quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Apontamentos vários sobre a génese da (hoje antiga) Escola Primária de Alfeizerão


A Educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida”.

(Séneca)


REGISTADO EM ACTA UM OFÍCIO À C. M. A. SOBRE O PROPÓSITO DE CONSTRUIR UMA ESCOLA NA SEDE DA FREGUESIA

«Foi resolvido enviar à Câmara o seguinte ofício. Uma das maiores aspirações da Junta desta freguesia é a realização da construção da Escola para exercícios escolares, visto que aquelas que aqui existem não terem condições pedagógicas, a não ser para o atrofiamento das criancinhas. Conta esta junta para a sua realização, com a venda de baldios paroquiais, de uso comum dos povos, para o que o Código Administrativo lhes dá essa atribuição e ainda com o auxílio e boa vontade da Exma. Câmara Municipal».

(Livro de Actas n.º 11, fólio 3v, Acta da sessão ordinária de 8 de Março de 1926, Arquivo da J. F. A., Alfeizerão)

 

ASSINALADA A POSSIBILIDADE DE ENCERRAMENTO DA ESCOLA OFICIAL EM ALFEIZERÃO, POR FUNCIONAR EM CASA ARRENDADA E ESTAR PREVISTO UM AUMENTO DA SUA RENDA

«Foi presente um ofício n.º 148 de vinte de Março [1926] dirigido ao presidente da Junta desta Freguesia em que lhe comunicava e lhe pedia o favor de transmitir aos mais vogais desta Junta de Freguesia, que a comissão executiva desta freguesia acaba de ser notificada pelo cidadão J. A. F., por intermédio do advogado, Exmo. Senhor Doutor Mário de Pina Cabral, no sentido de passar a ser feito, na importância de 25$91 centavos mensais o pagamento da renda da casa da escola oficial desta localidade, pela qual actualmente é paga a importância de 6$25 centavos, também mensalmente, diz ainda mais, não desejando a Câmara executiva da sua presidência ficar com o mínimo sequer de responsabilidade quanto ao facto bem possível de dar-se num futuro próximo, de Alfeizerão ficar sem a sua escola oficial, por motivo de falta de casa».

(Livro de Actas n.º 11, fólio 4r, Acta da sessão ordinária de 9 de Março de 1926, Arquivo da J. F. A., Alfeizerão)

 

MENÇÃO DE UM SUBSÍDIO INICIAL DA CÂMARA PARA A CONSTRUÇÃO DA ESCOLA PRIMÁRIA

«Foi presente o ofício n.º 654 de 26 de Outubro da Comissão Administrativa da Câmara deste Concelho, em resposta ao nosso ofício n.º 25 de 24 de Outubro, informando-nos que a Comissão Administrativa da Câmara resolveu, em sessão de vinte e cinco, incluir a verba de seis mil escudos ao pedido de subsídios que vão dirigir ao Exmo. Ministro da Instrução, para o efeito de auxiliar a construção de um edifício escolar na sede desta freguesia».

(Livro de Actas n.º 11, fólio 10v, Acta da sessão ordinária de 10 de Novembro de 1926, Arquivo da J. F. A., Alfeizerão)

 

INICIATIVA DA JUNTA DE SOLICITAR UMA AJUDA PARA A OBRA A TODOS OS FILHOS E AMIGOS DE ALFEIZERÃO

«Também resolveu esta Comissão escrever uma Carta a todos os filhos e amigos de Alfeizerão, mesmo que estejam residindo nas nossas possessões ultramarinas e no estrangeiro, pedindo-lhes o seu auxílio a favor da nossa terra para a construção de uma casa de escola de que tanta necessidade temos para a educação de tantas crianças de idade escolar; destas cartas se fará uma cópia de que se mandarão imprimir 500 exemplares para serem distribuídos».

(Livro de Actas n.º 11, fólio 12v, Acta da sessão ordinária de 8 de Dezembro de 1926, Arquivo da J. F. A., Alfeizerão)

 

MINUTA DA CARTA AO ARQUITECTO CHEFE DAS CONSTRUÇÕES ESCOLARES, A PEDIR UMA PLANTA PARA A FUTURA ESCOLA

«Ex.mo Senhor Arquitecto Chefe da Repartição das Construções Escolares – Ministério da Instrução

Lisboa


«Tendo a Comissão Administrativa da Junta de Freguesia a que tenho a honra de presidir, deliberado dar começo a um edifício escolar na sede desta freguesia, venho solicitar a V. Ex. a cedência de uma planta para dois lugares de professor, o exemplo mais simples oficialmente aprovado, comprometendo-me a devolvê-la logo que não seja precisa ou no prazo que seja por V. Ex.cia designado.

Saúde e Fraternidade

O Presidente da Comissão Administrativa

Alfeizerão, 9 de Maio de 1927

[Arquivo da J. F. A., Caixa 2]

 

APRECIAÇÃO FAVORÁVEL PELA JUNTA DO PROJECTO E MEMÓRIA DESCRITIVA CEDIDOS PELA REPARTIÇÃO DAS CONSTRUÇÕES ESCOLARES

«Foi pelo presidente apresentada em sessão a planta, projecto oficial, memória descritiva e detalhes para a construção de uma escola para dois lugares de professores, na sede desta freguesia, que em sessão de vinte e sete de Abril último foi resolvido pedir ao Exmo. Senhor Arquitecto Chefe das Construções Escolares. Foi resolvido agradecer a Sua Excelência o envio da mesma planta, projecto, etc. Apreciada devidamente por esta Comissão Administrativa a planta/projecto oficial/memória descritiva e seus detalhes, foi aprovada por unanimidade, por representar a obra que ambicionamos, modéstia e elegância (sic)».

(Livro de Actas n.º 11, fólio 18v, Acta da sessão ordinária de 25 de Maio de 1927, Arquivo da J. F. A., Alfeizerão)

Comissão Administrativa da

Junta de Freguesia de Alfeizerão

 

 

 

 

Condições para as empreitadas da

Escola Primária de Alfeizerão

 

1.º O empreiteiro ou empreiteiros tomam a responsabilidade de cumprir integralmente a planta, memória descritiva e condições gerais expostas no orçamento e caderno de encargos assinado pelo construtor civil, Sr. Alberto Rodrigues Aurélio, do que se lavrará um auto assinado pela Junta, empreiteiro e duas testemunhas abonatórias.

2.º As arrematações são em três lotes abaixo designados.

3.º Secção de Carpinteiros.

         Soalhar, dividir em tabiques as divisões existentes no projecto, fasquiando de um e outro lado; e ainda aumentar um tabique devidamente fasquiado a fazer a divisão do gabinete indicado no projecto, pois que, sendo a escola para dois lugares de professor, dois têem de ser os gabinetes.

         Enfim, respeitar todas as condições gerais dos trabalhos e orçamento.

4.º Secção de Pedreiros

         Acabamentos em limpos do Edifício Escolar, alpendre, aperfeiçoamento dos vãos, colunas e enfeites em cimento armado, e construção do telheiro do recreio. Respeitar todas as condições dos trabalhos e orçamento.

5.º Secção de Pinturas

         Estuques, pinturas, vidros e sua colocação em conformidade com a memória descritiva e orçamento.

6.º Empreitadas

         No caso que apareçam duas ou mais propostas iguais, haverá licitação pública após a abertura das propostas.

7.º Reserva-se a esta Comissão Administrativa a faculdade de não aceitar as propostas, no caso que convenham aos seus interesses

8.º Pagamentos

         Os pagamentos das empreitadas são divididos em três prestações assim designadas.

                   1.ª A quarta parte da importância quando as obras estiverem a meio (metade).

                   2.ª Prestação igual quando as obras estiverem em três quartas partes.

                   3.ª (Última) Quando as obras das respectivas empreitadas estiverem concluídas e após a vistoria feita por técnicos ou técnico.

9.º Reserva-se o direito a esta Comissão Administrativa, quando o julgar conveniente, mandar examinar os serviços por técnico competente.

10.º Prazos para conclusão de empreitadas.

         Secção de Pedreiros e Carpinteiros. As suas empreitadas devem ficar concluídas em 31 de Maio de 1930, o máximo, podendo começar desde a confirmação da sua adjudicação. Secção de Estuques e Pinturas, até 30 de Junho de 1930.

         Terminados os prazos acima indicados e as obras não estejam concluídas, perdem os respectivos empreiteiros ou empreiteiro da secção em falta, a quantia [üde dez escudos (10$00) diários a favor do cofre da Junta até á conclusão das respectivas obras].

Sala das Sessões da Junta de Freguesia

Alfeizerão, 31 de Outubro de 1929

O Presidente

João Augusto Ferreira

Os Vogais

António de Matos

João da Silva Santos

 

[Arquivo da J. F. A., Caixa 2]

 

 

Nota: As empreitadas foram atribuídas da seguinte forma na sessão extraordinária da Junta de 1 de Dezembro de 1929:

- Secção de pedreiros a António Prudêncio Luís.

- Secção de estuques e pinturas ao mesmo António Prudêncio Luís.

- Secção de carpinteiros, a Joaquim dos Santos Bernardes e Joaquim Duarte Grilo.

(Livro de Actas n.º 11, f. 51r, Arquivo da J. F. A , Alfeizerão)

 

 

CÓPIA DE UMA CARTA DIRIGIDA AO DIRECTOR GERAL DE INSTRUÇÃO PÚBLICA SOBRE UM SUBSÍDIO PARA A CONCLUSÃO DA OBRA

S . R. [Serviço da República]

Ilustr. e Exmo. Sr.

Director Geral de Instrução Publica

                                               Lisboa

Exmo. Sr.

         No ofício de V. Ex.ca de 5 de Julho de 1928 dirigido a esta C. A. [Comissão Administrativa] da Junta de Freguesia, em resposta ao pedido de um subsídio para a conclusão da nossa escola primária em construção, começada com o produto de uma subscrição pública e com o auxílio da Câmara Municipal d’Alcobaça e notadas as disponibilidades desta Junta para esse fim, dizia-me o seguinte:

“Sob proposta da Repartição das Construções Escolares, que obteve despacho favorável, vai a pedido dessa Junta ser registado [o] seu respectivo mapa para ser atendido logo que haja qualquer distribuição de subsídios para construções escolares”.

Temos conhecimento de que tem sido distribuído ultimamente alguns subsídios para o referido fim e [temos] ansiosos tempos esperado a realização do nosso prometimento.

Como não pode haver pedido mais justo que o nosso, visto termos apurado no último recenseamento escolar 435 crianças com idade escolar nesta freguesia e as escolas que existem, nem este nome se lhe pode dar, pois o merecem [o nome] de pardieiros, não comportam mais da quarta parte das criancinhas.

         Venho novamente solicitar de V.a Ex.ca o grande favor de nos ser concedido o subsídio para a sua conclusão, pelo que pratica um alto benefício a favor das criancinhas, e para o que o nosso reconhecimento não tem limites.

Desejando a V.a Ex.ca

Saúde e Fraternidade

O Presidente da C. A. da Junta de Freguesia

João Augusto Ferreira

Alfeizerão, 28 de Março de 1929

[Arquivo da J. F. A., Caixa 2]

ACTA DA JUNTA DE FREGUESIA QUE FIXA O HISTÓRICO MOMENTO:

 

«Aos onze dias do mês de Maio do ano de mil, novecentos e trinta e dois, pelas catorze horas, reuniu-se em sua sessão ordinária a Comissão Administrativa da Junta de Freguesia de Alfeizerão, concelho de Alcobaça. Em conformidade com o que foi resolvido entre a Comissão Administrativa da Câmara Municipal e a Comissão Administrativa da Junta de Freguesia, no dia oito de Abril, como consta da acta de 10 do referido mês, realizou-se no dia 8 de Maio a inauguração solene do chafariz e marco fontanário para abastecimento de águas, digo, águas potáveis, na sede da freguesia, e ainda do edifício Escolar. A inauguração destes importantes melhoramentos que tantos benefícios traz á freguesia, correram com o melhor brilhantismo e entusiasmo, não só manifestado pela Comissão Administrativa da Junta de Freguesia, que viu neste dia a realização da sua iniciativa, como por todas as pessoas que nos honraram com a sua vinda aqui para este fim!

«Neste número fez parte o Exmo. Sr. Governador Civil de Leiria e de Beja, o Inspector Chefe da Região Escolar, o Presidente da Junta Geral do Distrito, representantes da Câmara de Leiria, administradores dos concelhos de Leiria e Marinha Grande, representantes da liga do 28 de Maio de Leiria, o Delegado Marítimo, Comissão de Iniciativa, Junta de Freguesia, Comando dos Bombeiros, etc., etc., de São Martinho do Porto, Comissão de Iniciativa de Alcobaça, o Exmo. Sr. Engenheiro Alves Costa, professores oficiais, etc., etc., assim como a Exma. Câmara Municipal do nosso concelho composta de todos os seus membros, que bem manifestaram o carinho e atenção que dispensaram a estes melhoramentos, e por isso a satisfação íntima da sua inauguração!

«Além das pessoas citadas, muitas pessoas em representação social de São Martinho, Alcobaça, Nazaré, Caldas da Rainha, Marinha Grande e Lisboa, nos honraram com a sua vinda aqui para este fim. Também todas as pessoas de maior representação social desta freguesia, assim como os povos da sede da freguesia e lugares, compareceram em grande número para abrilhantar a festa da inauguração, uma das mais importantes que aqui se tem realizado. Também o dilecto filho desta freguesia, Capitão-aviador Sérgio da Silva, veio no seu avião fazer diversas evoluções sobre esta terra, associando-se assim aos mesmos festejos e na retirada deixou cair uma carta de saudações e felicitações para a Junta de Freguesia e Câmara Municipal! Para a inauguração da Escola constituiu-se uma sessão solene a que presidiu o Exmo. Sr. Governador Civil do Distrito, secretariado pelos senhores Governador Civil de Beja e Inspector Chefe da Região Escolar. Sendo-lhe dada as boas vindas e agradecimento de assistirem ao acto pelo Presidente da Junta. Falaram diversos oradores, entre os quais, um brilhante discurso do Exmo. Sr. Governador Civil, foi ouvido com grande prazer, terminando por o senhor Inspector Chefe, em nome do senhor Ministro da Instrução, declarou inauguradas as escolas.

«Terminado este acto, seguiu-se a inauguração do marco fontanário e chafariz, sendo convidados para cortar as fitas que envolviam as torneiras, pelo presidente da Junta, o Exmo. Sr. Governador Civil do Distrito, o Presidente da Comissão Administrativa da Câmara, e dando este senhor o seu lugar ao Exmo. Sr. Governador Civil de Beja. No final destas cerimónias, numa das salas da escola, realizou-se uma festa íntima com o Porto de Honra que correu com um grande brilhantismo, pelo que a Comissão Administrativa da Junta de Freguesia se orgulha em ser bem sucedidas todas as suas iniciativas. Abrilhantou estas festas sem a menor remuneração a magnífica Banda de Alcobaça, acedendo assim a um convite feito pela Exma. Câmara Municipal. Foram recebidos neste dia pelo Presidente da Junta diversas cartas e telegramas de filhos e amigos desta terra, felicitando a Junta por esta forma visto o não poderem fazer pessoalmente; de entre estas destaca-se o telegrama do Exmo. Sr. Capitão Matias, ilustre filho desta terra, que diz o seguinte: “Agradeço convite assistir hoje inauguração melhoramentos locais. Não podendo comparecer, felicito por este meio Comissão e povo nossa freguesia pelo bom êxito, trabalhos realizados honram Comissão vossa presidência”. Foi presente o ofício n.º 368 do senhor Presidente da Câmara com data de 10 do corrente em que nos dá conhecimento de que por meio do ofício do Exmo. Sr. Governador Civil o acabava de encarregar de transmitir á Comissão Administrativa da Junta os melhores agradecimentos pela forma que sua Exa. tinha sido recebido em Alfeizerão em dia 8 do corrente, como o quanto lhe foi grato constatar a acção da Junta de Freguesia, pela qual o Inspector Chefe do Distrito testemunha o devido e público louvor!! (...). E não havendo mais nada a tratar, pelo presidente foi encerrada a sessão, a qual vai ser assinada por ele e vogais presentes.

O Presidente

João Augusto Ferreira

Os Vogais

João da Silva Santos

António de Matos

O secretário

Joaquim da Silva Rodrigues


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