quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Domingas Maria

 


A presença dos soldados napoleónicos na região de Alcobaça no último mês de 1810 e ao longo do primeiro trimestre de 1811 traduziu-se por uma verdadeira mortandade originada pela fome, pela doença e por mortes causadas diretamente pelo invasor. O facto de muitos párocos terem procurado abrigo em Lisboa e em outros redutos protegidos, como lhes fora superiormente ordenado, obsta a que tenhamos um conhecimento rigoroso dessa tragédia, ressalvando-se parcialmente para tal os minuciosos registos paroquiais de óbito das freguesias de Alfeizerão e, sobretudo, de Pataias.

Nas outras paróquias da região, há casos em que os registos paroquiais sofrem um interregno ao tempo da presença do invasor ou são lavrados na ocasião ou posteriormente e em retrospetiva, com alguns assentos pontuais a assinalar as tragédias desse período. Como exemplo, transcrevemos o único assento paroquial explícito na freguesia de São Sebastião do Vimeiro:

 

<Gaio, Domingas Maria>

Aos doze dias do Mez de Março de mil e oito centos e onze se deu a sepultura a Domingas Maria, Solteira, do Gaio, dentro do Alpendre desta Igreja de S. Sebastião do Vimeiro, foi morta pellos Francezes; sem Sacramentos. E para constar fiz este Assento. Mez, e Era ut supra.

O Vigário Francisco da Silva Rebello

 

(ADLRA, IV/26/C/58 – Registos de óbito da freguesia do Vimeiro: 1760-1860, f. 125r)

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