Em 1917, num período histórico marcado pela questão religiosa
e pela atmosfera de positivismo e anticlericalismo que se respirava na Primeira
República, Vitorino Froes dirige um telegrama e uma carta a António José de
Almeida, que preside ao governo do 13.º governo republicano, a fim de conseguir autorização
para que se pudesse realizar a procissão do Santo Amaro. António José de
Almeida seria eleito Presidente da República dois anos mais tarde.
Transcrição da: “Carta de Vitorino Froes para o Presidente
do Ministério e Ministro das Colónias, António José de Almeida, solicitando
autorização para a organização de festa popular” (Museu da Presidência da
República, APAJA/Cx192/056)
[Resp. em 15-1-17]
Ex.mo Il.mo Snr.
e Meu amigo –
Tomei hontem a liberdade de telegrafar e V. E.Cia
a pedir o especial favor de solicitar do Exmo Ministro do Interior a
autorização para sahir a procissão que todos os annos se costuma fazer na minha
terra, no dia 15 do corrente, dia da tradicional festa que todos os filhos d’esta
freguesia d’Alfeizerão festejam com alegria.
O regedor ultimamente nomeado é um dramático pedreiro, que
parece [?] impossível que huma terra que tem quatro mil habitantes esteja
debaixo dos caprichos d’um figurão d’esta natureza, o unico que se julga ofendido
com este acto religioso que há seculos se faz com toda a pompa e que a ninguém
prejudica.
De V. E.cia com toda a consideração e muita
estima
Alfeizirão, 13-1-17
Victorino Froes