segunda-feira, 18 de outubro de 2021

O primeiro casamento na capela do Valado (ano de 1737)

 


A capela de Santa Quitéria, no Valado, foi erigida «com provizão de Sua Eminência de doze de Junho de mil e sete sentos e trinta», como descreve o pároco de Alfeizerão em 1758, o Dr. Manuel Romão (ANTT, Memórias paroquiais, vol. 2, nº 53, p. 468). É a partir daí que, naturalmente, se afirma o topónimo Valado de Santa Quitéria, quando antes era referido apenas como Valado, lugar do Valado ou Casal do Valado. A capela é muitas vezes designada nos documentos por “ermida de Santa Quitéria”, tomada apenas como sinónimo de templo ou capela e não por se situar num lugar ermo porque, tal como a “ermida do Espírito Santo” em Alfeizerão, a capela fora erguida no coração da próspera povoação.

Evocamos aqui a primeira cerimónia de casamento aí realizada no ano de 1733; o padre Manuel do Couto que celebra esse matrimónio com licença do prior, tem as suas raízes nessa terra, como se percebe por alusões a familiares seus nos assentos paroquiais de Alfeizerão, como exemplo, o seu tio Domingos do Couto do Valado, de quem foi testemunha testamentária (Arquivo Distrital de LeiRiA, IV/24/C/11, Registos de óbito da freguesia de Alfeizerão: 1666-1747, fl. 109r).

Na transcrição desse assento de casamento, introduzimos alterações mínimas na grafia de algumas palavras.   


1737, Fevereiro, 25, Valado – Assento de casamento de António Luís e Maria Pereira

(ADLRA, IV/24/B/52, Registos de casamento da freguesia de Alfeizerão: 1660-1761, fl. 69r)


António Luís, solteiro, filho de João Luís e de sua mulher Domingas Luís, moradores que forão no lugar dos Mosqueiros e Maria Pereyra, solteira, filha de Manoel Pereyra e de sua molher Joanna Maria do lugar do Valado, todos desta freguezia de S. João Baptista desta villa de Alfeizerão, se Receberão por palavras de prezente na forma do C. [Concílio] Tridentino e Constituição deste Patriarcado de Lisboa Occidental, precedendo as tres denunciações sem impedimento, na prezença do Reverendo Pe. Manuel do Couto desta vila de minha licença, e na prezença de Lucas Fialho e Antonio Pereyra e de muita parte do povo em a Ermida da Nossa Sta. Quiteria do Valado, com licença por escrito do Reverendo Dr. Vigário Geral de Óbidos, do que fiz este assento que assignei, e declaro se Receberão em os vinte e sinco dias do mês de Fevereiro de mil e sete centos e trinta e sete annos. Alfeizerão, dia, mês, Era ut supra.

O Prior e Vigario Dr. Manuel Romão

[rubricas das testemunhas]