QUINTAS:
de D. Elias, de S. Gião, da Quinta do Outeiro, do Quifel, de Valbom, dos
Brincanos, da Castanheira, do Armazém do Inferno de S. Martinho.
FOROS:
recebi da Quinta de S. Martinho; de um moinho de vento em Alfeizerão; de uma
azenha na Mata da Torre; de uma outra em Porto de Mouro; do foro do Moinho de
Cima, em Turquel; do dito de Baixo; da feira de Alfeizerão; da feira da
Benedita; de um moinho de vento em Santa Catarina, de um dito nas ____ (?);
recebi de trigo e milho do ano passado.
[OUTRAS
RECEITAS] Recebi do P. M. Procurador-Geral, de 12 exemplares dos Inéditos
vendidos na forma da Lei...44$064; r. mais da venda de um Comentário dos M. SS.
na Lei; R. mais de um tomo da Historia
Chronologica e Critica da Abadia de Alcobaça. Abatido a papel a 30 –
importa…
Despesa
do gabinete*
Cerneiros
(d. em 95, e carreto para vigamento, solho, freixais, linhas e frasquia para o
estuque), serragem, cabouqueiros (d. com os ditos no arranque da pedra lioz),
Carretos (d. na condução da dita), canteiros (d. com os ditos em aparelhar os
mármores para o pavimento do gabinete, aparados depois de assentes, branquear o
resto da escada que existia, portais e óculos), pedreiros (d. com os ditos no
acompanhamento das vigas, freixais, linhas do teto, enchimento dos tabiques
para o estuque, ____ de cornijas e molduras do mesmo, assentamento do lajedo,
reboco, saia delas (?) e ajudar no estuque), serventes (d. com os ditos a dar
serventia aos oficiais a polir mármore, conduzir cal e areia e vários
serviços), carpinteiros (d. com os ditos no vigamento do gabinete, em solhar o
mesmo, fazer e assentar freixais, linhas para o teto, pregar dos fasquiados, na
fatura de um portal no gabinete da escada, portas para o mesmo, conserto da
porta de entrada, e vários moldes para correr as molduras do estuque), pedra
branca (d. na dita para a escada e lajeado do gabinete da mesma, e socos),
carretos, gesso (d. em 142 arrobas a 60 reis a arroba entrando o carreto), pez
grego (d. em 8 arrobas do dito para betumes), estucador (d. em 114 dias de
jornas a 800 reis, em 104 dias ao ajudante a 240 reis, d. em 62 dias a José
Maria ajudar no dito, a 400 reis), canteiros (d. em s ditos na fatura da
escada), pedra pomes (d. em 16 arrobas da dita e condução de Lisboa), pó de
mármore (d. em dois alqueires do dito e condução, para betumar o lajedo),
pregos (d. em 1800 tabulares a 140 rs. o cento; d. em 1200 ripas a 70 rs. o
cento, d. em 1500 de ferragem para o emoldurado a 80 rs. o cento, d. em uma
soma de pregos de fasquia, e carreto), ferreiro (d. com o dito em apontar
picões, escaminhadeiras (?), ponteiros, cinzéis, e fazer alguns de novo), cal
(d. em cinco moios de dita, 700 rs. o moio, d. no carreto da dita), tijolo (d.
em 1200 para o assento do lajedo a 120 rs. o cento, d. no carreto do dito), tintas
(d. nas ditas para pintar os tetos e portas), pintor (d. com o dito na pintura
das ditas portas), papel (d. no dito para desenhos do estuque), vidraça (d. na
dita para a bandeira da porta do gabinete e janela), azeite (d. em 28
quartilhos a 70 rs. para dar luz a quem trabalhava no estuque), cera (d. em
três arrobas da dita para betumes, a 280 rs.), chumbo (d. em 20 arrobas e meio
para chumbar gatos na escada nova).
[OUTRAS
DESPESAS:] Compra de livros (d. na compra de livros, uns dos espólios e outros
novos que vieram de Lisboa, entre os quais entram os 15 exemplares do Poema de J.
A Viagem Estática [Viagem Extatica ao
Templo da Sabedoria, de José Agostinho de Macedo], e outros que vieram de
Coimbra, entrando a carga que ultimamente veio), encadernação de livros (d. na
encadernação de 117 livros, grandes e pequenos), folhetos, Gazetas e Correios do Porto
(d. na subscrição da Gazeta de Lisboa para este ano de 1831, em metal; no
Correio do Porto na subscrição dos últimos 6 meses do ano de 1830 e na subscrição
de todo o ano de 1831, na folhinha de algibeira deste ano), seguro e franquia
(d. no seguro do dinheiro para o Porto, e em pagar o porte das Cartas para o redator
do Correio), brochura (d. na brochura de 162 exemplares dos Inéditos do primeiro, segundo e terceiro
tomo, a 50 rs. cada um), conduções (d. na condução de livros que vieram de
Coimbra, de Lisboa, e na condução de caixões de Inéditos que foram para Lisboa, e numa carga de livros que
ultimamente veio de Coimbra), carneiras (d. em meia dúzia das ditas), papelão
(d. em um maço do dito), livros de ouro (d. em dois dos ditos), reparos (d. na
compostura de dois gravadores, do cozedor, e outras peças precisas e na
compostura de dois mochos que precisavam de novos assentos de palhinha, e
também no caixilho que se fez para o retrato do F. A. M. [?], brunidor (d. num
ferro que se fez de novo para brunir os livros), cadeado (de um dito para as
caixas de letras), prancha (de uma dita de pau vinhático), contínuo (d. em
pagar ao contínuo da Livraria o seu ordenado, que vem a ser de 2$400 por mês e
1$600 de propina em cada uma das quatro festas principais), impressão (d. em
acabar de pagar o que se estava a dever para completar a conta da duquesa, que
se fez no Comentário sobre os M. SS. dos três tomos dos Inéditos), propinas (d.
em pagar as ditas que é costume no Real impressão da Universidade aos
compositores, impressores e batedores, ainda pertencentes à obra dos M. SS. e
também dos três tomos dos Inéditos; dei mais ao P. Ab. Fr. Fortunato pela
brochura de trinta exemplares dos M. SS. que lhe pertenciam, e pela de trinta
exemplares de cada um dos três tomos dos Inéditos),
caixão (d. nos caixões em que vieram de Coimbra os Livros Paoiences [? Livres
Paiens?] e outros que lá se compraram), amanuense (d. nos ditos portes de
correio e outras miudezas).
COMENTÁRIO:
* DESPESA DO GABINETE – com alguma carga irónica, a Livraria
ficou acabada apenas entre 1 de Maio de 1830 e 30 de Abril de 1831, cerca de
dois anos antes de os monges partirem de Alcobaça. Os últimos acabamentos foram
precisamente os dos gabinetes anexos que aqui se descreve, com o assentamento
do chão de mármore e a colocação e pintura do reboco do teto. Estes gabinetes
serviam para os reservados ou «Livros Proibidos» e um deles destinar-se-ia ao
alojamento do contínuo ou criado da Livraria.
*MAPA DE LOPES: provavelmente, não se trata aqui de uma
referência ao geógrafo português Sebastião Lopes (século XVI) mas ao Mapa General del Reyno de Portugal, de
Don Tomás Lopes, que foi publicado inicialmente em 1778, e que era familiar aos
geógrafos portugueses.
Triénio de 1831-1833 (Fls. 44 – 47 v.)
Recibo e despesa das
rendas da livraria de 1 de Maio de 1831 ao último de Abril de 1832 sendo abade
Fr. Paulo Teixeira.
Recibo
RENDAS
– recebi da renda da Maiorga, Pederneira, Évora de Alcobaça, da de Salir de
Matos, Alcobaça, do Julgado, de Aljubarrota, de Santa Catarina, de Alvorninha,
Alfeizerão, Famalicão, do Relego da Cela, da Tulha da Cela, do Valado.
DIREITOS
DAS QUINTAS: recebi da quinta da Canoeira em Torres Vedras, à conta do que deve…
72$000; de doze almudes de vinho da Quinta do Outeiro, da Quinta de D. Elias,
dos dízimos de Valbom; da Quinta do Quifel menos os direitos do trigo; recebi
da Quinta de S. Gião.
FOROS:
recebi de José Matias, de Alfeizerão; recebi o foro da Quinta do Outeiro; o
foro do moinho da Ramalhosa; recebi de oitenta e quatro alqueires de milho da
renda do moinho da Castanheira e foros de outros moinhos que se pagaram em
grão, vendido todo por vários preços; recebi mais de trigo e milho do ano
passado, recebi do Armazém do Inferno de S. Martinho.
FEIRAS
– recebi da feira da Benedita; recebi da feira de Alfeizerão.
Despesa
MIUDEZA
(d. em papel, tinta, limpeza de tinteiro, seguros de cartas, e remessas);
jornadas (d. em jornadas em serviço da Livraria), conduções, consertos (d. em
alguns pequenos dos ditos), ordenados (d. com o dito do criado da Livraria, e
propinas ao mesmo criado, pelas quatro festas do ano), folhetos (d. na compra
de alguns ditos, livros e folhinhas), encadernações, periódicos (d. em 25
exemplares do Defensor dos Jesuítas,
dos 5 números desde 1 a 5; em 25 dos ditos do Anti-Palinuro [Anti-Palinuro
ou Defensa que em abono dos primeiros dous números do Desengano escreve Fr.
Fortunato de Boaventura ... contra hum papel sedicioso, incendiario e blasfemo
que actualmente se espalha neste Reino, Lisboa, Imprensa Régia, 1830], e 25
do documento original; d. na subscrição da Gazeta
Hespanhola por 6 meses desde Maio a Outubro; d. mais na Gazeta Hespanhola avulsas por 2 meses de
Novembro e Dezembro [9brº e Xbrº] de 1831; na subscrição da Gazeta Hespanhola por 6 meses de Janeiro
a Junho; na subscrição da Gazeta
Portuguesa pelo ano de 1832; d. no folheto Algumas Palavras; d. em 25 exemplares do n.º 6 do Defensor dos Jesuítas; em 40 Contra Minas desde os ns. 20 a 59
inclusive; d. em 12 Desenganos, desde
o 16 até 27 inclusive; d. em 25 exemplares do Defensor n.º 70; na Sentença
dos Condenados do Regimento n.º 4; na Carta
a José Agostinho; no folheto Expedição
de D. Pedro, de Volton [A expedição de Dom Pedro ou a neutralidade em
disfarce, por Guilherme Walton, Lisboa
1832]; d. na Sentença dos
Condenados do Porto; d. no Defensor
números 8 e 9; na Carta ao Autor do
Contra Minas; d. no Voto separado da
Conferência; d. no n.º 7 da Defesa de
Portugal; d. na Besta Esfolada.
Recibo e despesa das
rendas da Livraria deste Real Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, do primeiro
de Maio de 1832 ao último de Abril de 1833, Abade Fr. Paulo Teixeira
Recibo
RECIBO
DAS RENDAS: recebi da renda de Turquel de 1831 e 1832; da dita da Maiorga; do
Valado, do Relego da Cela, da Tulha da Cela, de S. Catarina, de Alvorninha, de
Alfeizerão, de Famalicão, de Salir de Matos, da Pederneira, de Aljubarrota, de
Alcobaça; recebi mais da Propina de vinho, também de Alcobaça; do Julgado; mais
do vinho da mesma renda do Julgado; de Évora.
DIREITOS
DAS QUINTAS: recebi de dezassete almudes de vinho da Quinta do Outeiro; da
Quinta de S. Gião; de quatro alqueires de favas da Quinta do Quifel; da Quinta
da Caneira em Torres Vedras à conta do que deve; da Quinta de D. Elias; do
Casal dos Brincanos à conta dos direitos de 1829; dos direitos do vinho de 1830
do mesmo casal; dos direitos de vinho de 1832 do mesmo casal.
FOROS:
de alguns anos da Quinta de S. Martinho; r. de alguns anos do moinho do Gaio;
do moinho da Ramalhosa; do moinho de Alfeizerão; da Quinta do Outeiro; de um
moinho em Turquel de um ano e parte de outro; r. de cento e trinta alqueires de
trigo vendido por vários preços; de seis alqueires de milho; da feira da
Benedita pelos direitos que ali se cobram.
Despesa
Jornadas
(D. em ir a Torres arrendar os direitos do Prazo da Caneira; em pagar ao
Escrivão por assim se ajustar; passaporte e mais gastos), Caixões (d. na dita
de dois caixões para a Livraria, e outras pequenas ditas); foros (d. em pagar 8
anos de foros que se deviam à Ordem por ter a Livraria recebido todos os
pagamentos que pelo Prazo da Caneira se tem feito, e só lhe pertencerem os
Direitos e não os foros), cobrança (d. com o credor andando na cobrança), feira
de Alfam. [Alfeizaram] (d. em pagar ao Ministro e Oficiais que foram à dita
feira por não chegar o que ali se cobra para pagar aos ditos); ordenado ( d.
com o dito do criado da Livraria segundo o rol do M. R. M. Bibliotecário-mor
& d. com o dito do criado que foi despedido); encadernação (d. em 7 volumes
de Gazetas que se mandaram encadernar & na dita de 2 volumes de Correios do Porto & na dita de uma Bíblia Sacra); consertos (d. no dito do
gabinete da Livraria, em pedreiros, serventes, estucador, tintas e pintor &
no dito de uma banca da Livraria, e duas fechaduras), roupa (d. em dois lençóis
e um travesseiro novos, novos, e conserto de outra roupa para o criado), dívida
(d. em pagar uma dita ao encadernador que do outro triénio se lhe devia),
miudezas (d. em papel, tinta, obreias); livros (d. em alguns ditos, em
folhetos, e folhinhas); periódicos (d. no Correio
do Porto em nove meses; na subscrição da Gazeta de Lisboa para o ano de 1833; na Gazeta de Hespanha pelos 6 meses até Dezembro de 1832; na
subscrição da mesma Gazeta pelos 6 meses de Janeiro a Junho de 1833; d. na Contra Mina, n.º 60, e 5 exemplares dos Defensores e números 10, 11, e 12).
Em observância da comissão do N.
Ilustríssimo Senhor D. Abade geral e Esmoler Mor posta no princípio deste
livro… nomeei e rubriquei este mesmo livro que consta de noventa e uma meias
folhas que todas levam o meu sobrenome = Moraes = de que uso. Alcobaça, 22 de
Janeiro de 1812.
[assinatura: Fr. Francisco de
Morais].
O
Livro das Contas da Livraria apresenta-nos um registo meticuloso das receitas
da Livraria ou Biblioteca, e das despesas que ela teve de suportar. Dos dados
apresentados, negligenciamos parcelas incomuns (como o dinheiro vindo da
Bolsaria do Mosteiro para a Livraria em 1812 ou o reembolso efetuado no ano de
1824) ou as somas cumulativas de cada triénio. As cifras mais sumárias, as
receitas e despesas de cada ano, transpusemos para o quadro infra. No
primeiro triénio (1810-1812), as despesas e o balanço são apresentadas no
conjunto dos três anos.
ANOS
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RECEITA
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DESPESA
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1810
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205$820
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1811
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460$290
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225$391
(dos 3 anos)
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1812
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692$01
|
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1/05/1813 a
30/04/1814
|
713$160
|
218$085
|
1/05/1814 a
30/04/1815
|
731$320
|
197$910
|
1/05/1815 a
30/04/1816
|
584$570
|
880$020
|
1/05/1816 a
30/04/1817
|
733$565
|
471$200
|
1/05/1817 a
30/04/1818
|
798$650
|
201$480
|
1/05/1818 a
30/04/1819
|
590$440
|
351$035
|
1/05/1819 a
30/04/1820
|
707$740
|
339$040
|
1/05/1820 a 30/04/1821
|
558$650
|
292$235
|
1/05/1821 a
30/04/1822
|
396$260
|
213$715
|
1/05/1822 a
30/04/1823
|
260$065
|
234$070
|
1/05/1823 a 30/04/1824
|
412$600
|
203$750
|
1/05/1824 a
30/04/1825
|
608$160
|
307,475
|
1/05/1825 a
30/04/1826
|
534$015
|
151$285
|
1/05/1826 a 30/04/1827
|
641$140
|
614$395
|
1/05/1827 a
30/04/1828
|
1003$350
|
1092$965
|
1/05/1828 a
30/04/1829
|
498$900
|
720$915
|
1/05/1829 a 30/04/1830
|
586$230
|
427$385
|
1/05/1830 a
30/04/1831
|
555$470
|
1072$445
|
1/05/1831 a
30/04/1832
|
514$875
|
91$015
|
1/05/1832 a 30/04/1833
|
718$250
|
140$645
|
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