sábado, 13 de setembro de 2014

O porto de Alfeizerão num roteiro italiano de 1576

No ano de 1576 é publicado em Veneza uma obra do geógrafo e teólogo italiano Giovanni Lorenzo d’Anania (1545-1609) com um título extenso: L' vniuersale fabrica del mondo, ouero Cosmografia di M Gio. Lorenzo d'Anania, diuisa in quattro Trattati: ne' quali distintamente si misura il Cielo, e la Terra, & si descriuono particolarmente le Prouincie, Città, Castella, Monti, Mari, Laghi, Fiumi, & Fonti. Et si tratta delle Leggi, & Costumi di molti Popoli : de gli Alberi, & dell'Herbe, e d'altre cose pretiose, & Medicinali, & de gl'inuentori di tutte le cose, Di nuouo posta in luce, Con privilegio”.


No primeiro tomo da obra, faz uma descrição dos principais portos de Portugal (“Portogallo”), entre os quais nos surge Alfeizerão e Pederneira. Transcrevo um trecho do original de Lorenzo d’Anania e uma “tradução” para português na qual atualizei a grafia e os topónimos mencionados para simplificar a leitura.

Giovanni Lorenzo d’Anania escreveu:

«(…) Vedesi por Viana, Possende, Villa del Conde, & poco discosto sbocca il Doro, maggior fiume di Spagna, il quale nascendo appresso Moncaio, prende tanti fiumi, che fattosi alla sembianza d'un stretto di mare, rende il debito all Oceano à canto à Porto, laquale é una città, dove hora si lavorano finissime arme: quindi si passa à San Giovanni della Fos, Hovar, & Avero; onde si parte ogni anno la flotta di molte navi, che và à pescare i Baccallai à Terra Nuova. Segue appresso Boarco su la bocca del Mondego, Pedernera, Alfizzaraona, Ataguia, & Pignieri: al cui rincontro si scuopre l'isola Barlinga, detta anticamente Landobria (…)».

O que, numa tradução, insegura como a Leonor do poema de Camões, cheguei ao que se segue:

«(…) Vem-se por Viana, Esposende, Vila do Conde e, pouco distante, desemboca o Douro, o maior rio de Espanha, que nasce abaixo de Moncaio, e recebe muitos rios que lhe dão a aparência de um estreito, e rende o débito das suas águas ao Oceano a um canto do Porto, a qual é uma cidade, onde se trabalha agora numa armada muito boa; em seguida passa-se a S. João da Foz, Ovar e Aveiro, de onde todos os anos parte uma frota de muitos navios que vão pescar bacalhau à Terra Nova. Segue, perto, Buarcos, sobre a boca do Mondego; Pederneira, Alfeizerão, Atouguia, e Peniche, em cujas águas se descobre a Ilha Berlenga, chamada [ou dita] antigamente Landobriga (…)»

Em rodapé, exibo a folha de rosto da obra (edição de 1582), e uma "snapshot" do trecho citado.

A obra pode ser encontrada na Web, digitalizada pelo Google.









José Eduardo Lopes

Sem comentários:

Enviar um comentário